sábado, 6 de dezembro de 2014


07 de dezembro de 2014 | N° 18006
PAULO SANT’ANA

Do arco da velha

Eu encasqueto com essas gírias que entraram em desuso. A primeira delas é a palavra “encasquetar”, que usei agora.

“Boazuda”, por exemplo, foi gíria até certo ponto passageira.

Já a expressão “pão”, para designar homem bonito e apetitoso, durou longo tempo.

E acho que “gata”, para designar mulher sensual, ainda dura, não foi extinta.

Já a expressão “pra frente”, que designava pessoa moderna, foi-se tão de repente quanto se criou.

E “babados”, afinal, o que queria dizer? Será que queria dizer assuntos? Ou floreios nos gestos e na linguagem? Pois foi-se também.

“Matando cachorro a grito” foi e é expressão usada talvez para designar que alguém está na miséria mais completa.

Já duas expressões quase tocaias são “onde o diabo perdeu as botas” e “lá pros cafundós do Judas”. Quer dizer, ao que se saiba, que é lugar inabitado, deserto, maldito.

“Tirar água do joelho”, acho que é expressão que não foi extinta, ainda hoje e sempre designará fazer xixi.

E, a respeito disso, quero declarar que eu, Francisco Paulo Sant’Ana, fui quem criou, há décadas, a expressão “antenar” como sinônimo de “te liga”. “Não estás antenado” quer dizer, depois que criei esta expressão, “estás fora do ar”.

E por aí se vai a gíria, linguagem que o povo cria à margem do seu idioma.

Alguém cria, muita gente gosta e a expressão começa a ser adotada, muitas vezes mais apropriada e eloquente do que a sinonímia original.

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