segunda-feira, 12 de dezembro de 2016



12 de dezembro de 2016 | N° 18712
PORTO ALEGRE

NO CENTRO DA POLÊMICA

APÓS ZH RETRATAR descaso com viaduto da Borges de Medeiros, moradores de rua são retirados do local
Às vésperas de uma comemoração pelos 84 anos do Viaduto Otávio Rocha, no Centro Histórico de Porto Alegre, uma ação conjunta de órgãos da prefeitura retirou os moradores de rua do local. O mutirão ocorreu um dia depois que Zero Hora publicou em seu site uma matéria sobre o descaso com a região, considerada um dos cartões postais da capital gaúcha.

De acordo com um guarda municipal que fazia patrulhamento no local no sábado, a força-tarefa teria sido realizada pelo Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) e pela Guarda Municipal, sem participação da Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc). A Fasc e o DMLU admitiram a ação, no entanto, esquivaram-se quando questionados sobre como foi realizada.

O diretor da Divisão de Limpeza e Coleta do DMLU, Felipe Kowal, confirmou a participação do órgão, embora tenha reforçado que o trabalho do departamento se resumiu ao recolhimento de objetos como colchões, carrinhos e papeis.

– O DMLU não faz a remoção de pessoas, ele presta apoio à prefeitura no geral, não lidera ação de retirada de morador (de rua). Se fosse atribuição do DMLU, Porto Alegre não estaria infestada de moradores de rua – disse.

De acordo com Kowal, a ação estava sendo articulada há, pelo menos, duas semanas pela Fasc.

– Eles estiveram no viaduto há uma ou duas semanas fazendo a triagem dessas pessoas. Isso não é atribuição nossa – repetiu.

A SAÍDA FOI NEGOCIADA, DIZ ASSESSORA DA VICE-PREFEITURA

A chefe de gabinete da Fasc, Fernanda Oliveira de Moraes, afirmou que não houve participação do órgão na retirada de moradores da região. Segundo ela, o papel da fundação é criar vínculos com as pessoas em situação de vulnerabilidade e oferecer os serviços de acolhimento.

– A Fasc jamais participa. A retirada das pessoas em situação de rua não faz parte da política de assistência social. O que a Fasc fez e faz são abordagens sociais em toda a cidade, inclusive no Viaduto Otávio Rocha – defendeu Fernanda, acrescentando que não tinha informações sobre o destino dado aos moradores que estavam instalados na Avenida Borges de Medeiros.

Conforme Regina Machado, assessora do gabinete do vice-prefeito Sebastião Melo, a ação foi criada em uma parceria entre secretarias depois que o coordenador do Centro Administrativo Regional Centro, Jair Marros, recebeu um ofício da Associação Representativa e Cultural dos Comerciantes do Viaduto Otávio Rocha (Arccov) pedindo condições para a realização do evento de 84 anos do viaduto, que previa, ontem, apresentações de atrações musicais, declamações poéticas e teatro de rua.

– As pessoas não foram levadas. Foi negociada a saída delas dali. Elas não querem sair da rua. Amanhã (hoje), se tu passares ali, com certeza estarão de volta – relatou Regina.

Marros teria participado da ação no sábado. A reportagem tentou conversar com o coordenador por telefone, mas, até o fechamento desta edição, não obteve retorno.

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