segunda-feira, 28 de julho de 2008



28 de julho de 2008
N° 15676 - Paulo Sant'ana


Rivalidade Gre-Nal em ebulição

Vez por outra, em ciclos de erupção, emergem as lavas da paixão gremista, inundando todos os corações tricolores de um exacerbado sentimento de orgulho.

Foi assim na Batalha dos Aflitos, foi assim novamente na quinta-feira passada, quando os gremistas de todos os quadrantes do planeta se encheram de júbilo pela goleada surpreendente e merecida do Grêmio sobre o Figueirense.

Havia gremistas que telefonavam do Oriente Médio para congratular-se com os gremistas daqui, ansiosos por uma confraternização à distância que lhes matasse a saudade.

Havia gremistas em várias outras partes do mundo que, assim que conheceram a goleada pela internet, foram tomados de um desvario cívico tanto pela goleada quanto pela assunção do time de Celso Roth à liderança do campeonato.

Foi mais uma noite iluminada pelas labaredas da paixão gremista.

A goleada do Grêmio seria apenas o primeiro resultado fenomenal da semana passada.

O segundo viria com a espantosa derrota do Internacional sob o Ipatinga, uma bomba arrasa-quarteirão sobre o futebol gaúcho.

Uma vitória colorada sobre o lanterna do campeonato era o resultado óbvio, o mais esperado por todos os observadores.

E veio a derrota do Internacional, gelando os torcedores colorados.

Eu já vi este filme na Libertadores do ano passado e na campanha do Grêmio em 2007: o time de Mano Menezes ganhava todas no Olímpico e não vencia nenhuma fora de casa.

O Internacional tem 96% de aproveitamento nos jogos do Beira-Rio e péssima campanha nos jogos fora de casa.

Isso se dá quando a torcida é melhor que o time. Cria-se um ambiente no Beira-Rio, como se criava no Olímpico no ano passado, em que tudo fica propício na atmosfera do estádio para uma ótima produção do time local, que no entanto murcha quando se distancia de sua torcida.

Um dia, os psicólogos ainda vão explicar esse fenômeno, embora ele se enquadre na lógica de que a grande maioria de pontos obtidos em qualquer campeonato se verifica nos jogos dos clubes mandantes.

O Grêmio surpreende, mas já não surpreende tanto. É que estão decorridos 40% do campeonato até agora.

Ou seja, esta liderança do Grêmio não pode ser encarada como uma sazonalidade. É verdade que a ponta de cima está embolada, que ainda faltam 60% do campeonato a serem disputados.

Mas o Grêmio se inscreve como um dos candidatos ao título, basta que ele venha a manter a regularidade de até agora e que nenhum dos seus escudeiros revele melhora fulminante nas próximas 10 rodadas.

Mas o Grêmio mostra solidez na sua liderança. E acima de tudo, com as vitórias sobre o São Paulo no Morumbi e sobre o Figueirense no Estreito, demonstra que preenche um dos pressupostos básicos para chegar ao título: ganhar fora de casa.

O Internacional gasta cinco ou seis vezes mais que o Grêmio para sustentar o seu time.

Incrivelmente, o Grêmio tem sete pontos de diferença sobre o Internacional no campeonato. Já no ano passado, quando o Internacional ostentava o título de campeão mundial, o Grêmio, para surpresa geral, chegou na frente do Inter no Brasileirão.

Não será isso um detalhe revelador de que, até mesmo pela superioridade amassante do Inter sobre o Grêmio no aspecto financeiro, os dirigentes gremistas são mais capazes que os dos tradicional rival?

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