21 de julho de 2015 | N° 18233
ENTREVISTA DAVID GARRETT, Violinista
“Os fãs são uma inspiração”
O violinista alemão David Garrett é um dos casos curiosos de
artista formado na tradição da música de concerto que decide trilhar um caminho
no universo pop. Hoje, ostenta o status de uma verdadeira estrela. Sua trajetória
é inusitada: aos 13 anos, assinou um contrato com o prestigiado selo Deutsche
Grammophon, especializado em música clássica, pelo qual gravou obras de Mozart,
Beethoven e Paganini. Virtuoso (2007) marcou uma guinada, com clássicos,
composições próprias e Metallica. Seguiu-se Encore (2008), outro sucesso, que
consolidou seu trabalho crossover, como é chamada a mistura de clássico e
outros gêneros. Mas o violinista não deixou de gravar e tocar o repertório de
concerto, como mostra Timeless (2014), com obras de Brahms e Bruch. Ele
conversou com ZH por telefone, da Alemanha, em um intervalo da Classic
Revolution Tour, que traz a Porto Alegre em show hoje, às 21h, no Auditório Araújo
Vianna.
Você pode adiantar como será o show em Porto Alegre?
Farei uma mistura de show crossover com concerto clássico. Obviamente,
tocarei com minha banda. Então, haverá rock’n’roll, clássico, um pouco de pop,
um pouco de electro. Será um programa divertido, com muita coisa nova que
arranjei e comecei a tocar recentemente na turnê. Então, haverá muita coisa que
não está sequer nos CDs.
Poderia citar alguns títulos?
Costumamos tocar músicas como Baila Me (Gypsy Kings), Born
in the U.S.A. (Bruce Springsteen), Fuel (Metallica); Carmina Burana (Carl Orff),
Livin’ on a Prayer (Bon Jovi) e We Are the Champions (Queen). Paradise, do
Coldplay, também é um número legal. Então, será um programa bastante misturado.
Haverá alguma surpresa para o público brasileiro?
Tento integrar algumas peças da cultura latino-americana,
porque acho que cria uma melhor conexão com o público.
Você tem compositores brasileiros favoritos?
Toco um pouco de música brasileira, mas não sou um expert. Uma
das minhas atividades preferidas é sair e experimentar um país quando estou lá.
A única coisa é que não fui muito ao Brasil (risos). Estive aí uma vez por dois
dias para tocar em um concerto clássico (em 2007, tocando o Concerto para
Violino nº 1, de Prokofiev, com a Orquestra Petrobras Sinfônica, no Rio). Espero
desta vez ter tempo suficiente para realmente experimentar e aprender.
Muitos de seus admiradores são fanáticos, como os fãs das
estrelas do rock. Como você se sente?
Eu me sinto muito bem. No final, você está tentando criar
uma noite legal. Então, se as pessoas aparecem, você fica muito feliz como
artista. Quando você é musico, obviamente, o mais importante é entregar um
produto de qualidade. Mas os fãs são uma grande inspiração e motivação para me
manter sempre em movimento e criar a próxima grande coisa.
Como você vê a diferença entre o público da música clássica
no sentido tradicional e o que vai a shows crossover?
Não vejo que os dois públicos sejam tão diferentes. Se você entregar
um produto de qualidade na música clássica, o público pode ficar tão fanático
quanto qualquer outro (risos). O que é muito óbvio é que há muitos jovens
aparecendo nos meus shows, o que aprecio muito. Isso ocorre, em parte ou
principalmente, porque comecei a tocar, também, shows crossover.
Você começou tocando o repertório clássico tradicional. Como
decidiu percorrer uma trajetória no crossover?
É um caminho adicional. É preciso entender que ainda toco
muitos concertos clássicos. Lancei um disco clássico com obras de Brahms e
Bruch. Para mim, é importante estar nos dois mundos simultaneamente. A coisa
crossover era para atrair jovens, explicar a música para plateias jovens. Não é
uma mudança na minha carreira, mas uma soma.
Está preparando algum novo disco?
Sim, devo lançar algo em outubro. O próximo álbum será de
crossover, mas principalmente com músicas originais escritas por mim. Estou
muito empolgado para ver se os fãs vão gostar ou não.
FÁBIO
PRIKLADNICKI
DAVID
GARRETT CLASSIC REVOLUTION TOUR
Hoje, às 21h. Classificação: livre.
Auditório Araújo Vianna (Osvaldo Aranha, 685), em Porto
Alegre.
Ingressos: R$ 260 (plateia alta central) e R$ 310 (plateia
baixa lateral). Demais setores estão esgotados. Desconto de 25% para sócio e
acompanhante do Clube do Assinante e 50% para idosos e estudantes.
À venda na bilheteria do Teatro do Bourbon Country (Túlio de
Rose, 80), a partir das 14h, pelo site ingressorapido.com.br, pelo call center 4003-1212
e pela telentrega no telefone (51) 8401-0555).
2CELLOS vem aí em outubro
Fenômeno no YouTube, a dupla croata 2CELLOS também tem
ganhado fãs com sua mistura de clássico e outros gêneros. Os violoncelistas
Luka Sulic e Stjepan Hauser se apresentam em 1º de outubro, no Auditório Araújo
Vianna.
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