Tarde de Domingo
Era mais uma daquelas tardes de
domingo, em que minha casa estava vazia — assim como eu. A solidão apertava de
um jeito que nem sei como descrever, e a falta de você me invadia de forma que
parecia impossível de ignorar. Tentei fazer algo, qualquer coisa que me
distraísse, mas em cada canto da casa, em cada movimento, você estava lá, como
uma sombra persistente que não me abandonava.
Tentei assistir a um filme, mas
você se espalhava por cada cena, como um espectro que não conseguia sair da
minha cabeça. Peguei um livro, e de repente você se materializou nas palavras
tristes do mocinho que partiu, deixando a mocinha perdida, esperando por algo
que nunca voltaria.
Eu tentei, juro que tentei. Mas,
no final, me vi abrindo seu perfil nas redes sociais, quase como uma última
tentativa de encontrar algo de você. Um sinal, um vestígio que me dissesse que,
de alguma forma, você ainda pensava em mim. Mas nada. Claro, você nunca foi fã
dessas coisas, e talvez isso seja o pior de tudo: não saber nada sobre você, ou
saber que você está indo muito bem, talvez, muito melhor sem mim.
Fui então rever nossas conversas
antigas e, como uma criança sem vergonha, acabei chorando, me perguntando pela
milésima vez: por que não conseguimos dar certo, se éramos tão bons juntos, se
eu me sentia tão feliz?
Já faz tempo que não sei mais
nada sobre você. Sei que se formou, que ainda está no mesmo trabalho, mas não
sei quais músicas você tem ouvido, qual livro marcou você ultimamente, ou, quem
sabe, se ainda sente falta de mim. Às vezes, me pego desejando desesperadamente
saber como você está, o que está acontecendo na sua vida. Mas então lembro que
não tenho mais esse direito.
Era tarde, e eu queria tanto te
ligar, só para ouvir sua voz, nem que fosse por alguns segundos. Queria ter a
coragem de ser como aqueles adolescentes tímidos, que, mesmo com vergonha,
fazem isso só para sentir um pedacinho de quem você é agora e o que você anda
fazendo. Mas, ao invés disso, liguei para outra pessoa, tentando encontrar algo
de você, algo que preenchesse um pouco desse vazio que ficou.
Mas não deu certo. Ela estava
apressada, voltando de uma viagem, e logo desliguei. O modo como ela se
despediu me lembrou o quanto você sempre teve tempo para mim, não importava a
hora, o lugar ou o que estivesse fazendo. Você sempre me atendia, com aquela
paciência infinita, até quando era apenas para eu perguntar qual cor de sapato
seria mais adequada para uma entrevista.
Mas acabou, não é? E eu fiz
promessas. Prometi para mim mesmo que não falaria mais de você, que não te
compararia com ninguém, mas o meu coração não cede. Ele ainda insiste em te
lembrar, trazendo você de volta nos meus dias vazios, quando percebo o quanto
você é a parte que falta em mim.
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