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terça-feira, 3 de março de 2009
03 de março de 2009
N° 15896 - LUÍS AUGUSTO FISCHER
Internacional, Venezianos, Imperadores
Furungando para encontrar coisas sobre a velhíssima ligação entre a fundação do Inter, cem anos atrás, e o Carnaval – ligação que existiu lá e voltou agora, com o desfile e o título da Imperadores, salve, salve –, acabei refazendo uma leitura de grande proveito e fazendo outra, proveitosa e inédita.
A ligação antiga é a da cor: reunidos os fundadores para deliberar sobre a cor do nascente Inter, a opção recaiu sobre as cores da Sociedade Venezianos, que ia para as ruas com a lindíssima combinação vermelho e branco. A alternativa eram as cores da Esmeralda Porto-Alegrense, verde e branco, mas era pra ser encarnado, colorado, de ases celeiro e vencedor de grenais.
A releitura foi a do clássico O carnaval porto-alegrense no século XIX, de Athos Damasceno (edição da velha Globo, 1970). O ótimo livro não alcança o ano de 1909, quando ocorreu aquela opção, mas conta muito sobre as décadas anteriores.
As duas sociedades foram fundadas em 1873 e tiveram a companhia de outras, todas tendo como motivo de fundo uma espécie de elevação do Carnaval, até então praticado sob a forma crua e violenta do entrudo. Ao longo dos anos, Venezianos e Esmeralda cresceram em rivalidade, com seus carros alegóricos comentando e satirizando atualidades.
Nenhuma das duas era propriamente popular, no sentido de congregar gente pobre: era diversão de classes médias. Em certo momento do livro, acompanha-se uma polêmica cheia de chispas entre o jornalista Miguel de Verna, esmeraldino, e Ramiro Barcellos, veneziano, levada às ruas em cartazes e poemas satíricos.
Mas eu precisava saber de 1909, porque a história conhecida afirma que o Carnaval daquele ano teria sido particularmente agressivo entre as duas socidades, e por isso a escolha das cores do Inter teria levado a rompimentos. Que havia rivalidade, está claro, já no livro de Athos (e por que raios não se reeditam os livros dele?); mas que em 1909 a coisa tenha encrespado, não está claramente demonstrado.
E nem parece ter ocorrido, a julgar pelo excelente Coisas para o povo não fazer – Carnaval em Porto Alegre (1870-1915), de Alexandre Lazzari (Editora da Unicamp, 2001).
Num trabalho que acompanha esse período com ânimo interpretativo e com muitos dados, ficamos sabendo que em 1914 rolou o último carnaval dessas sociedades, derradeiro fôlego dessa modalidade de festa. Pelo menos no plano formal, as hostilidades foram poucas nos últimos anos, e pelo contrário havia um intenso sentido de confraternização.
Me alegrei, como colorado, de saber que na Esmeralda estava associado aquela figura azeda do Borges de Medeiros e, parece, a maior parte da turma chapa-branca, incluindo o jovem Getúlio Vargas.
Mas Lazzari afirma que ambas tinham perdido o caráter satírico de antes. Aquele modelo de Carnaval estava em crise, sintomaticamente, digo eu, no momento em que o samba estava se definindo e abrindo novo capítulo de nossa história cultural.
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