12 DE JULHO DE 2022
TRANSPORTES
RS perde 120 terminais rodoviários em 10 anos
As estações rodoviárias gaúchas estão virando coisa do passado. Ao longo de uma década, 120 delas fecharam. O problema não é tão recente, mas o agravamento, sim. De acordo com o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer), só de 2020 até agora, 28 terminais fecharam as portas no Rio Grande do Sul. Porém, a queda vem ocorrendo desde 2013. Em 2012, o número de estações rodoviárias ativas era de 294. Reduziu para 282 no ano seguinte e, em 2022, chegou a 174. Ou seja, há uma década, o RS tinha 41% mais terminais.
O principal motivo do fechamento é a queda na quantidade de passageiros transportados. Em 2015, por exemplo, 45 milhões de pessoas passaram pelos terminais de ônibus no RS. Em 2019 - antes da pandemia - caiu para 33 milhões. E no ano passado chegou a 11 milhões. A queda foi de 75%.
Na venda de uma passagem, 11% do valor é destinado para a estação rodoviária. O montante para despacho de encomendas é um pouco maior: 15%. E, como a demanda diminuiu expressivamente, as receitas encolheram da mesma forma. Em raros casos, os terminais de passageiros têm outras fontes de renda. Alguns têm prédio próprio e podem alugar espaços para restaurantes e lojas.
Já os custos de operação não diminuíram. Mesmo que as estações tenham fechado em algum momento durante a pandemia, o valor da mão de obra - o salário dos funcionários - é o mesmo. As despesas de tributos também não reduziram. O que muda são as taxas que Daer e Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do Rio Grande do Sul (Agergs) cobram, calculadas conforme o faturamento.
Nas estações rodoviárias que ainda resistem, a queda na demanda traz redução de investimentos e de oferta de serviços, ocasionando menos movimento e, consequentemente, ainda mais redução do número de passageiros.
Ações de socorro pelos órgãos públicos chegam a ocorrer, porém, num cenário de crise, elas acabam não surtindo efeito a ponto de evitar os fechamentos. Logo no início da pandemia, por exemplo, o Daer suspendeu o pagamento da taxa de outorga para os contratos que haviam sido licitados recentemente. E horários de funcionamento dos terminais foram flexibilizados, permitindo a abertura mais próxima do horário da chegada dos ônibus, não o dia inteiro.
Prefeituras
Também há fatores externos ampliando a crise. O transporte clandestino aumenta sempre que há problemas econômicos. E as prefeituras, mesmo não sendo responsáveis diretamente pelo problema, poderiam se envolver mais, na opinião de quem conhece bem o problema.
- Todo mundo quer rodoviária na sua cidade. Mas na hora de fazer o transporte de saúde, por exemplo, as prefeituras, em vez de ajudarem a subsidiar a passagem, fazem elas o transporte dos pacientes com vans, ou contratam quem o faça. Tudo isso enfraquece o sistema de transporte - destaca Lauro Hagemann, que foi diretor de Transportes Rodoviários do Daer entre 2015 e 2022.
As empresas de ônibus ainda resistem, pois podem vender a passagem pela internet ou na modalidade comum, diretamente nos veículos. Mas o passageiro sofre com a falta de um local propício para desembarque. A chuva, o frio e a dificuldade para conseguir um táxi são alguns dos transtornos enfrentados.
JOCIMAR FARINA
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