02 DE DEZEMBRO DE 2023
OPINIÃO DA RBS
FUSÃO IMPEDIDA NO MUNDO DO CRIME
O combate às facções criminosas é possivelmente o mais complexo desafio da segurança pública na atualidade. Impressiona a rápida reorganização destes grupos, a despeito das frequentes operações com numerosas prisões, apreensões e sequestros de capitais e bens. A própria necessidade de as forças policiais constantemente terem de deflagrar novas ofensivas contra os mesmos bandos parece ser um indício dessa capacidade. A constatação apenas reforça a importância de manter a pressão sobre seus líderes e braços que atuam em atividades auxiliares, como a lavagem de dinheiro.
Neste contexto, é obrigatório elevar os esforços para cada vez mais fechar o cerco sobre as facções. Enfraquecendo-as ou impedindo que se fortaleçam. Foi o que fez o Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc) da Polícia Civil gaúcha ao lançar na quinta-feira mais uma operação de grandes proporções contra dois grupos da Capital. As apurações descobriram que planejavam uma fusão.
Até um estatuto já existiria. Se o movimento se concretizasse, certamente o novo conglomerado ganharia mais musculatura para expandir a atuação, aumentar o arsenal de armas, seguir praticando crimes com mais ousadia e enfrentar quadrilhas rivais. É um cenário que possivelmente se traduziria em novas ondas de violência e de assassinatos.
Os números da operação do Denarc dão a dimensão do poderio e da extensão dos grupos. Foram cerca de 500 ordens judiciais expedidas. Apenas de prisão foram 86, além das demais, para busca, apreensão e sequestro de recursos e bens. Mais de 700 agentes do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina e Mato Grosso do Sul foram mobilizados para desferir esse novo golpe no crime organizado. De acordo com o delegado Gabriel Borges, da 3ª Delegacia de Investigação do Narcotráfico, toda a cadeia hierárquica das facções foi alcançada pela operação.
A investigação, iniciada há um ano e meio, mostrou ainda que os dois grupos eram os maiores fornecedores de armas para criminosos na Capital. Tinham também conexões com associações criminosas baseadas em outros Estados. O contrabando de armamento e munições vem ganhando peso nos negócios das facções, além do tráfico de drogas. Ao longo do ano, foram várias apreensões de arsenais numerosos, em especial em propriedades rurais de municípios próximos da Capital. É basilar evitar que os criminosos aumentem o seu poder de fogo. As armas, afinal, são os instrumentos que os tornam mais audaciosos nos assaltos, nos conflitos entre rivais e no próprio enfrentamento às forças policias.
É indispensável manter o processo de asfixia contra as facções, capturando líderes, fazendo apreensões, bloqueando recursos e desmantelando negócios de fachada usados para lavagem de dinheiros, para sufocar essas organizações por meio da descapitalização. O trabalho de inteligência ganha um papel ainda mais central nessa ofensiva. É um esforço que, ao fim, se reflete nos índices de criminalidade nas ruas e na segurança dos gaúchos.
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