terça-feira, 5 de dezembro de 2023


05 DE DEZEMBRO DE 2023
NILSON SOUZA

Previsões

Dezembro é o mês das previsões. Uma delas eu mesmo sou capaz de fazer: todos nós vamos entrar na correria das compras, dos presentes e das festas, querendo ou não, pois as pessoas enlouquecem no último mês do ano e nos levam junto na onda consumista. Não tem como escapar. Mas não me peçam para prever mais do que isso. Não tenho a mínima ideia do que vai acontecer em 2024 nem tenho certeza de que 2024 existirá neste cenário em que as guerras recrudescem, o solo afunda, o mar avança e, todo dia, a moça do tempo diz na TV que o céu vai cair sobre as nossas cabeças.

Exagero, claro. Não sou assim tão pessimista. Outro dia até presenteei um grupo de amigos com calendários de 2024, uma prova de que não apenas acredito no ano novo como também de que confio na presença e na permanência daquelas amizades antigas. Sobreviveremos. E riremos juntos das nossas preocupações e de anedotas como esta que tirei de uma publicação portuguesa sobre as melhores piadas secas:

Um pessimista vê um túnel escuro. Um otimista vê uma luz no fim do túnel. Um realista vê um trem se aproximando. Um maquinista vê três idiotas na linha.

Como o tempo e o trem não esperam por ninguém, conforme a sábia advertência do Barão de Itararé, vamos em frente nesta nossa análise das previsões. Antigamente, debochávamos dos previsores do tempo. De uns tempos para cá, passamos a olhá-los com um misto desconfiança e respeito. E ultimamente passamos a temê-los. Cada vez que uma daquelas meninas comunicativas da TV se aproxima da nossa parte no mapa, a gente treme:

- Ih, lá vem o tal pacote completo!

O dia seguinte pode até amanhecer ensolarado, mas qualquer nuvenzinha já passa a representar uma ameaça. E não é raro que a ameaça se concretize, como se tem visto com indesejável frequência nas áreas atingidas por catástrofes climáticas. Essas previsões baseadas em satélites, radares e dados atmosféricos, somos obrigados a reconhecer, merecem mesmo a nossa atenção.

E as astrológicas? E as dos videntes? E as dos Simpsons? Todas elas certamente virão à tona nestes últimas dias do ano, como sempre ocorre. Quem quiser acreditar, que acredite. Somos livres para crer e para descrer. De minha parte, para ser sincero, vou continuar observando a vida com meu natural ceticismo. Não pretendo pular sete ondas nem vestir alguma roupa com as cores da sorte, mas também não vou criticar aqueles que assim o fizerem. Desconfio de previsões e superstições, mas reconheço que a crença é um dos combustíveis da esperança.

NÍLSON SOUZA

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