sábado, 31 de agosto de 2024



31 de Agosto de 2024
MARTHA

Em desenvolvimento

Ha. Ha. Ha. Deu tudo errado.

"Em desenvolvimento" era uma falácia daqueles tempos em que se torturava jovens nos porões, era o que os generais garganteavam enquanto batiam continência para os patrocinadores. Enrolation para inglês ver e as criancinhas se iludirem. Encerrada a ditadura, veio um período de esperança, até que testemunhei o impensável: o Brasil tirou a bermuda e vestiu terno de missa, colocou uma Bíblia embaixo do braço e varreu os poetas de suas cabeceiras. 

Menos samba no morro, nem pensar topless na praia, bye bye irreverência. Já não percebo em nós, como nação, um caráter solar, apenas devoção à poeira do passado e apego à escravidão. Éramos tão apaixonados pela vida, mas a hipnose tecnológica acabou com nossos olhos nos olhos e, como se tudo não passasse de um game, extraímos das telas digitais um país ainda mais violento e que despreza a inteligência, só pontua na ignorância.

Talvez meus óculos estejam embaçados, talvez só tenha me restado o saudosismo do retrovisor. O que enxergo na minha frente, agora, é um país careta que se empolga com gente sem ética, um país que promove queimadas, um país apequenado pelo uso criminoso das redes, gigante que não honrou sua sina, perdeu-se do seu destino. Meio ambiente, arte, criatividade, faceirice, tudo engolido por Vossa Excelência o dinheiro, o poder, a indústria, o mercado, a internet, o escambau. Adeus, berimbau.

Não será o político A, B ou C que fará a mágica de tirar um país novo da cartola. Será, sim, o abc da sala de aula, caso levemos a sério, pra valer, o que lá se aprende e se discute, sem enganação ou censura, sem atraso ou mitificação. Eu já não terei a honra de viver no país que sonhei, então só me resta torcer para que todas as crianças recebam educação ampla, decente e prioritária, para que elas consigam, finalmente, ver o potencial extraordinário de sermos um país desenvolvido se cumprir. _

MARTHA

31 de Agosto de 2024
CARTA DA EDITORA - Donna Beauty Pompéia

As histórias das belezas

Mesmo de pijama, a energia da Alice Bastos Neves e da Kelly Costa segue lá em cima. Independentemente se o seu time é dos que aproveitam o fíndi para descansar, fazer festa ou os dois, a Pompéia está contigo em qualquer momento.

Um pijama confortável é algo essencial, além de ser uma peça que pode ser mais descontraída, tornando a hora de dormir mais divertida. A dica é se atentar na escolha do tamanho: a sugestão é optar por peças que sejam de um a dois números maiores do que aquelas que você costuma utilizar no dia a dia.

Essas e outras peças de pijama podem ser encontradas nas lojas, no site lojaspompeia.com.br e no aplicativo. Visite a loja no Shopping Iguatemi (Av. João Wallig, 1.800, 1º andar), de segunda a sábado, das 10h às 22h, e aos domingos, das 11h às 22h. _

Inspiradas no livro do historiador italiano Umberto Eco, A História da Beleza (Record, 440 páginas), aproveitamos a proximidade do aniversário de um ícone internacional para embarcar em uma viagem no tempo com muitas camadas sociais. No dia 19 de setembro, a modelo britânica Twiggy completa 75 anos de vida e, com um recorte a partir da década de 1960, quando ela tornou-se um dos símbolos do movimento dos sixties e da contracultura, revisitamos em três páginas a moda e os estereótipos que resultaram em muitas das pressões sofridas pelas mulheres, assim como posicionamos no espaço e no tempo conquistas que precisam ser relembradas, reforçadas e mantidas. 

Para esta edição, a repórter Letícia Paludo conversou com profissionais da área da sociologia, do direito e da saúde para debater a transformação pela qual passamos no nosso visual, muitas vezes como um espelho de mudanças na sociedade e na economia (mais espaço no mercado de trabalho, por exemplo). Mas, claro, que também reverberaram novas patrulhas - da popularização do biquíni à chegada das balanças aos banheiros das residências, com a tal independência cobrando seu preço.

Na passarela de Donna, saudaremos Twiggy com seus olhos expressivos e sua minissaia, os avanços na medicina, as leis aprovadas, a beleza da autoestima e mulheres que entraram para a história por abrir caminho para futuras linhas do tempo, que exaltarão a liberdade de ser quem se quer. _

Zero Grau

Collab - Tendências - Novidades

A influenciadora Malu Camargo fez uma parceria com a Youcom para uma coleção cápsula exclusiva, com 24 peças, entre jeans, blusas, e acessórios, em que propõe uma pegada urbana, romântica e sensual. A linha está disponível nas lojas físicas, no aplicativo e no site da marca youcom.com.br.

A próxima edição da feira Zero Grau já tem data confirmada. De 18 a 20 de novembro, as tendências e os lançamentos em calçados e acessórios para outono/inverno de 2025 poderão ser vistos no Serra Park (Viação Férrea, 100, em Gramado). O evento funcionará de segunda a terça das 9h às 19h, e na quarta, das 9h às 17h. Mais informações no perfil @feirazerograu.

Lançamento - feirinha Matilda - Moda

Neste domingo, o Brick de Desapegos estará no Workroom (Cristovão Colombo, 772), das 11h às 19h, reunindo mais de 40 expositores entre brechós, moda retrô e marcas autorais. O evento é pet friendly e com entrada franca.

A escritora e delegada da Polícia Civil Roberta Trevisan lança, neste sábado, o livro Matilda e o Mistério da Biblioteca, às 15h, em uma sessão de autógrafos na Livraria Leitura do BarraShoppingSul (Av. Diário de Notícias, 300, Cristal). Na história, Matilda e seus amigos investigam os mistérios que assombram a cidade e ameaçam o famoso festival de inverno.

CARTA DA EDITORA

31 de Agosto de 2024
PSICOLOGIA

PSICOLOGIA

Essa porcentagem corresponde ao chamado "tripé do desenvolvimento pleno", que abrange aspectos físicos e motores, cognitivos e socioemocionais.

- No mundo adulto, nós também exigimos resiliência, possibilidade de resolver conflitos, espírito de inovação. Ou seja, habilidades mais comportamentais que são vinculadas a essa capacidade socioemocional, cuja base estrutural também é fundamentada na primeira infância, nos primeiros seis anos de vida - contextualiza Mariana.

No entanto, o ambiente em que a criança é criada determina se ela conseguirá atingir os 90% de desenvolvimento do cérebro ou não. A CEO da entidade comenta que esse entorno envolve muitos elementos, como se a gravidez foi desejada, se há histórico de violência, se os adultos responsáveis pelo bebê o cuidam com amor, afeto, estímulos e vínculos. O ambiente escolar e as mudanças climáticas também interferem nessa formação cerebral.

- A formação do vínculo é a coisa mais importante para o bebê. É como se fosse um escudo de proteção para a criança. Se a criança tem um vínculo forte com os adultos de referência, ela vai inclusive conseguir passar por momentos de adversidade de uma forma melhor no futuro - afirma.

Da mesma forma, uma criança que nasce em um ambiente de violência, abuso, sem brincadeiras e com alto nível de estresse tóxico acaba carregando esses traumas para o resto da vida, tendo altas possibilidades de enfrentar desafios de saúde mental, segundo Mariana.

