segunda-feira, 21 de julho de 2008


Jaime Cimenti

Um dia de sol

Naquela manhã de domingo, eu não tinha nenhum Prêmio Nobel a receber e nem a Juliana Paes estava me esperando no Parcão. Prêmio Nobel, Juliana Paes, o que é mais importante? Você decide.

Eram apenas nove da madrugada e eu nem sabia que tempo fazia lá fora, mas, mesmo assim, pulei da cama, ou melhor, para falar bem a verdade, fui levantando e me desenrolando devagarzinho feito um gato fazendo alongamento na academia de ginástica.

Vesti o abrigo esportivo, calcei os tênis e acordei um pouco mais quando abri a janela e o sol entrou por ela mansamente, pousando elegantemente igual à claridade de lâmpada dicróica.

Um dia de sol. Lembrei da rainha Elisabeth II, da Inglaterra. Não sou fã dela, gostava mais até da mãe dela, a rainha-mãe, que guardava uma garrafa de gim debaixo da cama.

Mas esses dias, na televisão, no dia do seu aniversário de 82 anos, ela me comoveu. Perguntaram para Elizabeth II o que ela queria de presente. Como se tivesse a resposta pronta há quinze anos, ela, uma das mulheres mais ricas e poderosas do mundo, disse simplesmente: um dia de sol.

Em Londres, como se sabe, não tem muito sol, e a rainha tem de tudo. Fiquei pensando uns minutos nela e no dia de sol, tomei café com leite, comi uma torradinha de pão de centeio e uma banana, tomei meus remédios e fui caminhar no Parcão.

Descendo pela Padre Chagas, fiquei observando o sol, a luz do sol e aquele céu azul de brigadeiro e fiquei feliz pela idéia para esta crônica. Não foi uma idéia original, claro, nem muito criativa, mas fiquei pensando que prefiro sol, calor e luz do que escuridão, sombra, neblina, chuva e frio.

Não tenho nada contra quem gosta de inverno, de roupas pesadas, do escuro e das cores tristes da estação. Sei que a natureza precisa de tudo, mas nada como a luz do sol para achar que o mundo e tudo mais estão começando de novo.

A luz do sol está aí sempre reinaugurando o mundo e a vida. É show antigo, milenar, imortal e está em cartaz há mais tempo que as peças e os fantasmas de Shakespeare e O Fantasma da Ópera, na Broadway. E, ainda por cima, o sol nem cobra nada.

E olha que hoje no mundo não tem almoço e nem muita coisa de graça por aí. Aproveite o dia, aproveite o dia de sol! É de grátis!

Jaime Cimenti - Uma ótima segunda-feira e uma excelente semana para todos nós.

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