quinta-feira, 17 de julho de 2008



OS DEZ MAIS DO BRASIL

Como se trata de gente fina, eu deveria dizer 'top ten'. O Brasil sempre foi um país de grandes personalidades. Temos o nosso maior traficante de drogas, Fernandinho Beira-Mar, reduzido à condição de celebridade criminosa presa há mais tempo.

Há algo errado com ele ou com o sistema. O sujeito não foge, não é assassinado na cadeia e não ganha condicional. Será que se esqueceu de financiar a campanha de alguém?

Temos também o maior contrabandista, Law Kin Chong, maior fornecedor da conhecida rua 25 de Março, em São Paulo. Esse não teme 'chonga' alguma. Conhece o entrai-e-sai da prisão. Agora, num nível mais sofisticado, temos Daniel Dantas.

Esse corre perigo. Os colegas estão furiosos com ele. Cometeu um crime imperdoável. Concorrência desleal. Inflacionou o mercado do suborno ao oferecer R$ 1 milhão a um policial. Esse tipo de atitude desorganiza os negócios.

Há, no entanto, pontos positivos. Acabou o bordão de que decisão de Justiça não se comenta. Agora são os juízes que comentam decisões do presidente do STF e pedem a cabeça do homem. Melhor assim. Afinal, estamos no país das simples coincidências. O delegado Protógenes Queiroz pediu afastamento da Operação Satiagraha.

Vai fazer, por ironia, um curso de aperfeiçoamento pessoal. Certamente, para aprender a não se meter onde não foi chamado. É o mesmo que foi descrito como 'descontrolado' pelo advogado de Dantas, o petista Luiz Eduardo Greenhalgh, numa gravação flagrada pela Polícia Federal.

O ex-paladino da ética, nessa ligação, pedia ao secretário da Presidência da República que 'desse um toque' no chefão da PF, visto que havia alguém seguindo o principal cupincha de Daniel.

Enfim, temos também na lista dos dez mais a Polícia mais perigosa, a do Rio de Janeiro. Em cada três ações, comete um engano e mata um inocente. A população já pensa em pedir ajuda aos bandidos para se proteger. Temos também os juristas mais preocupados com abuso de poder contra figurões.

Graças a essas sumidades, quase sempre sumidas quando se trata de pobre sem camisa, de cara no chão ou arrastado feito bicho, as algemas serão reservadas às classes infames, da qual fazem parte os fornecedores daquilo que é consumido pelas classes mais empoadas.

Faz sentido. Um cara como Dantas não precisa de algemas. Não vai sair correndo nem puxar uma arma. Puxa o celular e consegue um habeas corpus. Com elegância.

Temos também a Mesa do Senado mais cara-de-pau. Essa mesma que tentou aprovar a criação de 97 cargos sem concurso e com salários de R$ 10 mil mensais. Não colou. Incrível é que ninguém saiu algemado por tentativa de assalto.

Temos também o biógrafo com mais fontes e grandes histórias. Fernando Morais já contou os pensamentos de Assis Chateaubriand em coma. Repetiu a dose com Paulo Coelho. Quer dizer, conta os pensamentos de Paulo Coelho sendo comido. É duro? Mas vende.

Temos os dois craques mais fofos e parados do mundo, Ronaldão e Ronaldinho, ambos especializados em atuar na Espanha e em dar golpe nos italianos.

Se falhar, eles já têm um plano 'b': a primeira dupla de pagode caipira internacional. Na França, onde 'gros' quer dizer 'gordo', eles são conhecidos como Gronaldão e Gronaldinho.

Enfim, temos o presidente do STF, Gilmar Mendes, o cara que mais solta o mesmo homem de prisões tão temporárias que já estão sendo chamadas de 'rapidinhas'. Ao menos, Dantas já identificou o culpado e o que há de ilegal nisso tudo: as provas.

juremir@correiodopovo.com.br

Com previsão de muito sol ainda para hoje, que tenhamos todos uma ótima quinta-feira

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