Impacto do ambiente

Esses reflexos positivos e negativos também são observados por teóricos e especialistas da psicologia. A psicóloga Lisiana Saltiel cita a psicanalista austríaca Melanie Klein, que falava sobre o quanto as relações com os pais e cuidadores são fundamentais para a criança se sentir segura ou rejeitada, por exemplo.

- A forma como a sua criança interior leu essas relações vai ser a forma como vai lidar lá na frente - sintetiza.

Lisiana também faz referência a Donald Winnicott, um pediatra que contribuiu muito com o tema, por ressaltar o quanto um ambiente acolhedor e seguro na infância pode fazer com que a pessoa seja capaz de ser autêntica na vida adulta.

- Nesse contexto, entender como você se formou, quais são seus medos, como é sua maneira de ver e lidar com a realidade, como você ama, como odeia, como reprime ou se defende de angústias, tudo isso é fundamental para a saúde mental e harmonia de suas relações - enfatiza.

Personalidade e confiança

Joana Corrêa de Magalhães Narvaez, professora do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), acrescenta que é a partir das relações originárias e do olhar do outro que o indivíduo se constitui e aprende a ler e a traduzir a si mesmo enquanto sujeito próprio. Por isso, considera que a infância tem grande importância na formação da personalidade e da confiança básica em si e no outro, sendo capaz de gerar uma base mais estável para o desenvolvimento integral e para ter um espaço interno para aprender e crescer:

- É na dinâmica das relações iniciais que nós nos estruturamos, que aprendemos, inclusive, a sermos amados, a desenvolver e internalizar um senso de preservação, a nos valorar enquanto um corpo e psiquismo singular. A infância remete a uma fase desenvolvimental de dependência do outro e, com ela, vem um natural estado de vulnerabilidade.

É por isso que situações traumáticas vividas nessa fase podem deixar marcas futuras. Joana explica que o trauma é justamente uma carga excessiva que o psiquismo não consegue processar. Assim, ambientes inseguros e com base afetiva imprevisível são mais suscetíveis a moldar pessoas com mais medos, mais inseguranças sobre si mesmas, mais baixa autoestima, maior defensividade e potencialmente mais vazios.

- É na infância que vamos criando um espaço psíquico para aprender a nomear e processar as necessidades e as emoções próprias em uma narrativa simbólica. Uma pessoa que teve uma infância preservada e integral tem campo mais fértil para desenvolver mais confiança em si e no outro. Nesse sentido, uma base segura de apego inicial confere continência psíquica, para melhor transitar pelos afetos e processar emocionalmente as vicissitudes da vida - comenta.

Repetições

Isso não significa, contudo, que uma pessoa que viveu situações potencialmente traumáticas não possa, ao longo da vida, revisar a forma relacional inicial para buscar estar em uma posição mais confortável em suas relações. Até porque, na fase adulta, é muito comum que o indivíduo repita lugares nas relações e configurações dinâmicas as quais foi apresentado inicialmente, mesmo de forma inconsciente.

Conforme a professora Joana, essa revisão pode ser feita por meio de novas configurações relacionais, da psicoterapia ou da análise, por exemplo:

- A criança que nos habita ou a criança que fomos é tão constitucional que é naturalmente explorada nos nossos processos. Há de poder se resgatar aspectos que em uma etapa de mais vulnerabilidade nos foram tão constituintes e marcaram a nossa base de funcionamento. Então, é muito importante nos apropriarmos de pontos que nos são mais primitivos ou para os quais regredimos quando sob pressão emocional. 


31 de Agosto de 2024
J.J. CAMARGO

Quem sabe o senhor o convence!

Fui vê-lo, e o encontrei de braços cruzados, resistindo aos apelos cheios de diminuitivos da enfermeira, que pretendia puncionar uma veia para iniciar a quimioterapia.

- Bom dia, seu Firmino, eu sou o doutor José Camargo. - Ah, a minha neta me falou que o senhor é o manda-chuva aqui!

- Não se impressione com isso, seu Firmino, porque ninguém me obedece!  Bueno, aí pouco adianta! Não lembro, nesses anos todos, de uma conquista mais rápida: em 30 segundos de conversa ele já tinha me fisgado.

E o encanto tinha razões de sobra: o convívio social das grandes cidades impõe regras de civilidade que inclui um exercício básico de hipocrisia, indispensável a um relacionamento polido, ainda que às custas do sacrifício da espontaneidade. E aquele homem tosco, mas de uma pureza comovente, nunca precisara aprender que na presença de um desconhecido temos que ser cuidadosos, porque não temos a menor ideia de como ele seja, do seu estado de espírito, das imprevisíveis oscilações de humor, ou de que demônios o incomodam.

E não faria o menor sentido explicar que, na verdade, é exatamente nos nossos melhores dias que estaremos mais vulneráveis, porque a leveza da felicidade interior nos induz a supor que, naquele dia e lugar, todos devam estar igualmente exultantes. E porque nem lembramos mais do quanto as pessoas rindo na rua nos irritavam naqueles dias em que o mundo parecia ter conspirado para acabar conosco.

Quando me sentei para ouvir a história da vida do Firmino, mais pude invejá-lo, por ter chegado aos 88 anos vivendo na sua pequena comunidade, onde ninguém jamais esteve atormentado pelos melindres da sociedade urbana, uma comunidade preocupada o tempo todo apenas em ser, sem o desperdício de aparentar. E nada é mais previsível nesta condição do que a reciprocidade de afeto.

O relato do que a vida fora de casa lhe fraudara nesses 15 dias em que estava no hospital era puro sentimento, e por isso seu drama pessoal não podia ser incluído nos complexos algoritmos da medicina baseada em evidências, essa que aprendemos a usar como construção de um modelo a ser cumprido na orientação terapêutica de uma determinada doença, mas que não considera o que pensa dela o portador.

- Doutor, se o senhor manda alguma coisa, me ajude. Eu já vivi demais, já perdi minha velha, e não quero morrer nesta cidade barulhenta que nem me deixa dormir, que era o único jeito de não pensar o quanto estou sozinho. E se o senhor é mateador, sabe o quanto é ruim não ter ninguém para passar a cuia.

Não fiz mais do que abraçá-lo, antes de sair para assoar o nariz no corredor. _

J.J. CAMARGO

31 de Agosto de 2024
CARPINEJAR

Não troque o amor pela paixão

Não troque um amor por uma paixão. Nunca será uma troca justa, até porque a paixão sempre terá a vantagem do inexplorado, da aventura, da novidade. A paixão é como uma droga forte que cria dependência.

Você só irá querer o vício, não mais a sua vida. Já o amor é uma tranquilidade muito mais simples de se romper. Pois ele é feito de continuidade, de harmonia, de hábitos. Não tem como competir com a idealização, com a fantasia, com a emoção dos extremos.

A aproximação apaixonada é uma projeção - não tem como descortinar, em pouco tempo junto, se a ousadia não é um desequilíbrio, se a intensidade não é um transtorno de quem não se valoriza, se a entrega não é um desvio patológico de comportamento. Bem pode se apaixonar pela doença de alguém jurando que são virtudes exclusivas de uma atração por você. Até descobrir que a pessoa é assim com todo mundo, não somente com você.

Sair do amor não é uma escolha sábia, posto que o encontro de alma é o mais difícil. Não esqueça que você conhece a paz daquela companhia há vários anos, e talvez esteja optando por ficar com quem você conhece há alguns dias.

