segunda-feira, 1 de janeiro de 2024

Histórias vivas das pessoas comuns

Historiadora gaúcha Júlia Martins

Historiadora gaúcha Júlia Martins

Camera Press/Divulgação/JC

Marco Antonio Birnfeld
Como uma pessoa do Renascimento lavava seus cabelos? Como as mulheres se preparavam para o parto? E o que essas questões podem nos dizer sobre debates contemporâneos? A gaúcha Júlia Martins, 34 anos de idade, moradora há oito anos na Inglaterra, colocou no ar, há poucas semanas, seu canal no Youtube, chamado "Living History". Nele, a historiadora se propõe a "trazer à vida as histórias das pessoas comuns", abordando tópicos como higiene pessoal, o desenvolvimento do sabonete, a gravidez, o lesbianismo em conventos através dos séculos. Nesta sexta, um vídeo inédito fará curiosa abordagem: quais as razões médicas que determinam a ordem em que os pratos são servidos à mesa: no início, as saladas; lá adiante, no final, a sobremesa.
Filha do magistrado Tulio Martins (TJRS) e da jornalista Eunice Gruman, a historiadora Júlia conversou, nesta quarta-feira, com o Espaço Vital. "Vivemos em um mundo cada vez mais polarizado. Muitas vezes, nossas discussões se beneficiariam de um pouco mais de nuance e de contexto histórico. Ao mesmo tempo, muitos que se interessam por história encontram-se limitados pelas narrativas sobre grandes batalhas, líderes ilustres e revoluções políticas, que quase sempre trazem apenas más recordações de nosso passado escolar. Ou, então, por versões hollywoodianas que, embora divertidas, repetem mitos históricos, para o exaspero de historiadores, e tendem a se concentrar em reis e rainhas, e não em seus valetes ou jardineiros".
O acesso é fácil: no YouTube basta digitar Living History, by Julia Martins. Detalhe: existe a opção de legendas em português, pelo comando "auto-traduzir", disponível nas configurações do canal.

Mulheres, raramente

A busca de Lula por um nome para substituir Flávio Dino no Ministério da Justiça coloca em evidência, mais uma vez, um flanco pelo qual o governo tem sido cobrado: a falta de representatividade feminina.
Levantamento feito pelo jornal O Globo mostrou que - tal como a pasta que ficará vaga a partir da ida de Dino para o STF - outras 14 nunca tiveram uma mulher à frente desde a redemocratização. Em síntese, mais de um terço dos ministérios jamais teve mulher no comando. O número representa 39% da atual configuração da Esplanada, com 38 ministérios.

Mudanças de gênero

Os cartórios brasileiros registraram um número recorde de mudanças de gênero em 2023. Conforme a Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil), 3.908 cidadãos/cidadãs trans ou não binários, conseguiram atualizar seus documentos. E, na maior parte dos casos (99%), com mudanças no nome.
Desde 2018, o procedimento pode ser feito sem a necessidade de ordem judicial, conforme decisão do Supremo Tribunal Federal.

Regra na carreira

A partir de janeiro, as vagas para magistrados de carreira na segunda instância dos tribunais deverão ser preenchidas de acordo com a resolução do Conselho Nacional de Justiça que estabelece alternância de gênero para promoções por merecimento. O texto não atinge as cortes eleitorais e militares, que têm regras específica. A ação afirmativa valerá para as cortes que tiverem patamar inferior a 40% de magistradas de carreira na segunda instância, até que a paridade seja alcançada.

Cifrões palacianos

O governo federal gastou, em 2023, impressionantes R$ 26,8 milhões com reformas, compra de novos móveis, materiais e utensílios domésticos para o Palácio do Planalto, o Palácio da Alvorada, a Residência Oficial do Torto e o Palácio do Jaburu. Em comparação com anos anteriores, é o maior gasto com esse tipo de despesa, que não considera a manutenção do dia a dia das residências oficiais, nem o pagamento de funcionários.
Os números são do Portal da Transparência e do Siga Brasil. A Secom informou que as peças adquiridas respeitam os padrões e referências dos Palácios oficiais. "Além disso, todas as peças passam a integrar o patrimônio da União e serão utilizadas pelos futuros chefes de Estado que lá residirem."

