Enfrentando as dez maiores ameaças do planeta
Jaime Cimenti
Mega-Ameaças (Editora Planeta, 352 páginas, R$ 94,90, tradução de Maria de Fátima Oliva do Coutto e revisão técnica de Andreia Marques Duarte), do celebrado economista Nouriel Roubini, professor da Stern School of Business da Universidade de Nova York e que serviu na Casa Branca e no Tesouro dos Estados Unidos de 1998 a 2000, apresenta, com consistência e objetividade, as dez perigosas tendências que ameaçam nosso futuro e como sobreviver a elas.
Nouriel Roubini participa regularmente do Fórum Econômico Mundial de Davos e de outros fóruns internacionais, além de ser consultor de bancos centrais em todo o mundo. Roubini foi ironicamente apelidado de Dr. Apocalipse quando previu a crise imobiliária de 2008 e a Grande Recessão - até que elas se tornaram realidade.
Em tom gravíssimo, Roubini pensa que estamos caminhando para o pior desastre econômico mundial desde a Segunda Guerra Mundial. Ele propõe que, para evitá-lo, sejam tomadas providências quanto às dez mega-ameaças globais de curto e médio prazo listadas por ele: Crise da dívida, Armadilha do resgate, Bomba-relógio demográfica, Tentação de dinheiro fácil, Estagflação, Colapso financeiro, Fechamento de fronteiras, Extinção de empregos pela inteligência artificial, Nova Guerra Fria e Catástrofe climática.
Depois de examinar cada mega-ameaça, Roubini apresenta caminhos para enfrentá-las e diz que está na hora de deixarmos para trás quaisquer ideias preconcebidas e construir um mundo diferente. "As mega-ameaças que enfrentamos vão remodelar nosso mundo. Caso queiramos sobreviver, melhor não ser pego de surpresa. Precisamos agir agora, antes que seja tarde demais", disse Roubini.
"Não somente o leitor se sentirá melhor ao ler este livro, como o mundo será um lugar melhor quando os bancos centrais o lerem também", escreveu Nassim Nicholas Taleb, autor de A lógica do cisne negro e Antifrágil.
Lançamentos
• Inventário de fomes cotidianas (Metamorfose, 204 páginas, R$ 45,00), novo livro de crônicas da escritora e procuradora de Justiça aposentada Marta Leiria, leitora voraz, traz bem elaboradas confissões, invenções e minidizeres sobre psicologia, consumo, família, arte, urbanismo, cultura, filosofia e política.
• Operação Portuga 2.0 (Arquipélago, 208 páginas, R$ 59,00), do jornalista, escritor e maratonista gaúcho Sérgio Xavier Filho, em nova edição ampliada, conta como ficou a vida de cada um dos personagens 13 anos depois do Desafio do Portuga, famosa maratona, onde estavam cinco homens e um recorde a ser batido.
• Meu livro de cordel (Editora Global, 112 páginas, R$ 65,00) é um dos melhores livros da grande Cora Coralina e homenagem a todas as histórias e poesias de cordel. Sua ligação obstinada com os poetas nordestinos inspirou versos como A terra é templo. / O lavrador é semeador, / A lavoura é altar / O grão é a oferta.
Guerra cultural, progressismo, narrativas e governos
Nas últimas décadas, especialmente após o término da Segunda Guerra Mundial, nos meios de comunicação, nas escolas e universidades, nas artes plásticas, literatura, televisão, no cinema, em outros canais de mídia e em organizações e instituições, públicas ou privadas, notadamente as esquerdas , em várias partes do mundo, passaram a enfatizar discursos e narrativas envolvendo o "politicamente correto", o progressismo, questões de gênero, feminismo, linguagem, meio ambiente, ativismo judicial e outras pautas políticas e culturais. Guerras culturais começaram a ser travadas.
É claro que é preciso ouvir todos os lados, filtrar as "narrativas" e procurar o que é melhor para si e para o coletivo. Não está fácil, nesse mar de fake news, ditaduras digitais e grades de algoritmos.
Claro que o Brasil não ficou fora deste contexto mundial e governos de direita e de esquerda conviveram e convivem com as chamadas "guerras culturais", que atualmente foram intensificadas com o desenvolvimento dos meios eletrônicos de comunicação, as redes sociais e outras plataformas de comunicação. E aí estamos vivendo com cultura do cancelamento, ditaduras digitais, algoritmos comandando as massas, medievalismo trevoso digital, intoxicação digital e outras mazelas inevitáveis desses nosso tempinho pós-moderno. Nossas vidas escorrem rapidamente na modernidade líquida do saudoso Zygmunt Bauman.
Guerra Cultural na Prática (Avis Rara, 192 páginas, R$ 59,90), obra organizada por Gustavo Lopes, jornalista, mestre em comunicação, escritor e cineasta e ex-Secretário Nacional do Audiovisual em 2022, apresenta artigos de vários autores sobre as estratégias utilizadas pela nova esquerda para silenciar opositores e demonstrar como é possível se posicionar de forma assertiva diante das diversas e complexas situações que se apresentam neste momento conturbado da história.
O objetivo maior da coletânea de ensaios é compreender as ramificações da Guerra Cultural em inúmeros setores (linguagem, artes e cultura, antirracismo e feminismo, meio ambiente, saúde, cultura e STF) e, a partir da compreensão, buscar o melhor debate e a melhor forma de atuação política para enfrentar a guerra cultural, que acontece atualmente em várias parte do mundo.
Cristián Rodrigo Iturralde, Eduardo Bolsonaro, Lara Brenner, Hélio Angotti Neto, Ives Gandra Martins, Luciano Pires, Natália Sulman, Patrícia Silva, Ricardo Salles, Canal Heróis e Mais, Elvis Ventura da Silva, Antoni Bleick Ventura da Silva e Gustavo Lopes, especialistas em suas áreas, são os autores dos textos que tratam com clareza e objetividade de Revolução Cultural Chinesa, hegemonia cultural, Escola de Frankfurt, manipulação da linguagem, o imaginário e cinema e artes na cultura pop, anticapitalismo, meio ambiente e interesses internacionais, saúde, política, STF e outros temas relevantes.
a propósito...
Cultura deve ser, por excelência, o território da igualdade, da fraternidade e da liberdade. Tentativas de dominação linguística e/ou cultural no mundo deram no que deram. O ser humano e o povo sempre vão buscar a criatividade, a liberdade e o que for melhor para o coletivo. Democracia, pluralidade, diálogo, diversidade,igualdade, respeito e liberdade para todos são os melhores caminhos. Podem não ser os mais fáceis e sempre serão passíveis de aperfeiçoamento, mas vale lembrar: depois da vida, a liberdade é o bem maior.
Jaime Cimenti
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