10 DE SETEMBRO DE 2021
+ ECONOMIA
Semeou vento, colhe tempestade
Para engrossar o 7 de Setembro e as ameaças golpistas, o presidente Jair Bolsonaro chamou os antigos parceiros de maio de 2018, os caminhoneiros. Convenceu-os, decerto, que os 11 ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) são culpados pelo aumento do diesel, pelo risco energético e pela estagnação da economia. Acabou perdendo o controle sobre o movimento. Ontem, ocorreram bloqueios e ameaças, inabaláveis mesmo depois de o presidente ter gravado um vídeo dizendo o que deveria ter pensado antes: a parada é ruim para a economia.
Era só o que faltava. Nas mobilizações que tiveram apoio dos caminhoneiros, Bolsonaro sequer mencionou os problemas da economia que preocupam a grande maioria da população. Não era seu alvo. Ao atacar o STF, Bolsonaro mira na própria sobrevivência política, tanto que repetiu a frase: só vê três saídas para si mesmo, prisão, morte ou vitória. Aceitar uma eventual derrota e atuar na crítica a outro governo, tão necessária agora quanto no futuro, sequer passa pela sua cabeça. Seu foco é ele mesmo, sua família e os seguidores radicalizados, patrocinados por quem não tem compromisso com estabilidade. Ao contrário, espalha o caos.
Essa mobilização não tem o peso da ocorrida em 2018, porque sua pauta não é baixar preço de combustível, moderar pedágio ou melhorar condições das estradas. Reúne apenas os mais radicalizados, porque a meta é a derrubada do STF, como propôs Bolsonaro a seus parceiros.
No final da tarde de ontem, o Ministério da Infraestrutura informou que só haveria "pontos de concentração" em rodovias federais de 10 Estados, mas não havia mais bloqueios. A maior parte, conforme dados da Polícia Rodoviária Federal, era no Sul.
Diante de dezenas de milhares de pessoas e para todas as câmeras, o presidente disse que não cumpriria decisões judiciais. Como vai cobrar que seus liderados acatem seus pedidos e as ordens das autoridades? Quem semeia vento colhe tempestade.
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