Química é passageira, efêmera. O respeito ao seu espaço e seu jeito de ser é duradouro. Estabelecer uma amizade funda e constante representa um acontecimento raro na existência, impossível de reprisar.

Não troque o amor pela paixão. Não troque um casamento que deu certo por uma incógnita. A paixão é vaidade: você se sente bonito. O amor é verdade: a relação que é bonita.

No amor, já teve seus defeitos acolhidos. Na paixão, você é uma miragem. Não tem noção de como será recebido quando expuser os seus medos, as suas limitações, as suas manias. É o equivalente a adotar uma medicação sem consultar um médico.

E a paixão não vai desembocar num outro relacionamento. Você vai sair do amor para estar sozinho novamente, não para se casar melhor. Trata-se de um ciclo de obsessão, de uma magia inexplicável, de uma loucura sem precedentes, mas voltará à normalidade e a luz das janelas apresentará os rostos desprovidos de maquiagem da fissura.

Uma hora terminará, e você se verá obrigado a se ocupar com as demais fontes de sua felicidade. Com o fim do monopólio de atenção, como reagirá ao abandono? Pense um pouco mais adiante. Você age pelo instinto e acaba desprezando um amor que demonstrou total confiança. 

Se você colocasse na balança a intimidade conquistada entre adversidades e alegrias, jamais a descartaria pela paixão.Não jogue fora, por uma dúvida excitante, um casamento de tantos anos, uma convicção testada, aprovada, consolidada em viagens, em experiências familiares, em provações e doenças superadas lado a lado.

Um caso será sempre um caso, jamais um casamento. A paixão não se transformará num novo amor. É uma porta de saída, não de entrada. Quem está apaixonado por você não suportará a estabilidade, a calma, o silêncio - tudo que havia de sobra no seu relacionamento.

A saudade dói quando vira arrependimento. _

CARPINEJAR

31 de Agosto de 2024
ANDRESSA XAVIER

Meu nome é Enéas

Quem não se lembra dele? Com 15 segundos de propaganda em rádio e TV nas eleições em que participou, Enéas marcou seu nome para uma geração. Não me refiro às ideias nem ao viés ideológico, mas a uma marca, mesmo que com votações simbólicas nas três tentativas de se eleger presidente.

Agora pense em dois ou três jingles marcantes dos últimos anos nas eleições a prefeito ou governador. Garanto que eles vêm à cabeça rapidamente e vão demorar algumas horas para serem esquecidos. Lembrei até os de senador e alguns de vereador! Mas se eu lhe pedir para pensar em propostas com início, meio e fim, tenho certeza de que a memória vai demorar um pouco mais para conseguir processar. É delas que eu quero falar. Das ideias!

Quantas vezes ouvimos candidatos jogarem ao vento suas propostas prontas para a saúde e a educação, por exemplo. Se prestarmos bem atenção, são coisas macro, sem detalhamento. "Vou melhorar a questão da saúde", diz um deles. É vago. "Vou criar mais vagas em creches", promete outro. É insuficiente. O que é a "questão da saúde", afinal? Pode ser fila, pode ser leito, pode ser convênio, posto, unidade básica de saúde, contratar mais médicos, ampliar horários de atendimento nos bairros e até um novo hospital.

A campanha já está nas ruas. Aliás, foi-se o tempo em que essas aparições relâmpago tipo a do Enéas ou do E-e- eymael eram a única forma de chamar atenção do eleitor. Passou também o tempo em que o eleitor aceitava respostas pela metade. As redes sociais, para o bem e para o mal, têm forte papel nesse momento em que todos os candidatos têm sua própria forma de chegar ao eleitor. Para além do vidro do carro adesivado ou das bandeiras dos políticos nas esquinas, todo mundo tem mil opções no seu celular, especialmente nos seus grupos de afinidade no WhatsApp. Isso sem falar no jornalismo profissional, com a cobertura das eleições pelos diferentes veículos de comunicação.

Na sexta-feira começou a propaganda eleitoral no rádio e na TV. Agora é o momento para, em alguns segundos ou minutos, cada postulante aos cargos de prefeito e vereador se apresentar. É pouco tempo para eles mostrarem ideias, mas alguns sinais podem ser observados, como a postura e o tema priorizado ali, que é normalmente a bandeira de quem fala. Eles precisam dizer pelo que prometem trabalhar. Com mais tempo, nas entrevistas e nos debates, preste também atenção nas ideias para melhorar as cidades. Analise se elas param em pé, se parece que é possível executar, se eles dizem os prazos e de onde viria o dinheiro para tirar do papel. Preste atenção. Pesquise, se informe. Não deixe para pensar nisso só em outubro. _

ANDRESSA XAVIER

31 de Agosto de 2024
EDITORIAL

Compromissos com a natureza

A exemplo do que fizeram os chefes dos três poderes da República no dia 21 de agosto, quando assinaram o Pacto pela Transformação Ecológica, lideranças do setor empresarial brasileiro divulgaram na última quarta-feira um manifesto denominado "Por um pacto econômico com a natureza", pelo qual também se comprometem com a causa climática. As duas iniciativas fundamentam-se nas recentes catástrofes ambientais que atingiram o país - as enchentes do Rio Grande do Sul e os incêndios na Amazônia, no Pantanal e em diversas unidades da federação - e estão focadas na COP 30, a 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, que será realizada em Belém do Pará, em novembro de 2025.

O principal mérito desses documentos é o reconhecimento da urgência de envolver a população brasileira na agenda ambiental. Nem os governantes nem os empresários têm soluções prontas para problemas planetários que atualmente desafiam e ameaçam a humanidade. Mas a conscientização de que cada gestor público, cada empresa e cada cidadão pode fazer a sua parte pode ser o passo decisivo para a reversão da rota para a catástrofe anunciada por organismos internacionais, cientistas e especialistas em clima.

Ainda na última terça-feira, durante o Fórum Anual das Ilhas do Pacífico, em Tonga, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou um alerta mundial sobre a elevação dramática do nível do mar nas próximas décadas, devido ao aquecimento global causado prioritariamente pela emissão de gases resultante da queima de combustíveis fósseis. A ameaça mais urgente recai sobre o sul do Oceano Pacífico, onde o nível do mar subiu 15 centímetros nos últimos 30 anos, colocando sob risco a existência de nações inteiras. 

Mas cidades costeiras de todos os continentes, como o Rio de Janeiro, também podem ser incluídas na primeira linha de uma iminente catástrofe decorrente do derretimento das geleiras na Antártica e na Groenlândia, que provoca a elevação dos mares em todo o planeta. Por conta disso, a prefeitura de Nova York, onde o mar pode subir 26 centímetros até 2050, já começou a criar áreas gramadas para prevenir futuras inundações.

Parece distante, mas é muito mais próximo do que se pode imaginar. Infelizmente, as pessoas menos informadas só começam a se preocupar com o meio ambiente quando são atingidas diretamente por algum evento climático extremo, como aconteceu recentemente em várias cidades gaúchas. Tanto que as recentes pesquisas eleitorais sobre a expectativa de serviços públicos municipais já apontam a preocupação com enchentes em primeiro lugar, acima de tradicionais demandas como saúde, segurança e educação.

