IMPACTO DA ENCHENTE
Alimentos e calçados lideraram demissões
Conforme o Caged, desligamentos superaram admissões pelo segundo mês seguido no RS. Apenas a construção contratou mais do que os demais segmentos.
A fabricação de calçados e de produtos alimentícios são dois dos os ramos que mais demitiram no RS em junho. Com quedas em toda a indústria de transformação, os segmentos derrubaram as contratações formais do setor fabril. A indústria foi a que mais dispensou funcionários no mês, com baixa de 3,9 mil empregos com carteira assinada, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged).
Exceto a construção, todos os demais setores tiveram dados negativos. Mas os resultados são considerados comedidos diante do cenário.
Quando pensamos que a enchente alagou 80% do RS, não vejo que seja preocupante e sim um momento de adequação - destaca a economista e professora da Universidade de Caxias do Sul (UCS) Maria Carolina Gullo.
Para o Ministério do Trabalho e Emprego, os números vieram melhor do que o esperado, dada a dimensão do impacto da cheia.
Atenção aos recursos
Excluindo a indústria de tabaco, que tradicionalmente dispensa trabalhadores neste período, os segmentos da indústria de transformação como fabricação de artigos de couro, alimentos, máquinas e confecção lideram as perdas. A fabricação de produtos alimentícios desligou 382 funcionários no mês. Muitas empresas do ramo, apesar de não fecharem por completo durante a cheia, tiveram problemas no recebimento de matéria-prima e na logística.
O presidente do Sindicato das Indústrias da Alimentação e Bebidas (Siab RS), Marcos Oderich, diz que a morosidade na obtenção dos recursos destinados à recuperação econômica é o maior desafio para a retomada neste momento. Na indústria calçadista, a fabricação manteve uma das principais baixas, mas reduziu o ritmo de demissões em relação a maio e a junho do ano passado. A queda é sazonal, segundo o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Haroldo Ferreira, e os efeitos da enchente no setor são indiretos, pois houve dificuldade logística. _
Na contramão dos demais setores econômicos, a construção contratou 0,4% a mais no mês (saldo positivo de 546 postos). Foi o único setor no azul e o saldo positivo também pode ser relacionado à enchente. A tendência é de que o setor permaneça aquecido por alguns meses.
- É exatamente o que estamos vendo neste momento: a necessidade de obras e reformas, tanto em residências e locais comerciais quanto em estradas - diz a economista Maria Carolina Gullo. O setor de serviços teve o menor saldo no fechamento de postos (-451), já indicando retomada. Muitas atividades pararam completamente durante a enchente, sobretudo as ligadas ao turismo.
A partir do momento que a locomoção voltou a ser possível, o turismo de proximidade, em geral feito de carro, ganhou força. Para os especialistas, o desempenho do setor vai contribuir nos próximos meses para dados de emprego e de Produto Interno Bruto (PIB).
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