Salário acima de R$ 15 mil atrai mais
Segundo Douglas Soares, diretor do Curso Para Concursos (CPC), não é possível avaliar, no momento, o quão concorridos serão os certames, porque não se sabe se as vagas serão nacionais ou regionalizadas. Essa informação constará no edital.
Para ele, os concursos nacionais com salário acima dos R$ 15 mil são os que atraem mais interessados porque "justificam" a mudança de cidade ou Estado do aprovado.
Dos concursos já anunciados, o diretor do CPC diz que o mais aguardado é o para o Ibama. Para ele, o cargo de agente administrativo da Polícia Federal também consta entre os mais esperados. Em maio, o órgão solicitou ao governo federal a realização de novo edital para o provimento de 734 vagas - 559 de nível médio e 175 vagas de nível superior. A realização do processo seletivo ainda não havia sido confirmada.
O fato de os editais dos concursos autorizados ainda não terem sido divulgados não impede que o interessado aguarde o documento. A maioria dos certames exige conhecimentos comuns, o que facilita o início da rotina de estudos, comenta o especialista:
- A dica é estudar aquelas matérias básicas que aparecem em qualquer concurso: língua portuguesa, direito constitucional, direito administrativo, informática, matemática e raciocínio lógico. Se o concurseiro estiver preparado nessas disciplinas, vai faltar para ele, em média, 30% do conteúdo programático do edital.
Previsão de 58,9 mil vagas em concursos federais no ano
Já foram autorizados 9.585 postos de trabalho para atuação no Poder Executivo e seleções mobilizam os interessados
O ano de 2023 tem sido de boas notícias para quem quer se tornar servidor público. Isso ocorre por conta da previsão de que 58.867 vagas sejam abertas apenas no âmbito federal. As contratações estão previstas na Lei Orçamentária Anual (LOA).
O governo federal já autorizou 9.585 vagas para atuação no Poder Executivo, que pode ter editais para a contratação de mais de 40 mil servidores. Não entram nessa conta os certames estaduais. A quantidade de vagas destinadas para o Rio Grande do Sul ainda não foi confirmada pelo poder público; essa informação deve constar quando ocorrer a publicação dos editais, informou à reportagem o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI).
- Muitos concurseiros que não estavam estudando retornaram agora tendo em vista essas notícias. A procura por cursos aumentou bastante, por conta da expectativa de um bom salário e melhores condições para a família - diz Pedro Kuhn, professor e fundador do site Concurseiro ON.
Em maio, o governo federal autorizou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a contratar 8.141 profissionais de forma temporária. Eles serão contratados para desenvolver atividades relacionadas ao Censo Demográfico 2022 e à coleta de pesquisas.
O recrutamento será feito por meio de processo seletivo simplificado. Candidatos aprovados serão contratados por um ano, e a atuação pode ser prorrogada conforme necessidade de conclusão das atividades. O IBGE definirá remuneração e publicará edital do processo seletivo em até seis meses.
- Os cargos do IBGE são trampolins para outros. Geralmente, a pessoa utiliza essa remuneração para investir em cursos e qualificação para concursos "melhores". Os concursos mais desejados são os cargos efetivos, pois possuem estabilidade - acrescenta Kuhn.
Segundo o professor, a seleção da Justiça Eleitoral, organizada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), prevista para ser realizada neste ano, e para agente administrativo da Polícia Federal, com cargos de nível médio, são duas das mais aguardadas pelos concurseiros. Dos já confirmados pelo governo federal, Kuhn ressalta o certame do Ministério das Relações Exteriores, com 30 vagas para terceiro-secretário da carreira da diplomacia:
- A elite dos cargos autorizados são os das carreiras diplomáticas, inclusive os mais concorridos e com menos vagas. Nesses cargos, além da estabilidade e da progressão da carreira, existe a possibilidade de viagens pelo mundo e remunerações em dólar, o que atrai uma grande quantidade de concurseiros que conhecem essas possibilidades - diz Kuhn.
Recomposição
Do total de 9.585 vagas abertas até o momento, 1.444 são para cargos efetivos. Além do Itamaraty, há vagas nos ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação (814) e do Meio Ambiente e Mudança do Clima (98), assim como na Fundação Nacional do Índio (Funai), com 502.
- Avalio esse quantitativo de vagas como necessária em razão de que, nos últimos anos, não houve muitos concursos para o Executivo federal. É necessária a recomposição dos quadros públicos. Isso faz com que tenhamos um período grande de realização de concursos - pontua Douglas Soares, diretor do Curso Para Concursos (CPC).
Soares diz que os cargos efetivos já autorizados atraem outro perfil de concurseiros: os com formação específica para a função, ainda que o certame seja aberto para qualquer curso superior. Por isso, não ficam restritos a quem tem formação nas áreas mais habituais dos concurseiros, que, segundo ele, são Administração, Ciências Contábeis, Economia e Direito.
- Um concurso do Ministério da Ciência e Tecnologia sai da área e acaba pegando concurseiros formados, por exemplo, em Engenharia, na área de tecnologia. No Ibama, acaba pegando concurseiros de Medicina Veterinária e de outras áreas mais voltadas para políticas ambientais - comenta.
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