Neste contexto, é essencial que os cidadãos brasileiros se engajem nos compromissos assumidos neste mês de agosto por lideranças políticas e empresariais do país. Mais do que isso: é urgente que todos passem da teoria à prática, seguindo as orientações dos cientistas e das autoridades para que não apenas as atividades econômicas, mas também os hábitos cotidianos convirjam para a preservação ambiental. 


31 de Agosto de 2024
REFLEXO NOS GAÚCHOS

REFLEXO NOS GAÚCHOS

Possibilidade levantada por especialistas em meio à tragédia climática tem sido confirmada com estudo inédito do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Levantamento segue sendo realizado e pode ser respondido por maiores de 18 anos que tenham resididido no RS durante a calamidade

- O TEPT tem uma janela de intervenção. O que classicamente a gente vê é que, depois de um ano, pouca gente consegue uma recuperação completa. Existe essa janela de prevenção e ainda estamos nela - destaca, completando que o ideal é que o trabalho comece em até três meses após os eventos traumáticos, mas dentro de um ano ainda é possível ter o tempo de resposta.

Em meio às mudanças climáticas, em 2017 a Associação Americana de Psicologia cunhou o termo ecoansiedade. De acordo com a psiquiatra do Hospital São Lucas e coordenadora de saúde global da Escola de Medicina da PUCRS, Ana Sfoggia, a denominação é tida como um guarda-chuva para diferentes sentimentos, como o de ecoluto, ecotrauma e solastalgia (emoção que causa sensação melancólica, nostálgica, quando o ambiente em que a pessoa vive é afetado).

- Antes de ser atingida, a pessoa pode ter a ecoansiedade e emoções climáticas. No momento em que ela é afetada, acaba tendo uma validação do medo. A gente tem também os impactos diretos de quem perdeu coisas, perdeu pessoas - explica Ana. _

Os sinais foram confirmados por 778 de 1.846 moradores do RS ouvidos entre 7 de junho e 19 de julho deste ano. Essa possibilidade já havia sido trazida por especialistas em meio à tragédia climática e se confirmou com dados encontrados no estudo dirigido pela professora do Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e coordenadora do Grupo de Pesquisa em Psiquiatria Psicodinâmica do HCPA, Simone Hauck.

A pesquisa é realizada de forma online e é aberta para maiores de 18 anos. Até o momento, já recebeu em torno de 5 mil respostas, predominantemente de Porto Alegre e Canoas, mas conta com contribuições de dezenas de outras cidades gaúchas, como da Região dos Vales, sul do RS e área central.

Nos dados analisados com 1.846 pessoas, um dos fatores levados em consideração é o nível de gravidade dos sintomas de TEPT. Os casos moderados a muito graves representam mais da metade, com 53,8%.

Previsto para durar em torno de um ano, o estudo segue aberto. Além de ser maior de idade, para participar é necessário ter residido no RS no período da enchente.

- É importante que as pessoas sigam respondendo e participando para vermos como vai evoluir essa questão ao longo do tempo - diz Simone.

Monitoramento

- É necessário fazer o monitoramento das pessoas. Em Santa Maria houve reorganização dos serviços (após o incêndio). No Hospital Universitário foi criado acompanhamento a longo prazo dos sobreviventes. Na prefeitura também foi estruturado um serviço com foco mais psicossocial, com familiares e vítimas. _

Bianca Dilly

CONEXÃO BRASÍLIA
Conexão Brasília - Matheus Schuch

Lula dará mesmo autonomia plena ao novo presidente do BC? Se um dia o Galípolo chegar para mim e falar "olha, tem de aumentar o juro", ótimo, aumente. Ele tem o perfil de uma pessoa competentíssima, é um brasileiro que gosta do Brasil.

A declaração do presidente Lula, na sexta-feira, sobre seu escolhido para comandar o Banco Central, vai na contramão do recente histórico de críticas ao patamar da Selic. Lula mudou completamente de ideia? Ou escolheu mandar um recado enviesado?

Elogiar publicamente a "competência" de quem ele próprio escolheu é mais do que esperado. É preciso notar que, para Lula, "gostar do Brasil" significa trabalhar pelo crescimento do país. Mas há vários caminhos para este sucesso, e muitas vezes a receita defendida pelo petista é muito diferente do roteiro perseguido pelo BC.

O costume do presidente em disparar indiretas é bem conhecido por seus auxiliares. Recentemente, incomodado com o que considerava um excesso de viagens de ministros, Lula convocou os integrantes do governo para uma reunião e disse a pessoas que nada tinham a ver com o caso que deveriam ficar mais tempo em Brasília e cuidar de suas verdadeiras atribuições.

Mas não é apenas a mania de mandar recados que causa desconfiança. Mesmo após indicar Gabriel Galípolo para a diretoria de política monetária do BC, Lula manteve críticas contundentes sobre a manutenção de juros altos. Estaria agora todo o problema resolvido com a saída de Roberto Campos Neto da presidência?

O mal-estar entre Lula e o atual presidente do BC, indicado por Jair Bolsonaro, está longe de ser apenas divergência no campo partidário e ideológico. O petista já disse que "não se pode ter um BC que não está alinhado aos desejos da nação", e acusou Campos Neto de agir como político mesmo quando o BC tomou decisões unânimes sobre manutenção da Selic - inclusive com os votos de Galípolo e outros diretores indicados por Lula.

Sob o comando de seu escolhido e com três novos diretores que indicará até o final do ano, a promessa de autonomia plena será colocada à prova. Difícil acreditar que Lula não vai pressionar para que a vontade do governo seja implementada. 

CONEXÃO BRASÍLIA

31 de Agosto de 2024
CONEXÃO BRASÍLIA

Conexão Brasília - Matheus Schuch

Lula dará mesmo autonomia plena ao novo presidente do BC?

- Se um dia o Galípolo chegar para mim e falar "olha, tem de aumentar o juro", ótimo, aumente. Ele tem o perfil de uma pessoa competentíssima, é um brasileiro que gosta do Brasil.

A declaração do presidente Lula, na sexta-feira, sobre seu escolhido para comandar o Banco Central, vai na contramão do recente histórico de críticas ao patamar da Selic. Lula mudou completamente de ideia? Ou escolheu mandar um recado enviesado?

Elogiar publicamente a "competência" de quem ele próprio escolheu é mais do que esperado. É preciso notar que, para Lula, "gostar do Brasil" significa trabalhar pelo crescimento do país. Mas há vários caminhos para este sucesso, e muitas vezes a receita defendida pelo petista é muito diferente do roteiro perseguido pelo BC.

O costume do presidente em disparar indiretas é bem conhecido por seus auxiliares. Recentemente, incomodado com o que considerava um excesso de viagens de ministros, Lula convocou os integrantes do governo para uma reunião e disse a pessoas que nada tinham a ver com o caso que deveriam ficar mais tempo em Brasília e cuidar de suas verdadeiras atribuições.

Mas não é apenas a mania de mandar recados que causa desconfiança. Mesmo após indicar Gabriel Galípolo para a diretoria de política monetária do BC, Lula manteve críticas contundentes sobre a manutenção de juros altos. Estaria agora todo o problema resolvido com a saída de Roberto Campos Neto da presidência?

O mal-estar entre Lula e o atual presidente do BC, indicado por Jair Bolsonaro, está longe de ser apenas divergência no campo partidário e ideológico. O petista já disse que "não se pode ter um BC que não está alinhado aos desejos da nação", e acusou Campos Neto de agir como político mesmo quando o BC tomou decisões unânimes sobre manutenção da Selic - inclusive com os votos de Galípolo e outros diretores indicados por Lula.

