quarta-feira, 6 de novembro de 2024



06 de Novembro de 2024
Rodrigo Lopes

Os EUA que emergem da eleição

Quando Joe Biden foi eleito presidente, em 2020, muitos disseram que, enfim, após quatro anos da era Donald Trump no poder, os Estados Unidos regressavam à "normalidade política". O que veio dois meses depois? O 6 de Janeiro, o ataque ao Capitólio, o maior teste de estresse da democracia americana. Por isso, tenho ressalvas com a expressão "normalidade política", porque ela pressupõe algo "anormal". Ora, o que seria "anormal"?

Tudo é política - do movimento de bairro à decisão de um governante de ir à guerra. Aliás, como dizia Clausewitz, "a guerra é a continuação da política por outros meios". Até um atentado contra um candidato à presidência é um ato político. Criminoso, diga-se de passagem.

Os EUA que Kamala Harris ou Donald Trump comandarão são um país cuja principal preocupação, segundo pesquisa conduzida pela Edison Research feita ontem, dia de eleição, é com a situação da democracia (35%), mais do que a economia, que ficou em segundo lugar (31%). Em seguida, aparecem aborto e imigração, com a política externa ficando por último.

A nação que um deles herdará vem de um colapso no PIB durante a crise da covid-19, com uma economia que se regenerou fortemente sob Trump - processo que continuou com Biden. O ritmo com que os preços têm subido, no entanto, é avassalador. Eles aumentaram muito nos dois primeiros anos da gestão Biden, atingindo pico de 9,1% em junho de 2022. Essa não é, entretanto, a pior inflação da história, como alega Trump. Aliás, nos últimos 12 meses caiu para cerca de 3%, embora continue mais alta do que quando o republicano deixou o cargo.

A perda do poder de compra da população, essa sim, preocupa. A renda não cresceu o suficiente para superar as perdas inflacionárias, e a falta de vagas de emprego com bons salários no setor de manufatura provoca ansiedade na classe média. Há um mal-estar econômico.

Aliás, mal-estar é uma expressão de que gosto para definir o atual estágio da política americana, mais do que normalidade. As questões ideológicas - armas, aborto e imigração também provocam mal-estar. Os EUA estão mais divididos do que nunca. Há um ambiente vicioso e polarizado. O mal-estar americano persiste, tanto que há risco de questionamentos à ordem democrática, medo de violência. E sim, isso, infelizmente, também é da política normal. _

Vilarejo indiano em oração pela vitória de Kamala Harris

R.Satish BABU / AFP

"Saudações, América, nossos votos de vitória a Kamala"

Na localidade, nasceram os ancestrais da democrata, como o seu avô materno P. V. Gopalan.

A corrente já havia sido realizada em 2020, quando eles rezaram pela vitória de Joe Biden, campanha na qual Kamala era candidata à vice. A chapa democrata ganhou.

Para este ano, a comunidade garante que, se ela vencer, haverá muita celebração. _

A terça-feira pelos olhares republicano e democrata

O dia de votação nos Estados Unidos foi recheado de apoiadores, tanto do republicano Donald Trump como da democrata Kamala Harris, estampando seus adesivos, adereços e bandeiras pelas ruas para mostrar a força de cada candidato.

A foto à esquerda mostra uma eleitora com um calçado "Crocs" com as palavras "Trump" e "MAGA", referência à frase de campanha republicana: Make America Great Again.

A imagem à direita mostra uma eleitora de Kamala na beira de uma estrada com um cartaz: "Harris para presidente". _

Resultado das eleições afeta o RS?

A eleição americana pode ter impacto nas exportações gaúchas. No ano passado, por exemplo, os Estados Unidos foram o nono destino dos produtos do RS, representando 9%.

No início deste ano, o país foi o segundo destino das exportações do Estado, representando 13,4% do total. Estamos falando de US$ 13,1 bilhões em vendas entre janeiro e agosto. O RS exporta soja em grão, farelo de soja, fumo manufaturado, óleos e minerais para os americanos.

Como já comentei em coluna anterior: tradicionalmente, os democratas, leia-se Kamala Harris, são mais protecionistas em relação à economia do país. Os republicamos, por outro lado, costumam ser mais liberais.

O problema é que Donald Trump subverte essa lógica. É extremamente protecionista ("America First"). Esse posicionamento prejudica as exportações gaúchas. Por outro lado, há uma rivalidade entre China e EUA, que se acirra com Trump no poder, o que favoreceria os gaúchos. Os americanos comprando menos da China abriria mercado para o Brasil ocupar esse espaço, especialmente em produtos agrícolas.

Casal Clinton em votação

O ex-presidente Bill e a ex- primeira-dama Hillary Clinton votaram ontem.

No X, Hillary escreveu: "Acabamos de votar em Kamala e Walz e foi incrível. Não perca a chance de ajudar a colocar essa equipe no poder para que ela possa lutar por todos nós". _

INFORME ESPECIAL

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