21 DE OUTUBRO DE 2023
FRANCISCO MARSHALL
A PAZ POSSÍVEL
Inspirados por poemas de Goethe (1749-1832) publicados em 1819, o músico argentino de família israelita Daniel Barenboim (1942) e o intelectual palestino Edward Said (1935-2003) criaram em 1999, em Sevilla (Espanha), a Orquestra Divã de Ocidente e Oriente, com musicistas espanhóis e de países do Oriente Próximo (Egito, Irã, Israel, Jordânia, Líbano, Palestina e Síria). Artista extraordinário, Barenboim é a primeira pessoa a ter simultânea cidadania israelense e palestina, e publicou, no dia 10 de outubro p.p., a seguinte declaração: "Eu segui os eventos deste final de semana com horror e a mais alta preocupação, ao ver a situação em Israel/Palestina piorando para profundezas inimagináveis.
O ataque do Hamas à população civil israelense é um crime ultrajante, que eu condeno veementemente. A morte de tantos no sul de Israel e em Gaza é uma tragédia que vai marcar os tempos vindouros. A extensão dessa tragédia humana é não apenas em vidas, mas também em reféns capturados, lares destruídos e comunidades devastadas.
Um cerco de Israel a Gaza constitui uma política de punição coletiva que é uma violação dos direitos humanos. Edward Said e eu sempre acreditamos que a única via para a paz entre Israel e Palestina é uma via baseada em humanismo, justiça, igualdade e um fim da ocupação, mais do que ação militar, e eu hoje me encontro firme nessa convicção, mais fortemente do que nunca. Nesses tempos de provação e com estas palavras, eu me solidarizo com todas as vítimas e suas famílias".
A tensão histórica entre israelenses e palestinos é questão complexa, mas não insolúvel, e só pode ser enfrentada com muita clareza, coragem e humanismo. Eis os axiomas: 1) Essa questão não permite adesão maniqueísta, polarização, exclusão ou generalização. Israel é uma nação complexa e dividida, o judaísmo é muito mais que este país e inclui parte central do humanismo histórico; a Palestina é uma nação sem Estado igualmente complexa, a cultura árabe é muito mais do que a jihad islâmica e é fonte de valores nobres. 2) Há ódio étnico criado por coquetel de preconceitos, erros políticos, educação e mídia malversados e insuficiência de valores de concórdia. 3) A paz é possível, mas não com o predomínio dos homens e dos valores e conceitos que levaram a esta situação horrenda. 4) Sem concessões genuínas não haverá mudança positiva.
Uma situação complexa pode ser equacionada e pacificada, desde que seus componentes sejam discernidos e colocados em uma fórmula produtiva: (violência 1 x antiviolência 1) + (violência 2 x antiviolência 2) + (?) = paz. Há que se apresentar e formular os enganos para que predominem verdades apuradas por fato e pensamento, e não por convicção e violência. Todas as vozes e sobretudo as de israelenses e palestinos inconformados com a violência precisam de apoio para que se reconheçam ambos os povos como dignos e merecedores de destino histórico decente.
O fundamento está dado por arte-humanistas: reconhecimento mútuo, sem promessas e políticas de destruição recíproca; o restante será consequência disto, em um novo ciclo em que a paz produza vida e felicidade.
Um comentário:
lindo lindo mesmo tb concordo DEVERÁ se assim masssss pra AGORA ? isso q vc propoe é uma construção para decadas oi seculos .... agora luta menmo é tentat se mangter vivo
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