Sob o comando de seu escolhido e com três novos diretores que indicará até o final do ano, a promessa de autonomia plena será colocada à prova. Difícil acreditar que Lula não vai pressionar para que a vontade do governo seja implementada. _

CONEXÃO BRASÍLIA

31 de Agosto de 2024
POLÍTICA E PODER - Política e poder

Reconstrução sem disputas

Pense numa arquitetura política sofisticada a ponto de uma proposta para a recuperação do Rio Grande do Sul colocar do mesmo lado os ex-governadores Antônio Britto, Olívio Dutra, Tarso Genro, Germano Rigotto e José Ivo Sartori, grandes empresários, capitaneados por Jorge Gerdau Johannpeter, intelectuais como Luiz Osvaldo Leite, Jorge Furtado e Gilberto Schwartsmann, figuras do mundo jurídico, como o ex-ministro Nelson Jobim, professores e líderes religiosos.

O resultado dessa articulação é um "movimento cívico" que propõe ao presidente Lula a criação de uma Agência Interinstitucional de Recuperação e Desenvolvimento do RS.

Uma primeira versão da carta que está sendo escrita a várias mãos foi apresentada a Lula por Tarso Genro quando o presidente esteve no Rio Grande do Sul. Assim que concluídos os retoques de redação e consolidadas as assinaturas, um grupo irá a Brasília formalizar a entrega. Além de Tarso, trabalham na coordenação da proposta os economistas João Carlos Brum Torres e Ana Severo, o sociólogo Zeca Martins, o engenheiro Fernando Mattos, o ex-secretário de Administração Jorge Buchabqui, a jornalista Sandra Bitencourt, o empresário José Paulo Soares Martins e o arquiteto Telmo Magadan.

Ideia é unir esforços da União, Estado e municípios

Pela proposta, caberá à agência, como alta autoridade federal, formular a concepção das ações da União, de forma coordenada com o Estado, municípios e setor privado, e a execução de um plano estratégico de longo prazo para a estruturação econômica e socioambiental do Rio Grande do Sul.

Gerdau não só está empenhado pessoalmente na iniciativa, como faz a ponte com outros empresários e dirigentes de federações empresariais. Ele e Tarso vêm se reunindo para avaliar um caminho comum, no que ambos reconhecem ser um momento decisivo para o futuro do Estado. _

Confira trechos do documento que propõe a criação de uma Agência de Reconstrução e Desenvolvimento:

A proposta de criação de uma agência substitui com vantagem a Secretaria de Apoio à Reconstrução, criada em caráter emergencial, e que deve ser extinta em 11 de setembro, porque a medida provisória não foi votada.

aliás

Como Leite articulou a vinda do ministro da Agricultura à Expointer

Bateu na trave

Dono da Be8, o empresário Erasmo Battistella, que colocou seu jato à disposição para trazer o ministro da Agricultura ao Rio Grande do Sul, é do time que acredita na necessidade de passar por cima das divergências para colocar o interesse público em primeiro lugar.

Por pouco, Porto Alegre não escapou do corte de um dos 36 vereadores, formalizado recentemente. A revisão foi necessária porque, pelo Censo de 2022, a Capital perdeu população.

Na atualização populacional feita pelo IBGE e divulgada na quinta-feira, a Capital voltará a ter o número de habitantes necessário para ter até 37 vereadores, mas o que vale é o número de 2022. _

Passou da conta

O ministro Alexandre de Moares passou da conta com o conjunto de decisões que envolvem a suspensão do X no Brasil. É certo exigir que Elon Musk cumpra as leis brasileiras se quer ter negócios no país, mas o bloqueio das contas de outra empresa, a Starlink, só porque o dono é o mesmo, não tem sentido.

Na queda de braço entre o ministro turrão e o bilionário birrento, o Brasil fica sem uma das redes mais populares do planeta e se alinha com as ditaduras onde a população está impedida de acessar o X, como China e Coreia do Norte. _

mirante

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, vem a Porto Alegre na próxima semana para reforçar a campanha de Maria do Rosário à prefeitura de Porto Alegre. A dúvida é se ajuda ou atrapalha.

O sucesso da Expointer, que esteve ameaçada de não ser realizada ou de ser adiada por causa da enchente, é fruto do trabalho de todos os envolvidos na organização. Esse espírito precisa estar presente em todos os atos da reconstrução do RS.

Os produtores gaúchos foram dormir com a informação de que o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, não viria para a Expointer. O governo federal seria representado pelos ministros Paulo Pimenta e Paulo Teixeira, que já estavam em Esteio. A justificativa oficial era de que não havia avião disponível para trazer o ministro.

Ao saber que esse era o motivo e convencido de que a ausência do titular da Agricultura não só tiraria o brilho da inauguração da feira como frustraria os produtores que esperavam dele anúncio de medidas concretas, o governador Eduardo Leite entrou em campo.

Leite ligou para o ministro e ouviu dele a confirmação de que estava com dificuldade para vir. Pediu que Fávaro aguardasse um instante que iria viabilizar uma forma de trazê-lo para Esteio.

Em contato com o presidente da Cotrijal, Nei Mânica, os dois combinaram de falar com o empresário Erasmo Battistella, da Be8, para ver se ele podia emprestar seu jato. Prontamente, Battistella, que tem excelentes relações tanto com o governo estadual quanto com o federal, colocou o avião à disposição do ministro. Na abertura da Expointer, Leite e o ministro sentaram-se lado a lado e conversaram amistosamente. _

POLÍTICA E PODER
 31 de Agosto de 2024
INFORME ESPECIAL - Rodrigo Lopes

A má política de Mr. Musk

Elon Musk, dono do X, o antigo Twitter bloqueado na sexta-feira pela Justiça brasileira por descumprir a lei, gosta de arvorar-se como paladino da liberdade de expressão, enquanto, na verdade, está preocupado apenas em fazer política - a seu modo, imaginando-se acima dos marcos legais dos Estados nacionais.

Acusa o ministro Alexandre de Moraes e o Palácio do Planalto de censura, embora cumpra, com rigor - e principalmente em silêncio -, decisões de governos que lhe são simpáticos.

Os rompantes pela suposta liberdade de expressão que defende não são vistos em países como Turquia, Índia e Arábia Saudita - nesse último, aliás, a monarquia teocrática é uma das acionistas da plataforma.

Em 2023, o governo de Narendra Modi, na Índia, proibiu a exibição e menções na rede social de um documentário da rede BBC sobre a omissão das autoridades sobre uma revolta em Gujarat, que resultou na morte de mil muçulmanos, em 2002. O que fez Mr. Musk? Bloqueou perfis que indicavam o link do trabalho. Disse que "não poderia violar as leis do país". Tempos depois, na mesma nação que experimenta a deterioração da liberdade de expressão, acatou a ordem do governo para remover contas de jornalistas críticos ao presidente. Na Turquia de Recep Tayyip Erdogan, não é diferente.

Não soa estranho Musk fazer gritaria apenas contra governos e órgãos judiciais de blocos supranacionais ou países onde há consolidadas regras de regulação das redes sociais, como União Europeia, Reino Unido e Austrália? O Brasil engatinha para algo semelhante. Estranho Musk não se preocupar com as mensagens de ódio, o racismo, a desinformação, a pornografia e a apologia ao nazismo que pululam em sua plataforma. Não, o que ele faz não é lutar pela liberdade de expressão. É política. Má política. _

Kamala Harris esteve à vontade e suave em sua primeira entrevista. Kamala Harris, e seu candidato a vice, Tim Walz, concederam a primeira entrevista juntos desde a confirmação de seus nomes para a corrida eleitoral.

