Por que Melo ainda não admite concorrer

Mesmo com o apoio aberto de partidos aliados e pontuando bem em pesquisas divulgadas ao longo de 2023, o prefeito Sebastião Melo resiste em confirmar publicamente sua candidatura à reeleição em Porto Alegre. Quando questionado, diz que ainda é cedo para tratar do assunto e que o foco é cuidar das demandas da cidade.

Aos partidos aliados, Melo já avisou que pretende esperar até o final da janela partidária, que vai de 7 de março a 5 de abril, para conversar sobre a eleição e anunciar que está no páreo. Com o fim do período para que os vereadores troquem de legenda, coincide o prazo limite para que secretários e adjuntos que pretendem concorrer à Câmara Municipal deixem os cargos na prefeitura.

Melo acredita que, ao se colocar como candidato agora, poderia provocar um "desarranjo" na base aliada, sobretudo na relação com o PSDB, que manifesta intenção de lançar nome próprio.

Em paralelo, o prefeito ainda trabalha para garantir o apoio de partidos como Republicanos e PSD, cuja decisão de coligação nas capitais costuma passar por deliberação nacional. No caso do PSD, Melo já conversou com o presidente nacional da legenda, Gilberto Kassab.

Além do seu MDB, o prefeito recebeu apoio público do PL, sigla do vice-prefeito Ricardo Gomes, além do PP e do PRD (antigo PTB). No mês passado, em um jantar, líderes do Podemos também afirmaram que estarão com ele na corrida.

Outro fator que pesa no cálculo do prefeito é o momento da cidade, que ainda lida com as consequências das enchentes de 2023 e registra episódios de falta de água na Zona Leste e na Zona Sul. Para os próximos meses, a expectativa é de um cenário mais favorável, sobretudo pela ampliação nos investimentos em zeladoria, um dos três pilares do orçamento de 2024, ao lado da saúde e da educação.

Enquanto Melo reluta em se colocar no jogo eleitoral, seus adversários já se preparam para entrar em campo. O PT confirmou a pré-candidatura da deputada federal Maria do Rosário, que deve concorrer em aliança com o PSOL.

O PDT apostará na ex-deputada Juliana Brizola ou no ex-deputado Vieira da Cunha, provavelmente em aliança com o PSB.

Por sua vez, o União Brasil confirmou a pré-candidatura do deputado estadual Thiago Duarte, enquanto o Partido Novo deve optar pelo deputado Felipe Camozzato. Já o PSDB aguarda resposta da deputada Nadine Anflor para definir a candidatura na Capital.

Em pesquisa divulgada no último dia de 2023 pelo instituto AtlasIntel, que mediu a avaliação dos prefeitos de capitais, Sebastião Melo apareceu com 49% de aprovação e 33% de reprovação. Os outros 18% não souberam responder. O líder do ranking é João Campos (PSB), de Recife (PE), aprovado por 81% dos entrevistados. O lanterna é Edmilson Rodrigues (PSOL), de Belém (PA), aprovado por 6% e rejeitado por 88%.

PAULO EGÍDIO INTERINO

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