06 DE OUTUBRO DE 2023
POLÍTICA +
Recados de um diretor demissionário
O professor Paulo Burmann, diretor-geral da Secretaria de Educação, pediu demissão do cargo. Em uma carta de 12 itens, explicando as razões da saída, o ex-reitor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) aponta incompatibilidades entre o pensamento trabalhista e a política do governo Eduardo Leite para a educação.
Depois de reclamar do esvaziamento de sua diretoria, que "não conta com qualquer assessoria para o desenvolvimento da atividade", Burmann diz que a Seduc não permitiu "discussão e implementação dos princípios compreendidos como basilares para uma educação trabalhista frente ao liberalismo e as necessidades reais da população que depende da educação pública".
"Incompatibilidade nas políticas adotadas frente a ideia de uma educação verdadeiramente emancipadora e cidadã a partir do modelo dos Cieps com retomada da educação integral para o ensino fundamental, além da discordância com projeto das escolas cívico-militares", detalha no item 2 da nota, datada de 28 de setembro e que veio a público ontem.
A carta de Burmann é uma espécie de roteiro para o governador fazer correções de rota. Na condição de diretor-geral, ele aponta gargalos que impedem o avanço de obras em escolas e cita passivos que deveriam ser resolvidos imediatamente.
Diz, por exemplo, que "há um passivo de infraestrutura que se acumula há mais de oito anos, agravado por entraves técnicos e burocráticos". Outro passivo é o de PPCI dos prédios escolares que, segundo Burmann, não vem recebendo a devida atenção.
Alguns dos pontos citados não chegam a ser novidade: quase 2 mil escolas sem quadra esportiva e/ou salão de eventos/área de recreação na forma de pavilhão coberto/fechado; programa Escola Aberta suspenso e sem definição de futuro; e programa Escola Melhor, Sociedade Melhor que não deslanchou por falta de articulação política e incentivo à comunidade.
Burmann diz ainda que "há um grande volume de emendas parlamentares disponíveis, inclusive de exercícios anteriores, ainda aguardando execução".
Outro ponto destacado pelo professor está diretamente ligado às consultorias contratadas na gestão da secretária Raquel Teixeira. Diz Burmann no item 11 da carta: "Preocupa o elevado volume de recursos empenhados em consultorias que poderiam ser realizadas, quando necessárias, junto às instituições gaúchas capacitadas e que conhecem a realidade gaúcha".
A secretária da Educação, Raquel Teixeira, diz que foi informada pelo diretor Paulo Burmann de sua saída na terça-feira, dia 3 de outubro. Raquel lamenta o fato, "tendo em vista o perfil qualificado do professor Paulo Burmann", e informa que não há definição sobre o substituto.
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