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quinta-feira, 8 de março de 2012
08 de março de 2012 | N° 17002
PAULO SANT’ANA
Israel x Irã
Carnaval fora de época em Uruguaiana? Não. Carnaval fora de época na Vila Belmiro, faz o Neymar.
Dois anos atrás, escrevi uma coluna em que previ para futuro breve a eclosão de uma guerra entre Irã e Israel.
Baseei-me no noticiário de então. Não foi um chute, mas também não foi uma previsão absurda, ela tinha amparo na fricção política entre os dois países.
Mas esta semana o premier de Israel, Benjamin Netanyahu, foi a Washington para encontrar-se com Barack Obama.
Imagino como deve ter sido o encontro:
NETANYAHU – Estamos prontos para bombardear as instalações nucleares do Irã.
OBAMA – Calma, Netanyahu, você não vai bombardear o Irã logo agora, quando tenho grandes chances de me reeleger. Uma guerra neste instante significaria que o preço do petróleo iria às nuvens com consequente esfarelamento da minha reeleição. Peço-lhe paciência. Nós e a Europa estamos negociando uma nova chance ao Irã. É possível que o Irã retroceda em seus planos nucleares e permita uma inspeção rigorosa em suas instalações, de forma que fique bem claro que os seus propósitos não sejam bélicos.
NETANYAHU – Nós não vamos permitir que surja a hipótese de que o Irã possa construir a bomba nuclear com a dissimulação de que seus propósitos não sejam bélicos. Não podemos correr o risco de sermos apanhados de surpresa, qualquer eventual ataque do Irã a Israel poderá nos riscar do mapa.
OBAMA – Calma, Netanyahu, haveremos de chegar a um acordo que faça com que Ahmadinejad se ajoelhe e deposite humildemente aos pés de Israel a sua bomba nuclear, renunciando definitivamente a um confronto.
NETANYAHU – Está bem, Obama, mas advertimos que esta é a última chance que Israel dá ao Irã. Ou fica claro, mediante rigorosa fiscalização internacional, que o Irã não deseja atacar-nos, ou nós tomaremos a iniciativa do ataque.
OBAMA- Mas a ONU...
NETANYAHU – Não me venha com ONU numa hora dessas. Como você sabe, a ONU ficou definitivamente desmoralizada quando tentou impedir que Bush mandasse invadir o Iraque. A coisa agora está no seguinte pé: ou atacamos o Irã com o consentimento dos EUA, ou atacamos sem esse consentimento.
OBAMA – Está bem, Netanyahu, peço-te mais 30 dias e vamos desenvolver esforços para tranquilizar Israel. Eu também já ando fulo com o Ahmadinejad e desta vez não serei mais enganado. Tenho certeza de que você será convencido por nós de que o Irã possui propósitos não bélicos. Em 30 dias, virá uma solução para Israel em que vai ficar bem claro, mediante séria pressão nossa, que ao Irã só irá restar a possibilidade de desenvolvimento nuclear com propósitos exclusivamente pacíficos.
NETANYAHU – O.k., Obama, 30 dias de prazo. Mas nós já estamos mobilizados para o ataque, tenha em mente isso quando você for negociar.
Foi mais ou menos assim o diálogo. É impressionante que a paz mundial esteja depositada somente entre dois homens.
Mas é assim mesmo, não foi só a loucura de Bush a responsável pela guerra entre EUA e Iraque? Naquela ocasião, o mundo inteiro verberava a invasão, mas Bush solitariamente a decidiu.
Quase todas as guerras sempre foram determinadas por uma ou algumas poucas cabeças.
Esta guerra entre Israel e Irã só está sendo evitada agora pelas eleições nos EUA
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