Campeão de dengue

Triste e inglório título brasileiro. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre o número de casos de dengue em 2023 apontam o Brasil como o país com maior incidência da doença no mundo. Ao todo, foram 2,9 milhões registrados até 11 de dezembro - mais da metade dos mais de 5 milhões registrados mundialmente.
De acordo com a entidade, vivemos um patamar mundial histórico. Na publicação, divulgada no dia 22, a OMS alertou sobre o fato de a doença também ter se espalhado para países onde historicamente não circulava, como França, Itália e Espanha.

Ar condicionado silencioso?...

(...Onde?) Afirmar, em campanha publicitária, que determinado aparelho de ar-condicionado é silencioso não gera danos morais coletivos. Com essa conclusão, a 4º Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) julgou improcedente ação civil pública, contra a Springer Carrier, ajuizada pelo Ministério Público Federal. Este verberou que "a campanha violou direitos difusos do consumidor, induzindo-o que os aparelhos de ar-condicionado produzidos pela Springer Carrier fariam nenhum barulho" - o que não seria verdade.
O juízo de primeiro grau e o Tribunal Regional Federal da 3ª Região (SP) concluíram que os consumidores foram iludidos, ao ser atribuída uma característica inexistente aos aparelhos anunciados.
Mas, acolhendo o recurso especial da fabricante, o ministro relator Raul Araújo considerou que "o puffing, técnica publicitária que utiliza o mero exagero comparativo, é admitida". (Recurso especial nº 1370677).

Um, dois, três... oito

Após indicar Cristiano Zanin e Flávio Dino como ministros do STF; e Daniela Teixeira, José Afrânio Vilela e Teodoro Silva Santos ao STJ, Lula terá oito novas escolhas a fazer para o Judiciário no próximo ano.
Estão abertas mais duas vagas no STJ - reservadas a candidatos da magistratura federal e do Ministério Público. E também uma no TST; e cinco em três Tribunais Regionais Federais.

Boquinha postal

Exonerado da presidência da Empresa Brasileira dos Correios (EBC) - após a imprensa revelar que ele compartilhou uma publicação que chamava apoiadores de Israel de "idiotas" - o jornalista Hélio Doyle vai seguir ganhando salário do governo por... mais seis meses! Isso porque a Comissão de Ética Pública decidiu conceder quarentena remunerada a Doyle.
Na prática, ele não poderá atuar na iniciativa privada por um semestre. Mas, simultaneamente, será recompensado com a mesma remuneração que recebia na EBC - exatos R$ 34.895,78 ao mês. "Preenchi o pedido, encaminhei à comissão e fui comunicado da decisão", afirmou Doyle. $imple$ não é mesmo?

Vácuo para as vítimas

Depois de três anos sem a cobrança obrigatória do seguro por Danos Pessoais por Veículos Automotores Terrestres (DPVAT), extinta no governo Bolsonaro, faltam recursos para pagar vítimas de acidentes de trânsito e outras pessoas que teriam direito ao benefício. Sem os R$ 230 milhões necessários para pagar todos os valores devidos este ano, a Caixa Econômica Federal - que administra o fundo com os restos do que foi arrecado até 2020 - adiou para 2024 os pagamentos relativos a acidentes ocorridos a partir de 15 de novembro.
Na Câmara dos Deputados, a decisão foi de deixar para o ano que vem a discussão sobre o projeto de lei complementar encaminhado pelo governo para recriar a cobrança do DPVAT.

Agora férias

O colunista desfruta, a partir desta sexta-feira, das imprescindíveis férias. Tal para o retempero da energia e a recarga da faculdade de reter e recordar impressões e conhecimentos. Reminiscências e lembranças vêm e virão à imaginação.

Fica, desde já, reagendada a retomada do contato bissemanal na quinta-feira 1º de fevereiro de 2024. Feliz Ano Novo, prezados leitores! 

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