sábado, 1 de maio de 2010



01 de maio de 2010 | N° 16322
PAULO SANT’ANA


Uma iniciativa milagrosa

De onde veio essa luminosa ideia da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) empregada atualmente no Rio de Janeiro?

Diz-me o Cláudio Brito que é provinda da Colômbia, uma adaptação de lá às favelas cariocas.

Pelas UPPs, a polícia não chega à favela, ela já está lá.

A polícia se instala na favela, como se incorporasse um batalhão ao metabolismo social da favela, integrando-se com a comunidade e evitando assim a instalação de focos criminais e seu alastramento.

Ideia que está regenerando as favelas, limpando as favelas de traficantes.

Deve custar muito efetivo pessoal da polícia, deve custar muitos recursos, mas os resultados são os melhores possíveis, sendo saudados efusivamente pelos moradores das favelas, que viram os locais em que vivem serem restaurados em civilização.

Com as UPPs nas favelas, acabaram-se os tiroteios e o reinado dos traficantes entre as moradias e os moradores.

Existia a falsa ideia de que os favelados se acumpliciavam com os traficantes e formavam uma massa só de delinquência.

As UPPs estão mostrando o contrário: os favelados eram dominados pelos traficantes, sentiam-se molestados pela sua presença e agora festejam o império da lei com a instalação de unidades policiais em seu meio.

É gigantesco o esforço do governo do Rio de Janeiro ao instalar as UPPs nas favelas.

Mas de todas as partes brotam sobrados elogios à medida, saudando-a como uma ideia magistral, que pode se alastrar pelo país e mudar a face da delinquência nacional.

Resta esperar que o tempo revele se, incrustado na favela, o policial não fará intimidade com os delinquentes e cederá à sua influência.

Talvez, então, as autoridades tomem a medida de não permitir que os efetivos se acostumem aos seus locais de trabalho e sejam permanentemente intertransferidos.

Agora, o policial deixou de ser um visitante, muitas vezes indesejado, na favela. Passou a ser um vizinho dos moradores da favela. Vizinho e protetor. Um milagre de solução.

Que milagre o dessa ideia, que de repente tornou as favelas os locais melhor policiados do Rio de Janeiro!

Qual arrabalde do Rio de Janeiro, inclusive os da Zona Sul, que têm agora o privilégio das favelas de conviver com os policiais no seu hábitat? Qual?

Os favelados podem dormir sob a proteção dos batalhões que invadiram a sua privacidade e enxotaram do seu território os traficantes.

Se se pudesse fazer com os outros serviços o que está se fazendo com a segurança nas favelas, seria o ideal: cada favela teria a sua unidade de saúde, por exemplo. Que ideia!

São centenas de favelas no Rio de Janeiro, os traficantes poderão migrar para as favelas onde não há UPPs, ainda assim não há na crônica sociopolicial uma medida tão salutar e profilática como essa.

É tão grande a repercussão, que o governador Sérgio Cabral, pelo êxito de sua iniciativa, deve reeleger-se em outubro.

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