04 DE OUTUBRO DE 2021
CÍNTIA MOSCOVICH
Carpinejar, nosso patrono
A 67ª Feira do Livro de Porto Alegre, em sua edição que anuncia os passos tentativos rumo à normalidade, já tem patrono.
Fabrício Carpinejar, poeta, escritor, jornalista, cronista e homem de múltiplos meios assume o posto que pertenceu a Jeferson Tenório na edição passada - patronato que, em 2018, foi ocupado pela mãe de Fabrício, a também poeta Maria Carpi, e ao qual ele foi indicado nada menos que seis vezes. Com uma produção que já conta com 47 títulos lançados, Fabrício Carpinejar uniu os sobrenomes da mãe e do pai - ele também é filho do poeta e acadêmico Carlos Nejar - para, conciliador, assumir sua identidade artística.
Sem preconceitos ou laivos (de vanguarda ou retaguarda), comunicador nato, empreendedor em essência, Fabrício, desde sua estreia em 1998 com os poemas de As Solas do Sol, se acostumou a frequentar diversos meios de comunicação (rádio, televisão, jornal, revista, internet), cativando audiência em todas as esferas.
Mesmo dedicado a uma carreira que o tornou popular, num movimento efervescente de vida, o autor nunca deixou de dedicar todo o cuidado e apuro à poesia, acumulando obras que se consideram já canônicas, caso do impressionante Um Terno de Pássaros ao Sul, que envolve, à la Kafka, um acerto de contas com a figura paterna, e o inusitado Biografia de uma Árvore, em que tece um intrincado legado vegetal que tem uma imagem antológica ("O violino é uma árvore migratória").
Alfabetizado pela mãe, que não se deixou dobrar pelo diagnóstico de retardo mental dado ao filho, Carpinejar tornou-se leitor praticamente profissional, tendo desenvolvido uma relação íntima e amorosa com a linguagem, fato que o leva a arrancar transcendência da miudeza e a evitar a banalidade trocadilhesca tão cara no varejo da poesia. Seja fazendo vezes de consultor sentimental, seja confessando paixões incendiárias, Fabrício escreve com máxima precisão e, acima de tudo, sabe a hora de, num país de gente seca como o nosso, ser gracioso e bem-humorado.
Com alegria e emoção, recebemos nosso Fabro, o representante de todos os escritores na Feira do Livro. Longa vida ao patrono.
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