28 de julho de 2015 | N° 18240
LUIS AUGUSTO FISCHER
PRIMEIRAS IMPRESSÕES
Climática: o frio gaúcho começa pelos ombros e daí irradia para o corpo todo. Ao menos este frio molhado, inundado, flagelante.
Auditiva: como a gente fala alto! E como há pouca delicadeza na nossa fala! Custava muito acrescentar um “por favor” e um “obrigado”?
Visual: tem muita gente acima do peso. Muita. Uma simples ida ao súper é suficiente para deixar ver a quantidade de gente que poderia ser mais elegante, se se cuidasse minimamente, se caminhasse mais, se comesse menos bobagem. Sei, não é todo mundo que pode emagrecer fácil, mas olhando o conjunto é impressionante a superpresença de gordos e gordinhos, em comparação com a impressão que a Europa proporciona ao olhar desprevenido e leigo, como o meu.
Urbana: sério que ainda não terminaram as obras viárias da Copa do ano passado? Nem as do corredor da Protásio Alves, que não precisam detonar pedras e rochas, mas simplesmente concretar a pista? Alguma explicação?
Política: o que me pergunto é como podem dormir em paz os agentes públicos com essa paralisia. Um ano inteiro e na Carlos Gomes os mesmíssimos cones laranjas marcando o início iminente de uma obra que ainda não iniciou. Sinto vergonha, bem isso, vergonha.
Ética: o Brasil, que inclui, por menos que se goste, o Rio Grande amado, é o país da impunidade geral. Peguemos o caso do corredor da Protásio: por que ele não foi concluído, nem digo para a Copa do ano passado, mas enfim concluído em algum prazo razoável?
Municipal: não estou falando do prefeito ou de algum secretário, mas de todos os agentes com ação pública. Digamos, não sei se foi o caso concreto, mas digamos, para argumentar, que a empreiteira que ganhou a demorada, minuciosa, a hipoteticamente perfeita licitação falhou na execução. Ela foi punida? Se não foi, por que não foi? Alguém tinha que ter agido e não agiu para puni-la? Ou foi a lei branda que permitiu empurrar tudo com a barriga? E, no caso de lei branda, com dormem em paz os deputados ou vereadores que a legitimam?
Estética: “A mim já me bastava que o prefeito desse um jeito na cidade da Bahia”, cantava o Caetano Veloso uns anos atrás. Seria um começo.
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