Kamala se mostrou firme, esteve suave e à vontade durante os 30 minutos de conversa com a rede CNN.

A vice-presidente nunca esteve "olho no olho" com Trump. Recentemente, o ex-presidente fez falas em que contestou a identidade da adversária, afirmando que ela se apresenta como "negra", mas que, antes das eleições, não se identificaria assim. Ela respondeu:

- O mesmo manual velho e cansado. Próxima pergunta, por favor - afirmou, em tom cômico.

A entrevistadora retrucou: - É isso? E ela respondeu:

- É isso. Contudo, ainda no começo da entrevista, a candidata foi questionada sobre políticas públicas e como seria seu primeiro momento na Casa Branca. Kamala apresentou respostas simples, como:

- Há uma série de coisas no primeiro dia - disse.

Relação com Biden

Kamala foi interpelada sobre como foi o momento em que Biden a avisou que estava saindo da corrida.

- Era um domingo. Minha família estava conosco, incluindo minhas sobrinhas, e tínhamos comido panquecas. Estávamos sentadas para um jogo, o telefone tocou e era Joe Biden. Disse o que tinha decidido. E perguntei: "Você tem certeza?". Ele disse: "Sim".

O vice

Governador de Minnesota, Tim Walz passa a imagem, como alguns analistas apontam, do "tiozão" que é técnico de futebol, com características amigáveis. Por diversos momentos enquanto ele falava, Kamala o observava com orgulho, mostrando que há parceria entre os dois. _

Entrevista - Diego Ramos Coelho

Especialista em Relações Internacionais e diplomata de carreira

"Conflitos atuais são fruto de fraturas, mas estão regionalizados"

Especialista em Relações Internacionais e diplomata desde 2010, Diogo Ramos Coelho lança o livro Mundo Fraturado, com uma análise profunda dos desafios que afligem o planeta. Atualmente, é chefe da assessoria de Relações Internacionais do Ministério do Planejamento e Orçamento. Ele conversou com a coluna.

? No livro você fala sobre o aumento dos conflitos, ascensão de líderes autocratas, desinformação e polarização. Há um mal-estar civilizatório?

Sim, esse mal-estar é fruto de uma dinâmica entre o que chamo de forças de coesão, que estruturaram a ordem liberal na qual vivemos, e o que chamo de forças de dissonância. Há essa briga entre o lado que estruturou essa ordem liberal e um outro que forma essas fraturas. Essa briga de forças tem causado essa apreensão e um pouco desse mal-estar.

? É possível comparar a situação com o período pré-Segunda Guerra?

Sim, é possível compararmos com os anos 1920, que também foi momento de crise, de apreensões, de angústias, que, infelizmente, resultaram em uma catástrofe. Mas tenho esperança de que consigamos contornar essas fraturas atuais.

? Há dois grandes conflitos em curso: entre Rússia e Ucrânia e no Oriente Médio, além da possível retomada de Taiwan pela China. Onde você acha ser mais provável o início da Terceira Guerra Mundial?

Ainda não está nesse ponto de ruptura. Podemos olhar para a ordem atual como fraturada, há indícios de que aquela coesão à qual estávamos acostumados na década de 90, no começo de 2000, não exista mais. O mundo hoje é muito mais multipolar. Toda ordem multipolar é um pouco mais instável do que uma ordem na qual só há um grande ator poderoso. A multipolaridade pode ser muito bem-vinda quando você tem mais uma heterogeneidade na divisão do poder, mas à medida que os pontos de poder se multiplicam, isso também pode causar instabilidades. Os conflitos são frutos dessas fraturas, mas ainda estão regionalizados. Eles ainda não adquiriram um caráter sistêmico.

? Vários países emergentes ou economias em ascensão questionam a ordem liberal e o próprio equilíbrio de poder. Já não representa o mundo atual?

Questionam, por exemplo, a configuração do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Já não é um equilíbrio de poder hoje. Alguns países têm um papel e influência marcantes nas relações internacionais. Então, um dos argumentos que trago é que toda ordem nunca é mantida sem a colaboração de outros Estados. A manutenção de uma ordem não depende de uma potência hegemônica. Depende de colaboração entre atores, até para que seja considerada legítima.

? Sobre o tema ambiente, o que observamos são boas intenções e conversas, mas pouca efetividade. Por quê?

É necessário trabalhar dois aspectos: do papel das instituições internacionais ou, mais amplamente, dos regimes internacionais. Fazer com que 190 governos concordem com algo é tarefa muito difícil. Essa dificuldade é inerente ao sistema internacional. Mas é importante observar que, embora não consiga avançar na velocidade e na abrangência necessárias para combater um problema urgente, é possível identificar consensos ao longo do processo. _

INFORME ESPECIAL

sexta-feira, 30 de agosto de 2024


30 de Agosto de 2024
CARPINEJAR

Sem o colo do pai

Toda morte é um despertador da nossa morte. O fim trágico do zagueiro Juan Manuel Izquierdo, do Nacional-URU, que morreu na terça-feira, acometido por um mal súbito, não sai da minha cabeça em replay infinito.

O jogador de 27 anos teve uma parada cardiorrespiratória associada à arritmia cardíaca aos 39 minutos da etapa final do embate contra o São Paulo, no Morumbi, válido pelas oitavas de final da Conmebol Libertadores.

É uma cena que não apareceu durante a transmissão. Ele se encontrava no meio de campo e começou a trotear, perdendo o equilíbrio até cair no gramado. Caminhou para o lado, cambaleante, sem entender o que estava ocorrendo.

Você nunca espera que isso vá acontecer com um atleta jovem de alta performance, que é submetido a treinos e baterias de exames periódicos. Uma pequena arritmia havia sido detectada em Izquierdo há 10 anos num eletrocardiograma, quando atuava no Atlético Cerro. Nada grave na época, mas que foi roubando secretamente o seu coração.

O apagar das luzes chega justamente no melhor momento da carreira do zagueiro, que regressou valorizado ao Nacional após passagem de sucesso pelo Liverpool, modesto clube uruguaio com o qual se consagrou campeão nacional em 2023.

E também experimentava o melhor momento da sua vida pessoal, celebrando o filhinho de alguns dias, novo irmão da filhinha de dois anos. Há duas semanas, o defensor assistia ao parto da esposa Selena.

Há duas semanas, postava foto em suas redes sociais com o traje hospitalar, segurando o recém-nascido com olhar altivo, doce e derramado para seu menino. Duas semanas depois - quem diria? -, ele não está mais entre nós. Seus colegas, seus familiares jamais imaginariam que se mostrava sob recôndito perigo.

Apenas duas semanas se passaram entre a sua maior alegria e a sua partida precoce e repentina.

Seu filho não vai conhecer o pai, não vai conviver com ele. Assim como sua filha pouco se lembrará do colo paterno. Reinará a lacuna do sorriso protetor. É uma orfandade que abate uma família. A existência é um delicado e tênue sopro. Tentamos ignorar a nossa finitude, jurando que teremos muito tempo pela frente, mas ela grita com os exemplos ao nosso redor.

