quinta-feira, 17 de julho de 2008


MARCO AURÉLIO CANÔNICO
ENVIADO ESPECIAL A LOS ANGELES


"Coringa representa medo da anarquia e do caos"

Diretor diz que paralelo com mundo real foi inconsciente. Na última cena de "Batman Begins", o tenente Gordon diz a Batman que suas ações iriam gerar reações em escalada. "Você veste uma máscara e sai pulando pelos telhados...

Veja esse sujeito, tem uma queda pelo teatral, como você. Deixou uma carta de assinatura", diz o policial, mostrando o coringa do baralho.

Esse é o ponto de partida para a trama de "Batman - O Cavaleiro das Trevas", que estréia amanhã no Brasil, com 500 cópias (292 legendadas, 208 dubladas) em 520 salas (cerca de um quarto do total do país).

"Essa cidade precisa de uma classe melhor de criminosos, e eu vou dar a ela", diz o já lendário Coringa de Heath Ledger. Mais do que um caso de ação e reação, o vilão e o homem-morcego são complementares.

"Ele é a resposta lógica ao Batman, que instigou esse tipo de comportamento extremo em Gotham", disse o diretor Christopher Nolan em uma mesa-redonda de jornalistas, da qual a Folha participou.

Nesta segunda parte do que deve ser uma trilogia, Nolan criou um sombrio épico criminal, que tem sido comparado a seqüências clássicas como "O Poderoso Chefão 2" e "O Império Contra-Ataca".

"Procurei não fazer conscientemente um paralelo com o mundo real; o filme é ficção e deve funcionar assim. Mas é possível notar nele uma prevalência do medo da anarquia e do caos, representados pelo Coringa, que acho que são medos atuais", disse o diretor.

Nolan ressalta a importância que dá ao realismo da história, não só em termos de filmagem -usando poucos efeitos especiais- mas também na composição dos personagens.

"O que me interessa é a qualidade sombria do Batman como herói. Ele é movido por impulsos muito negativos, tem uma psique que tenta controlar."

Christian Bale diz que foi essa profundidade que o atraiu no personagem. "Ele é bem humano, não tem superpoderes, tem conflitos internos. É altruísta, mas também é tentado pela violência, pela vingança."

Os personagens principais do primeiro filme estão de volta (com Maggie Gyllenhaal no lugar de Katie Holmes como Rachel Dawes). Entre as novidades, o diretor tenta destacar o promotor Harvey Dent, o Duas Caras (Aaron Eckhart).

"O Coringa é o vilão mais espalhafatoso, mas Harvey é um personagem mais convincente, tem uma história completa."

De fato, a narrativa de Dent é mais completa, mas a atuação de Ledger e sua morte por overdose acidental de remédios, em janeiro, colocaram todo o foco em seu Coringa.

O jornalista MARCO AURÉLIO CANÔNICO viajou a convite da Warner Bros.

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