segunda-feira, 13 de julho de 2015



13 de julho de 2015 | N° 18225 
MOISÉS MENDES

O meio negro Teló

Não faz muito tempo, professores pintavam o rosto dos alunos para que brancos representassem negros em teatros da escola. Sim, aqui mesmo, no Brasil. Os brasileiros eram imitadores ingênuos da “técnica” do blackface dos americanos e suas caricaturas do início do século 20 do que seriam os rostos e os jeitos dos negros. Reproduzia-se a visão grotesca de racistas e, mais tarde, de nazistas e assemelhados, sempre sob o pretexto de que era humor.

Na semana passada, o cantor Michel Teló enfrentou a ira da internet porque pintou metade do rosto de preto. Desejava, simbolicamente, ficar 50% negro. Coitado do Teló. Alguns torceram para que ele fosse comido vivo pelos jacarés das fazendas dos amigos cantores sertanejos do Pantanal. Os justiceiros disseram que isso era blackface.

Que bobagem. Poucos sabem o que é blackface. Teló só quis ser bom rapaz. Eu, enquanto mameluco, não me sinto ofendido. Por mim, ele poderia até pintar a outra metade do rosto de azul, deixando só o pescoço branco. Um Teló TricolorFace. Mas aí não sei se os colorados iriam gostar. Que tempos.

Teremos nesta semana o depoimento do empreiteiro Ricardo Pessoa ao Tribunal Superior Eleitoral. Esperam que o delator da UTC confirme que o dinheiro das doações ao PT era de propina, mesmo que registrado legalmente. Já as doações aos outros partidos seriam de dinheiro limpo e desinfetado.

O dinheiro pasteurizado era doado apenas como manifestação de simpatia a algum político amigo, sem o menor interesse. Pura benemerência. Já dinheiro enlameado corrompia políticos que um dia poderiam retribuir o mimo com algum favor, superfaturamentos e aditivos.

Ficará para a História. Saberemos finalmente como, na hora do agrado, as empreiteiras separam o dinheiro imaculado do dinheiro corrompido. Deve ser mais fácil do que fazer o carro sem motorista do Google andar sozinho. Pessoa terá que nos dizer qual é a técnica usada, ou a delação ficará pela metade.

Os cínicos dos subterrâneos das empreiteiras não podem subestimar a inteligência média dos brasileiros. E muito menos – espera-se – os aparatos da Justiça.

As pesquisas informam: se a Copa de 2018 fosse hoje, o Brasil venceria a Alemanha por 9 a 1. Aécio faria quatro gols. A margem de erro é de 10 gols para mais ou para menos.

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