ELEIÇÕES 2022
Alckmin, Tebet, Amoêdo e a frente ampla
Vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB-SP) foi, no primeiro turno, a representação maior da frente ampla, definida como uma soma de forças políticas contra o que consideravam ser uma ameaça à democracia e aos direitos fundamentais representada supostamente por Jair Bolsonaro.
Já no segundo turno, lastreada na mesma argumentação de defesa da democracia, somou-se à campanha, de forma engajada e decisiva, a senadora Simone Tebet (MDB-MS), candidata à Presidência que marcou 4,16% dos votos válidos e ficou em terceiro lugar no primeiro turno. Tebet foi para a linha de frente e, junto disso, agregaram-se o PDT, com apoio tímido de Ciro Gomes, além de diversas manifestações de voto do liberalismo, alcançando criadores do Plano Real, nomes históricos do PSDB e um dos fundadores do Novo, João Amoêdo.
Mas há, também, a avaliação de que somente Lula era capaz de reunir a força necessária para vencer o bolsonarismo.
- Eu coloco, em primeiro lugar, a figura do Lula. A biografia e a história de vida dele têm muita força, sobretudo nos segmentos carentes da população que reconhecem nele um representante legítimo. E, sem dúvida, a construção da frente ampla. A candidatura do Lula é muito maior do que a esquerda. Temos liberais e centristas - avalia Flávio Dino (PSB), ex-governador do Maranhão e senador eleito.
Identificação
Como esperado, o Nordeste foi decisivo e deu ampla maioria de votos a Lula. Pernambucano de nascimento, ele deixou a região ainda criança em um pau de arara rumo a São Paulo, mas manteve a identificação com os conterrâneos enquanto político. Bolsonaro apostou em medidas econômicas para reduzir a força de Lula no Nordeste em meio às eleições, como o aumento do Auxílio Brasil para R$ 600 e uma série de outras bonificações a pouco tempo do pleito. Com o segundo turno correndo, foram liberados, em 11 dias, R$ 4,2 bilhões em empréstimos consignados para 1,6 milhão de beneficiários do Auxílio Brasil pela Caixa Econômica Federal. Ainda assim, o Nordeste, região onde há maior vulnerabilidade econômica/social no país, manteve a majoritária votação em Lula.
- Se enganou quem pensou que o povo pobre estava à venda - diz Wellington Dias (PT), ex-governador do Piauí e senador eleito.
Para Dino, as medidas econômicas de Bolsonaro no período eleitoral representaram "os mais intensivos e abusivos usos da máquina pública na história brasileira":
- Leis foram rasgadas, gerando espécie de vale-tudo. Isso explica o fato de Bolsonaro ter tido patamar de votação mais alto do que teria se fosse considerado apenas o seu desastroso governo.
Outro acerto da campanha de Lula no segundo turno foi a adoção das caminhadas. Ao contrário do primeiro turno, quando a opção foi pelos comícios, um carro de som seguia à frente e Lula, logo atrás, fazia os trajetos montado em caminhonete. Ao estilo papamóvel, percorreu trechos de vias de importantes cidades, sempre reunindo multidões. Na avaliação de aliados, isso resultou em campanha vibrante e envolvente, que causou entusiasmo entre apoiadores e imagens impactantes para TV e redes sociais.
Para falar fora da bolha e alcançar além dos convertidos, a estratégia foi colocar Lula a conceder entrevistas em rádios de todo o Brasil e participar de lives e podcasts. Diferentemente de 2018, quando apanhou na disputa pela internet, a esquerda passou a dominar as ferramentas e diminuiu a diferença para a direita neste campo de batalha.
O impulso na internet contou com atuação decisiva do
deputado federal André Janones (Avante-MG). Embora tenha sofrido
críticas de setores da esquerda por adotar métodos agressivos, o fato é
que Janones gerou engajamento em favor do candidato do PT e rivalizou
com o bolsonarismo em alcance.
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