quarta-feira, 8 de julho de 2015



08 de julho de 2015 | N° 18218 
DAVID COIMBRA

Esse menino, essa escola

O imponente prédio da foto é a famosa HMS, a Escola de Medicina de Harvard, onde estudaram nada menos do que 15 Prêmios Nobel. Você já deve ter visto essa paisagem em filmes. Ali, no gramado perfeito, são realizadas as formaturas em cerimônias sempre emocionantes, e no encerramento os alunos atiram os chapéus para o alto, aquela coisa.

Repare, bem pequenininho, no menino que caminha em direção às escadarias.

Esse menino.

Fiquei pensando que esse menino pode, um dia, subir aquelas escadarias como aluno de Harvard. Talvez o pai desse menino tenha sorte de viver o suficiente para vê-lo formar-se médico na HMS. Talvez.

Medicina é uma bonita profissão. Schopenhauer escreveu que a felicidade é a ausência de dor. E é. Ora, a principal função do médico é aliviar a dor. Ou acabar com ela. Quer dizer: levar a felicidade às outras pessoas. O que pode ser mais elevado?

Nos últimos tempos, por contingências pessoais, estive em contato mais amiúde com médicos. Conheci alguns que posso classificar como seres humanos superiores. Vou citar três brasileiros, que das pessoas boas devemos falar e das ruins devemos calar: André Fay, Carlos Barrios e Fábio Franke. São três idealistas, que estão fazendo muito e muito mais ainda farão pelo Brasil.

Quem sabe esse menino, mesmo formado em Harvard, não vá, ele também, fazer muito pelo Brasil. Ou pela humanidade, por que não? Um único médico pode fazer grandes coisas pela humanidade. Sabe qual é o nome da rua que margeia a Escola de Medicina de Harvard? Louis Pasteur. Quantos milhões salvou Pasteur com suas descobertas? Cada vez que você tomar um leite “pasteurizado”, renda um preito a Pasteur. Que herói da raça humana! Não por acaso, seu corpo está sepultado num belo mausoléu no instituto que leva seu nome, em Paris.

Nós brasileiros poderíamos honrar mais o grande Oswaldo Cruz, por exemplo, que, no começo do século 20, vacinou à força a população do Rio, erradicou a varíola e a febre amarela e jogou luz sobre as trevas em que vivia o Brasil.

Ah, esse menino bem pode ser grande assim. Ou nem tanto. Pode ser simplesmente um homem honrado, que melhore a vida das pessoas que convivam com ele. É o que basta. Vejo-o dentro da toga, sorridente. Vejo seu pai sentado numa cadeirinha sobre o jardim da faculdade, com lágrimas nos olhos. Um velho e emotivo pai, que gosta de imaginar o futuro do seu menino.

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