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segunda-feira, 7 de julho de 2008
07 de julho de 2008
N° 15655 - Paulo Sant'ana
Queda livre
Como é que fiquei sabendo que o resgate da ex-senadora Ingrid Betancourt tinha sido uma farsa, o que opinei na sexta-feira passada, logo após o desfecho?
Foi informação? Não tive nenhuma informação. Foi simples dedução pela leitura dos acontecimentos que se desenrolaram em torno da soltura da ex-candidata à presidência da Colômbia.
A mim, no instante em que escrevi ineditamente que tinha sido uma encenação o resgate, me parecia incrível que o noticiário não se espantasse da facilidade com que foram soltos a ex-senadora e três norte-americanos, com outros 11 reféns.
Logo após esta coluna ter classificado de farsa o resgate, começaram a pipocar na imprensa notícias de que houve pagamento de uma fortuna pela libertação dos reféns.
Uma rádio suíça não só informou o preço pago pelo resgate como deu o nome de dois dos guerrilheiros que receberam a alta quantia.
O site francês Mediapart informou que as autoridades francesas sabiam há três meses que os guerrilheiros tinham interesse em entregar os reféns, em troca de imunidade e garantia de exílio na França.
E que o presidente Sarkozi aceitou as condições dos guerrilheiros. Apenas não foi feito o negócio porque à epóca o momento favorecia o grupo guerrilheiro.
Cuidem a declaração, quando surgiu a versão de que o resgate tinha sido uma farsa, do ministro de Relações Exteriores da França, Eric Chevalier: "O governo francês nada teve a ver com a operação de resgate nem com seu financiamento, se é que houve financiamento". Se é que houve financiamento?
Qualquer criança deduz que houve uma tripla aliança para a soltura dos reféns, em troca de dinheiro: Colômbia, Estados Unidos e França.
Do contrário não juntariam no mesmo lugar, no meio da selva, o que nunca antes tinham feito os guerrilheiros, por motivos estratégicos, 15 reféns.
Para singelamente serem postos dentro de um helicóptero do Exército, numa operação "mamão com açúcar "das forças legalistas.
O que me chamou a atenção quando concluí que tinha havido acerto entre guerrilheiros e governo colombiano: Ingrid Betancourt, pela repercussão do seu seqüestro, pela importância da sua pessoa e pela forma como a França se movimentava para libertá-la, era a jóia da coroa do movimento guerrilheiro.
Ela vinha sendo guardada a sete chaves na selva colombiana.
Como é que de repente iria aparecer saudável, corada, bem falante, entre outros reféns, sendo resgatada intacta, sem derramamento de sangue e sem que fosse disparado um único tiro.
Evidentemente que havia tatu naquela toca. Felizmente houve órgãos de imprensa muito bem informados que denunciaram mais tarde a farsa.
Ainda bem que houve pagamento. 15 vidas têm um valor incalculável.
Quando assisti ao Gre-Nal há nove dias, escrevi aqui nesta coluna que o Grêmio era um time de alarmante mediocridade.
E disse na Rádio Gaúcha que a liderança que o Grêmio ostentava em pontos no campeonato nacional era enganosa. Riram-se de mim no Sala de Redação de segunda-feira passada.
Agora não vão mais rir. A não ser que sejam ingênuos e não percebam que aquela atuação do Gre-Nal foi reveladora de que o Grêmio tem uma das piores equipes deste Brasileirão.
E agora que o Grêmio ficou sem Roger, virou mais ainda uma equipe anencéfala.
O Grêmio já está em terceiro, mas isso é ainda enganoso. O time de Celso Roth vai despencar daqui por diante em queda livre, no rumo da zona de rebaixamento.
O Internacional vai passar do Grêmio em pontos nas próximas rodadas.
Ontem, ouvi um locutor dizer que a torcida gremista estava se decepcionando com seu time no Rio. Se decepcionando? Então não viu o Gre-Nal.
Quem viu o Gre-Nal constatou que o Grêmio não tem nenhum futuro neste Brasileirão, a não ser a concreta perspectiva de ser rebaixado, se os dirigentes gremistas não reforçarem urgentemente este medíocre plantel.
Urgentemente.
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