sexta-feira, 24 de julho de 2015



24 de julho de 2015 | N° 18236
EDITORIAIS

O ENSINO E A VIDA REAL


A educação formal pode estar se distanciando cada vez mais da realidade dos jovens brasileiros, como revela pesquisa sobre o currículo escolar, da Fundação Lemann e da ONG Todos pela Educação. Os resultados do estudo têm a força de denúncia: estudantes que concluem o Ensino Médio têm dificuldades que seriam compatíveis com alunos do Ensino Fundamental, e as deficiências não se restringem às questões relacionadas com disciplinas consideradas essenciais, como matemática e português.

A pesquisa expõe outras limitações preocupantes, como a incapacidade média dos jovens de se sentirem prontos para interagir no ambiente do trabalho e se comportar em grupo. É o que os pesquisadores chamam de deficiências das habilidades socioemocionais. 

Isso significa que a escola, além de questionada sobre o cumprimento da tarefa de ensinar o básico, não consegue formar jovens em condições de enfrentar o mundo do trabalho. O que impressiona é que foram entrevistados ex-estudantes de 21 e 22 anos, que tiveram notas acima da média no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

A amostragem foi complementada por entrevistas sobre a percepção que professores universitários e empresários – que convivem com os jovens – têm de suas performances depois da conclusão do Ensino Médio. 

A novidade do estudo é a conclusão de que os pesquisados não conseguem se expressar plenamente e enfrentam dificuldades de raciocínio lógico, inclusive para resolver problemas do cotidiano incorporados às suas rotinas. A pesquisa evidencia a urgência da reavaliação de estruturas, sistemas e métodos, para que o ensino brasileiro finalmente seja capaz de lidar com habilidades e competências conectadas com a vida real.

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