Em qualquer adeus, não haverá justiça. Será sempre imprevisível, de uma hora para outra. Não disporemos de chance de fazer as malas ou discursar para quem amamos. Deixaremos um rastro de dor e lágrimas.

Não dá para se adiar, não dá para se fiar em promessas, não dá para se sentir a salvo e imune, não dá para fugir das visitas aos médicos: nunca saberemos quando será a última vez.

Toda morte é um despertador da nossa morte. Eu já marquei meu cardiologista para segunda-feira. Não vou mais me sabotar ou me tratar como uma exceção. Exceções falecem. O checkup completo deveria ser obrigatório. Em qualquer adeus, não haverá justiça. Será sempre imprevisível, de uma hora para outra

CARPINEJAR


30 de Agosto de 2024
MARCO MATOS

Não

Como é bom dizer não. É libertador! Sublime! O não pro outro, normalmente, é um sim para você mesmo. Quantas vezes somos jogados à armadilha de ter que abrir mão das nossas prioridades para agradar alguém, pra ser educado, pra manter um emprego? Será que vale a pena?

Queria propor essa reflexão. Vamos pensar juntos: qual foi a última vez que você disse não pra alguém? Aquele não redondo. Sem meia volta, sem desculpa, sem ficar com vergonha. Um N-Ã-O maiúsculo? No meu caso, faz tempo. Normalmente tenho a tendência a ceder, pensar bem, fazer o possível pra agradar e facilitar as coisas. Mas viver assim cansa!

Fui pesquisar sobre o assunto e encontrei especialistas em neurociência dizendo que essa falta de coragem de dizer não pode prejudicar muito a pessoa que sempre deixa o caminho fluir e que costuma ceder com facilidade. O sim é óbvio, dizia um dos especialistas num dos vídeos que assisti. Já o não normalmente é dito em entrelinhas pra não magoar o outro.

Repare bem nos seus amigos, parentes... Como eles reagem quando você nega algum convite? Quando se recusa a fazer algo? Quando não apresenta um "motivo" para não ir a algum lugar? E vou mais fundo: quantas vezes você já mentiu, inventou algo para poder dizer um não sem ser constrangido por isso?

Precisamos, sim, dizer mais NÃOs. E, da mesma maneira, precisamos lidar bem com ouvir um não. Mas aqui há um ponto bem importante nessa reflexão. O não é sempre uma oportunidade para mudar a rota, pra entender que aquele lugar não é mais teu, que aquilo não tem tanta importância. Tem vezes em que o não é um grande sim pra todo o resto.

Pra resumir e concluir esse meu pensamento, eu diria que a questão que simplifica essa teoria é o domínio das próprias escolhas e da vida que a gente leva. Não devemos esperar liberação de ninguém. É um saco viver com a carga de ser avaliado e de ter que dar importância pra essa avaliação. Ninguém, além de nós mesmos, pode dizer sim ou não pras nossas próprias prioridades.

E, além disso tudo, poucas pessoas lembram das inúmeras vezes em que você disse sim para elas. O "não", esse sim, é inesquecível! Ingratidão? Talvez. Mas esse é assunto para uma outra sexta-feira. _

MARCO MATOS

30 de Agosto de 2024
ARTIGOS

Produtividade e população

É o trabalho das pessoas que gera riqueza em um país. Só trabalho gera valor. Uma máquina parada ou um saco de dinheiro não passam de manifestações materiais do trabalho - não necessariamente "físico", mas a atuação na transformação de insumos em produtos. Quando comparamos países, existem diferenças entre a quantidade de valor gerada por uma hora de trabalho. 

Um trabalhador médio norte-americano, por exemplo, gera quatro vezes o que um trabalhador brasileiro entrega de valor no mesmo período; o português gera pelo menos o dobro. Esta é uma medida de produtividade do trabalho, ou seja, de quanto valor se obtém com a labuta. Note que não se trata de trabalhar mais tempo, mas de gerar mais valor no mesmo tempo. O Brasil é um país onde a produtividade do trabalho é baixíssima.

As explicações são diversas, indo da excessiva burocracia, que dificulta negócios, até questões pontuais como a logística atrasada que usamos por aqui. Mas, com bom grau de convicção, é possível afirmar que o principal fator que determina a baixa produtividade do brasileiro é sua carência educacional. Os dados do Ideb são evidência disso.

Os dados divulgados recentemente são dramáticos. O Ideb considera taxas de aprovação e desempenho em uma prova. Esta prova é baseada em uma escala de proficiência, ou seja, aquilo que o estudante está preparado para fazer em português e matemática. A partir dos resultados de 2023, podemos constatar que o estudante brasileiro médio não consegue, por exemplo, reconhecer visões distintas em um mesmo texto ou diferenciar fatos de opiniões em reportagens. Em matemática, este estudante médio não consegue reajustar percentualmente um valor ou determinar a probabilidade de ocorrência de um evento qualquer.

Agora, considere que o Brasil é um país que tem a maior parte do seu PIB concentrada no setor de serviços altamente dependente de trabalho. Considere, ainda, que o Brasil está envelhecendo rápido - o RS chegará no seu pico populacional daqui a dois anos! Como, então, vamos manter crescimento econômico se teremos menos pessoas e estas pessoas produzem muito pouco? _

Ely José de Mattos

Economista e professor da Escola de Negócios da PUCRS

O caminho para a autonomia feminina

O número de mulheres empreendedoras no Brasil cresceu 21% nos últimos 10 anos. Quando o assunto é o protagonismo feminino nesta área, entretanto, os sentimentos divergem. Se afirmei que temos o acréscimo, preciso também falar dos problemas, que enxergo como desafios.

Aproveito o Agosto Lilás - momento de combate à violência contra a mulher - para reforçarmos as nossas batalhas. O ano de 2024 marca os 18 anos da criação da Lei Maria da Penha, que trouxe conquistas no que diz respeito a proteção, aplicação de justiça e ferramentas de coibição.

O mês que se encerra registrou um novo amparo para o Estado, para Porto Alegre. Tivemos a inauguração da 2ª Delegacia de Polícia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) de Porto Alegre. Enquanto chefe de Polícia do Rio Grande do Sul, já havia instituído a sala das margaridas, ambiente reservado para o atendimento especializado já estabelecido nas delegacias.

E se estamos discutindo os pilares de amparo à mulher, a legislação precisa estar em pauta. Necessário recordar que o voto feminino é uma conquista que tem 92 anos. É recente. Citei o crescimento de empreendedoras - são 10,3 milhões -, mas preciso informar que equivale somente a 34,4% do empresariado nacional. É pouco.

Você sabia que 49% das empreendedoras são chefes de família? E que as donas de negócio trabalham 18% menos justamente em função desses compromissos que infelizmente não são igualitários? E a discriminação? Um quarto das empreendedoras confessam que já sofreram com ela. E se falarmos em formalização, precisamos lembrar que mais de dois terços não possuem CNPJ.

