sábado, 17 de junho de 2023


ESPERANÇA CONTRA O CÂNCER DE PULMÃO

NOVO MEDICAMENTO REDUZ EM 51% RISCO DE MORTE EM PACIENTES

Dois estudos apresentados no maior congresso de oncologia do mundo indicam avanços no tratamento do câncer de pulmão, tumor que mais mata no Brasil, com média de 28 mil óbitos por ano no país. Uma das pesquisas, conduzida pelo renomado Yale Cancer Center, dos EUA, demonstrou que um medicamento foi capaz de reduzir em 51% o risco de morte para pacientes com uma das formas do tumor de pulmão de células não pequenas, tipo responsável por mais de 80% dos casos da doença.

Os trabalhos foram apresentados no encontro anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (Asco, na sigla em inglês), que ocorreu em Chicago no início o mês. A pesquisa do Yale investigou o uso do medicamento osimertinibe, produzido pela AstraZeneca, com a participação de 682 pacientes de 26 países. Todos os pacientes tinham câncer de pulmão de células não pequenas com a mutação do tipo EGFR. Todos passaram por cirurgia para retirada do tumor e, após a operação, parte deles recebeu o medicamento e o outro grupo, placebo. Após acompanhamento de quase cinco anos, os cientistas observaram que o risco de morte entre os que tomaram o medicamento foi 51% menor do que no grupo que não recebeu a droga.

Diretor adjunto do Yale Cancer Center, Roy Herbst afirmou que os resultados devem fazer com que o uso do osimertinibe se torne o tratamento padrão para esses tipos de tumor de pulmão. Para ele, os números de sobrevida global "inspiram confiança" em adotar a medicação para casos de tumores com a mutação EGFR:

- Isso reforça ainda mais a necessidade de identificar esses pacientes com biomarcadores disponíveis no momento do diagnóstico e antes do início do tratamento.

 Estudo com imunoterápico

Outro estudo, também com foco nos tumores de células não pequenas, demonstrou que o uso do medicamento imunoterápico pembrolizumabe, da farmacêutica MSD, antes da cirurgia para retirada do tumor e combinado com quimioterapia, aumentou as chances de remoção completa do câncer durante a operação e reduziu o risco de recidiva da doença. A pesquisa, também de fase 3 e conduzida pela Universidade de Stanford, demonstrou redução de 42% no risco de recorrência e progressão da doença ou morte entre os pacientes que receberam o imunoterápico antes da cirurgia.

- Outros estudos com outros imunoterápicos já demonstraram benefício parecido. Este estudo vem corroborar o papel da imunoterapia pré-operatória e esta estratégia passa a se tornar mais uma opção de tratamento para esses pacientes - disse William Nassib William Junior, líder de especialidade de tumores torácicos do Grupo Oncoclínicas, que também acompanhou a apresentação dos estudos em Chicago.

Para o especialista, os dois estudos se destacam porque são os primeiros a mostrar benefícios dessas drogas também para pacientes com tumores em fases iniciais:

- Nas últimas duas décadas, tivemos dois grandes avanços contra o câncer de pulmão: imunoterapia e terapia alvo. Até recentemente, no entanto, estes avanços eram aplicáveis só a pacientes com doença avançada, uma situação na qual as chances de cura são muito pequenas ou inexistentes. Esses novos estudos trazem avanços para a doença em estágio mais inicial, quando os tumores são operáveis e as chances de cura são reais. 

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