domingo, 2 de outubro de 2011


CARLOS HEITOR CONY

Retrato 3x4

RIO DE JANEIRO - Um instituto de pesquisa, não me lembro se britânico ou americano, divulgou na semana passada um ranking de países cuja imagem, para efeito cultural e turístico, interessa ao homem comum de todas as partes do mundo.

Não pesquisou a economia nem o comércio, apenas as condições que possam atrair o interesse daqueles que desejam conhecer melhor este mundo, antes de partirem para conhecer o outro.

Desde os oito anos do governo Lula e nove meses do atual, as autoridades brasileiras vêm arrotando ser uma das maiores economias mundiais. Reconheço que as coisas mudaram, subimos de patamar, mas não tanto.

Ativando o consumo e executando programas assistenciais (como o Bolsa Família), milhões de brasileiros ascenderam a uma classe superior, mas não o bastante.

A imagem do país melhorou lá fora em termos de investimentos, mas não em condições de vida. Na pesquisa divulgada ficamos em 62º lugar.

Ainda há gente que acredita piamente que as cobras passeiam pela avenida Rio Branco, que em São Paulo os trombadinhas matam os turistas, que a madeira da Amazônia só serve para fabricar palitos, que aos 13 anos as meninas se prostituem, que o policiamento das ruas é feito por traficantes.

Exagero à parte, o fato é que em termos de infraestrutura merecemos o vergonhoso lugar no ranking mundial. Os três pontos fundamentais de uma sociedade adiantada -saúde, educação e segurança- não acompanharam o desenvolvimento industrial e comercial dos últimos anos. Doentes morrem nos corredores dos hospitais, a educação é precária e a segurança, hipotética.

Compreende-se a preocupação da Fifa e do Comitê Olímpico Internacional. A taxa de corrupção e o atraso nas obras necessárias para os dois eventos podem resultar num vexame nacional.

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