As lutas são diversas, mas o caminho é conhecido. Sou criadora da Frente Parlamentar do Empreendedorismo Feminino na Assembleia Legislativa e essas são apenas algumas das nossas batalhas. Já obtivemos vitória ao consolidar a legislação de proteção à mulher no RS, porém é necessário mais. Precisamos de capacitação, programas que foquem a equidade e também a representatividade e os devidos reconhecimentos em todos setores da sociedade. _

Delegada Nadine - Deputada estadual (PSDB)


30 de Agosto de 2024
EDITORIAL

EDITORIAL

O direito de escolher

Começa hoje a propaganda eleitoral no rádio e na TV, o que se convencionou chamar de horário eleitoral gratuito porque o espaço de divulgação é cedido sem ônus para partidos e candidatos. Neste período, que se estende até 3 de outubro de acordo com o regramento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), agremiações políticas, coligações e federações têm a oportunidade de passar ao público informações sobre seus candidatos aos cargos de prefeito, vice-prefeito e vereador para as eleições de 6 de outubro, em primeiro turno, e 27 de outubro, caso haja a necessidade de desempate entre os mais votados para cargos no Executivo.

As regras são claras e já foram amplamente divulgadas pelo TSE, inclusive com o tempo de propaganda rigorosamente distribuído de acordo com a representatividade de cada legenda. Não é, portanto, responsabilidade das empresas de comunicação a distribuição desigual das inserções, circunstância que costuma provocar dúvidas de ouvintes e telespectadores insuficientemente informados. Mas as emissoras de rádio e TV têm restrições severas durante o período eleitoral.

Não podem, por exemplo, veicular propaganda política em sua programação normal e nos noticiários. Além disso, estão impedidas de divulgar entrevistas e imagens de pesquisas eleitorais em que seja possível identificar os entrevistados e de dar tratamento privilegiado a candidatos e partidos. Também não devem veicular filmes, novelas ou qualquer programa com alusão ou crítica aos concorrentes ao pleito, com exceção de programas jornalísticos e debate políticos, que também estão submetidos ao regramento e à vigilância da Justiça Eleitoral.

O uso de espaço em veículos de grande alcance, como o rádio e a TV, também exige responsabilidade dos candidatos e das organizações partidárias, não apenas em relação ao conhecimento e ao cumprimento da legislação eleitoral como também - e principalmente - em relação à qualidade do conteúdo levado ao conhecimento do público. Trata-se de uma grande oportunidade para o pretendente a cargo público se apresentar ao eleitor e também para divulgar suas ideias e suas propostas para merecer a representação popular.

Já é tradição na política nacional, durante a propaganda eleitoral, que apareçam os candidatos folclóricos, os que se dizem salvadores da pátria e também aqueles que criticam a política tradicional como se não estivessem buscando um lugar neste universo. Nem a legislação nem a Justiça podem impedir a presença de aventureiros, mas o eleitor tem poder para separar o joio do trigo nesta semeadura política. Basta prestar atenção nas mensagens e selecionar criteriosamente aqueles que merecerão o seu voto, rejeitando pela exclusão os oportunistas.

Este é o principal propósito do horário eleitoral obrigatório no rádio e na televisão. Como ocorre com qualquer programação desses veículos que têm interface com os lares, os escritórios e a intimidade do eleitor, cabe unicamente a ele o direito de ligar, desligar e manejar o controle seletor de canais para ouvir e ver o que for de sua vontade e de seu interesse para se capacitar a uma escolha verdadeiramente livre e democrática. 


30 de Agosto de 2024
ACERTO DE CONTAS - Giane Guerra  - acerto de contas

Incentivo para quem tem bom histórico

Resposta confusa

O texto assinado pelo presidente do BNDES, Aloísio Mercadante, chamou a afirmação de Lemos de "injusta e indevida", frisando que um dirigente de instituição financeira sabe que estão sendo seguidas decisões do Conselho Monetário Nacional (CMN). Tanto o presidente do Banrisul sabe, que citou na própria entrevista que dependeria de autorização do CMN, sugerindo que a reflexão fosse feita pelo governo federal também.

A coluna reforçou o pedido de entrevista (que tem há semanas) para esclarecer este e outros pontos, mas o BNDES disse que não daria. Inclusive queria entender o tom bastante agressivo do texto, enfatizando que o BNDES faz "repasses vultosos" ao Banrisul, como se isso impedisse de sugerir adaptações no alcance do crédito. Não impede. A solicitação de expandir as linhas de crédito para quem teve queda de faturamento já foi feita pelo vice-governador, Gabriel Souza, e pelo próprio ministro da Reconstrução do Rio Grande do Sul, Paulo Pimenta.

Um argumento da nota do BNDES é de que não está conseguindo atender todas as empresas das áreas de inundação, garantindo que já "mobilizou" R$ 11,2 bilhões, somando o crédito aprovado com a suspensão de financiamentos. _

Um cadastro positivo agilizará a liberação de licenciamento ambiental para empreendedores gaúchos que não têm histórico de problemas, antecipou o secretário estadual do Desenvolvimento Econômico, Ernani Polo, no Painel RBS, na Expointer. Haverá um "score", ou seja, uma pontuação, nos moldes da que já existe nos birôs de crédito para consumidores que são bons pagadores.

Ainda no evento, o economista-chefe da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Antônio da Luz, disse que a licença é até mais essencial do que o crédito para avançar a irrigação, tão necessária para o agro enfrentar estiagens. Mesmo assim, o presidente do Banrisul, Fernando Lemos, sinalizou que este "score" poderia ser usado pelo banco para liberar empréstimos "verdes", - inclusive a taxas menores - para agricultores e pecuaristas.

Um bom exemplo é o milho, que mais do que dobra sua produtividade em lavouras irrigadas, informou o diretor-adjunto do Departamento de Economia e Estatística-RS, Rodrigo Feix. Isso, claro, tem impacto positivo em cascata na pecuária, pois o Estado não é autossuficiente neste grão, que é essencial na alimentação dos animais. _

Fábrica reerguida

Economia verde

Para reerguer a fábrica e recompor estoque, serão investidos R$ 54 milhões, financiados pelo Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE). O valor do prejuízo não chegou a ser mensurado, diz o diretor, Gustavo Justo:

Tínhamos máquinas muito antigas. Compraremos equipamentos modernos e vamos elevar as áreas atingidas.

Será implementado um sistema para gerar vapor de biomassa. A obra começará quando o dinheiro for repassado. A ideia é retomar a operação total no final de 2025. Hoje, a Astória opera com 60% da capacidade. Nenhum funcionário foi demitido. Com 45 anos, a Astória emprega 200 pessoas. _

Dois pontos importantes sobre a busca do RS pela "economia verde" foram citados no Campo em Debate na Casa RBS, na Expointer, em parceria com o BRDE.

Um deles é que ela ocorra por projetos que tenham viabilidade econômica e não apenas por exigência de leis, como em outros países.

Falou-se também da importância da consciência do consumidor neste processo, pois em várias situações ele terá que pagar mais caro para bancar a inovação pela sustentabilidade. _

Descartado novo leilão

- Temos conversado com os produtores de arroz, que estão nos garantindo que manterão os preços baixos, embora tenhamos percebido aumentos na semana passada - disse Teixeira.

A coluna havia prometido encaminhar o questionamento ao governo federal quando conduziu o Painel RBS em parceria com Federarroz e Abiarroz, entidades que representam os produtores e a indústria do grão. O leilão anterior foi desgastante e acabou cancelado após denúncias de irregularidades, que levaram à exoneração do diretor responsável na Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). _

Quem achou que o painel Mulheres no Comando do Agronegócio seria sobre o universo feminino no campo, enganou-se. Temas espinhosos do setor tomaram conta. Veja no YouTube de GZH.

ACERTO DE CONTAS