terça-feira, 25 de outubro de 2022


25 DE OUTUBRO DE 2022
OPINIÃO DA RBS

CELEIRO DE STARTUPS

É alentador constatar que o ecossistema de inovação no Rio Grande do Sul cresce e amadurece de forma acelerada. O mais novo dado a corroborar essa percepção é a elevação substantiva da quantidade de startups. Ao longo do ano, foi superada a marca de mil empresas emergentes do gênero. São 1.144, número 73% acima de dezembro de 2021, conforme os dados contabilizados pela ABStartups, entidade nacional do setor. Anima ainda a confirmação de que o Estado se consolida como um dos principais polos do país, superado apenas por São Paulo e Minas Gerais na soma de startups residentes.

Ao que parece, estão se dissipando os receios que existiam há poucos meses de dificuldades financeiras devido ao cenário macroeconômico global repleto de incertezas, levando à diminuição dos investimentos em startups. Foi uma conjuntura que acarretou um volume significativo de demissões, inclusive no país. Mas nota-se a sobreposição da tendência de mais longo prazo que favorece as apostas e o surgimento de empresas tecnológicas com potencial de crescimento rápido, dedicadas a desenvolver novas soluções para o mercado.

Os fundos de venture capital seguem dispostos a aportar recursos e, ao mesmo tempo, grandes empresas, inclusive do Rio Grande do Sul, se mantêm altamente interessadas em se aproximar de empreendedores criativos, estabelecendo uma relação de ganhos mútuos. Fazem parte ainda desse ambiente de incentivo à inovação hubs como o Instituto Caldeira, de Porto Alegre, e o Hélice, de Caxias do Sul, além de outras iniciativas semelhantes que surgem em outras regiões do Estado, com a participação decisiva do capital privado, viabilizando a conexão entre mentes inquietas e os meios que possibilitam tirar as ideias do papel.

Felizmente, há no Rio Grande do Sul uma conjugação de fatores que impulsiona o surgimento de startups que tanto desenvolvem novos negócios como concebem respostas para as demandas de setores tradicionais da economia, ajudando a fortalecê-los em um cenário de competição global. Fazem parte deste ecossistema universidades, incubadoras, parques tecnológicos, aceleradoras e, por parte do poder público, uma série de editais lançados também dedicados a financiar a viabilização de iniciativas promissoras. Eventos como o South Summit completam esse ambiente fecundo.

Mas, mais relevante, existe no Estado fartura do principal insumo para a inovação frutificar: capital humano. Se o essencial encontra as demais condições necessárias para materializar a inventividade, o resultado só pode ser esse que o Rio Grande do Sul colhe, com o avanço expressivo no número de empreendimentos jovens e com possibilidades de crescimento veloz. É interessante ainda observar que apesar de a maior parte destas empresas emergentes estar localizada em Porto Alegre (56,87%), elas se espalham também por outros polos como São Leopoldo (5,60%), Caxias do Sul (5,43%), Santa Maria (4,90%), Pelotas (3,06%) e Canoas (2,45%). O potencial gaúcho como celeiro de startups, portanto, é descentralizado, um trunfo para um desejado desenvolvimento regional mais equilibrado. 

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