16 DE JULHO DE 2022
EMPREENDEDORISMO NO RS
Não basta só gostar, é preciso conhecimento sobre gestão
Segundo Denys, quem quer empreender no ramo da cerveja precisa ter em mente que é algo estritamente empresarial e que é necessário ter noção clara das despesas e receitas do negócio. Isso, aponta, é o que falta para as pessoas - e nisso, se inclui - que desejam abrir sua própria empresa. O engenheiro elétrico comenta que, na graduação, não teve aulas sobre tópicos como receitas, despesas, impostos e lucros.
- Às vezes, as pessoas empreendem sem essa noção e, depois que o dinheiro inicial acaba, começam a fazer as contas e se apavoram com a dificuldade. Então, acho que é fundamental ter uma formação básica em gestão empresarial. Não adianta só gostar e querer fazer cerveja, até porque existem muitas pessoas que fazem boas cervejas - argumenta.
Mas ele acredita que existe espaço para empreender nessa área no Rio Grande do Sul, principalmente devido à tradição cervejeira herdada dos imigrantes alemães e ao interesse sempre crescente pelo produto. Porém, julga que algumas cidades já estão saturadas, como Porto Alegre e Caxias do Sul, que aparecem em primeiro e quinto lugares na lista dos municípios brasileiros com mais cervejarias, com, respectivamente, 40 e 19 estabelecimentos.
Os números são do Anuário da Cerveja 2020, o mais recente divulgado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Os dados também mostram que o RS se destaca no ramo. Até o primeiro ano de pandemia, o território gaúcho tinha 258 cervejarias e ocupava a segunda posição no ranking de Estados com mais estabelecimentos, atrás apenas de São Paulo, com 285.
Mesmo com uma longa estrada no ramo dos negócios, Denys teve dificuldades para transformar seu hobby em uma atividade rentável e com perspectivas de futuro. Para ele, esse é o grande desafio do empreendedor e envolve, principalmente, estabelecer um posicionamento de marca e manter-se nele, mesmo quando precisa fazer adaptações. Isso porque, muitas vezes, o comportamento que o mercado propõe às empresas, baseado nos concorrentes e consumidores, pode acabar levando à falência.
Como exemplo, o cervejeiro cita os refrigerantes de dois litros vendidos a um baixo preço nos supermercados antigamente:
- Aquilo era o mercado tocando uma música para que os empreendedores produzissem refrigerante barato. Não sobrou nenhum, porque entraram em uma briga de quem fazia mais barato. Na cerveja artesanal, isso é o que os americanos chamam de primeira onda: pessoas que não estão preparadas entram no mercado e ele acaba aniquilando essas empresas.
Sem as mudanças feitas durante a pandemia, Denys avalia que teria se desencantado e desistido do negócio. Por isso, considera uma decisão acertada, mas acrescenta que, mesmo sem ter planejado as adaptações com antecedência, manteve o posicionamento em relação ao tipo de produto e, inclusive, ao valor.
- Não posso ser o mais barato, porque preço é indicativo de qualidade. Fazer cerveja diferenciada envolve selecionar os ingredientes, muitas vezes até de fora do país. Eu não economizo. Cervejaria artesanal não deve economizar em insumos, porque é aí que vamos trazer a diferença e o cliente vai perceber.
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