20 DE OUTUBRO DE 2022
OPINIÃO DA RBS
SOLIDARIEDADE QUE FORTALECE O SUS
Instituição reconhecida que recebe pacientes de todo o Estado e até de outras regiões do país, a Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre teve ontem um dia especial. Na mesma data em que completou 219 anos, inaugurou uma nova emergência totalmente voltada a atendimentos de alta complexidade pelo Sistema Único de Saúde (SUS). É o primeiro espaço entregue do projeto do Hospital Nora Teixeira, ainda em fase de construção, erguido em grande parte com recursos vindos de doações de famílias conhecidas do meio empresarial do Rio Grande do Sul.
Trata-se, portanto, de uma realização com a marca da solidariedade de grande mérito pela qualificação dos serviços que serão prestados especialmente a pessoas de baixa renda. Basta observar que a nova emergência terá uma área quatro vezes maior do que a anterior, permitindo mais conforto e melhor atenção a enfermos e seus familiares. Terá novas salas de estabilização clínica, centro de diagnóstico por imagem e unidade para casos de acidente vascular cerebral, por exemplo.
Deve-se render homenagens especialmente ao casal Alexandre Grendene e Nora Teixeira pela viabilização do projeto, com a primeira doação, de R$ 80 milhões, para a emergência agora entrando em funcionamento. Nora, atuante em iniciativas semelhantes, foi a grande entusiasta da ideia. É mais do que justo ser distinguida pela direção da Santa Casa, batizando o complexo com o nome da empresária. Depois, partiram para recrutar novos benfeitores, que permitiram a construção de todo o complexo, um prédio de 15 andares, orçado em cerca de R$ 250 milhões. Colaboraram ainda integrantes das famílias Zaffari, Poester, Vontobel, Ribeiro, Ling e Gazzola. Também chegaram contribuições da JBS, do governo do Estado e de recursos repassados pelo Fundo Municipal do Idoso.
Até há pouco associado a emergências superlotadas, pacientes mal-acomodados, longas filas e demora para exames e consultas, o SUS passou a ser mais valorizados pelos brasileiros após a eclosão da pandemia. O sistema universal, acessível a todos os cidadãos, tem conhecidos problemas de financiamento em relação à enorme demanda. É um problema que costuma crescer em tempos de dificuldades econômicas da população, quando um maior número de pessoas precisa cortar o pagamento de planos privados.
Conforta saber que, na sociedade, não faltam pessoas com condições dispostas a ajudar. Sabedoras da realidade dos mais necessitados, põem-se à disposição para colaborar financeiramente. Mas isso não basta. Do outro lado, é preciso ter instituições sérias, comprometidas e competentes, capazes de fazer a melhor gestão dos recursos, para que se alcancem os propósitos buscados. É o que sempre fez a Santa Casa, como testemunhou ontem Nora Teixeira, em entrevista ao Atualidade, da Rádio Gaúcha, ao citar a transparência na prestação de contas e a agilidade na construção do novo hospital.
A credibilidade é um trunfo para arrecadar fundos que se revertam em projetos que beneficiem a população. A nova estrutura que está surgindo na Capital qualifica os serviços do SUS e não deixa também de ser uma deferência aos seus profissionais. Espera-se que, a partir deste exemplo bem-sucedido, novos gestos de benemerência possam ser incentivados no Estado.
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