07
de dezembro de 2014 | N° 18006
PAULO
SANT’ANA
Do arco da
velha
Eu
encasqueto com essas gírias que entraram em desuso. A primeira delas é a
palavra “encasquetar”, que usei agora.
“Boazuda”,
por exemplo, foi gíria até certo ponto passageira.
Já a
expressão “pão”, para designar homem bonito e apetitoso, durou longo tempo.
E
acho que “gata”, para designar mulher sensual, ainda dura, não foi extinta.
Já a
expressão “pra frente”, que designava pessoa moderna, foi-se tão de repente
quanto se criou.
E
“babados”, afinal, o que queria dizer? Será que queria dizer assuntos? Ou
floreios nos gestos e na linguagem? Pois foi-se também.
“Matando
cachorro a grito” foi e é expressão usada talvez para designar que alguém está
na miséria mais completa.
Já
duas expressões quase tocaias são “onde o diabo perdeu as botas” e “lá pros
cafundós do Judas”. Quer dizer, ao que se saiba, que é lugar inabitado,
deserto, maldito.
“Tirar
água do joelho”, acho que é expressão que não foi extinta, ainda hoje e sempre
designará fazer xixi.
E, a
respeito disso, quero declarar que eu, Francisco Paulo Sant’Ana, fui quem
criou, há décadas, a expressão “antenar” como sinônimo de “te liga”. “Não estás
antenado” quer dizer, depois que criei esta expressão, “estás fora do ar”.
E
por aí se vai a gíria, linguagem que o povo cria à margem do seu idioma.
Alguém
cria, muita gente gosta e a expressão começa a ser adotada, muitas vezes mais
apropriada e eloquente do que a sinonímia original.
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