sexta-feira, 30 de junho de 2023

Louis Vuitton, uma saga de luxo e sucesso
O luxo moderno surgiu no século XVIII, com o desenvolvimento técnico trazido pela Revolução Industrial e aí ganhou sua dimensão sensual, de satisfação pessoal do indivíduo - em contraponto ao instrumento de diferenciação social. 'Precisar, não precisa', mas quem não gostaria de ter uma bolsa Louis Vuitton e um terno Armani?
Louis Vuitton - Uma Saga (L&PM Editores, 360 páginas, R$ 79,90, tradução de Julia da Rosa Simões) é o primeiro livro da celebrada jornalista francesa Stéphanie Bonvicini publicado no Brasil. Ela atuou em grandes veículos como a France Culture e o Canard Enchaîné e publicou três livros: Amours, histoires des relations entre les hommes et les femmes; Le Sens des choses e Consolations, além de ser escultora e autora de obras juvenis.
No início do século XIX, a França era o epicentro do poder, da moda e do bom gosto, e os burgueses em ascensão precisavam de bons baús, cofres e embalagens para explorar longas distâncias e levar seu preciosos pertences por estradas precárias e viagens difíceis.
Nesse contexto nasceu em 1821, numa pequena aldeia de Jura, Louis Vuitton. Com 14 anos, maltratado pela madrasta e apaixonado pelo trabalho com madeira, sem saber escrever e quase sem dinheiro, decide tentar a vida em Paris. Viajou a pé por dois anos, sofreu horrores até chegar em Paris, onde começa a fascinante saga da marca de artigos de luxo mais célebre do planeta. Hoje a holding de luxo LVMH é o maior conglomerado de moda do mundo.
A primeira parte da obra fala do nascimento do mito (1821-1854), a segunda trata do império Louis Vuitton (1854-1870), a terceira fala da República de Georges (1870-1885) e a quarta mostra uma bela família francesa (1892-1970). O pano de fundo é a história da França e da Europa, a monarquia constitucional de Luís Felipe, a ascensão e queda de Napoleão II, a guerra Franco-Prussiana, a Comuna de Paris, o nascimento da República e as duas guerras mundiais.

Lançamentos

• Damas de Pedra (Intrínseca, 320 páginas, R$ 59,90), de Lloyd Devereux Richard, americano que viajou por muitos países, se tornou fenômeno do Tik Tok em poucos dias e traz Christine Prusik, antropóloga forense vivida, envolvida com um serial killer que deixava uma estatueta de pedra no fundo da garganta das vítimas.
• O caçador chegou tarde (Maralto Edições, 168 páginas, R$ 44,90), de Luis Henrique Pellanda, escritor e jornalista, segue a temática do livro anterior do autor, Na barriga do lobo, que foi finalista do Jabuti de 2022. Em 62 contos, o autor captura a alma humana por meio de palavras.
• O pai das fake news (Lucens Editorial, 164 páginas, R$ 42.40), de Paulo Nascimento, escritor, diretor, produtor e roteirista, com mais de dez longas lançados, romance que mostra como as fake news são criadas e como são usadas na nossa vida sem percebermos. 

Toga, caneta, farda, religião e eternidade

Faz tempo, muito tempo, não lembro quanto tempo, que me disseram algo que eu jamais esqueci: que no mundo sempre teremos juízes, homens fardados e religiosos. Eu acrescentaria à lista homens com canetas poderosas, integrantes do Poder Executivo que tantas vezes executam a população ao invés de simplesmente executar bons planos de governo. Temos, ainda, os homens com poderes de fazer leis, que sem regras e leis não há grupo social que dure muito tempo.
Bom, não existiria a humanidade sem os contadores de histórias, seus ouvintes e leitores. Alguns escritores são imortais porque não têm onde cair mortos. Mas isso é outra história, a ser contada outro dia ou outra noite, ao redor de uma fogueira, na tela do computador, no rádio, na TV e no streaming geral. Sem falar e ouvir, os humanos não aguentam. Quem não se comunica se trumbica, como disse o grande pensador da segunda metade do século XX , Abelardo Barbosa, o Chacrinha.
Mas eu falava de eternidade e de poder. Os orientais acham que a eternidade é um pássaro que a cada 10 mil anos bica um tiquinho do Monte Everest até ele não existir mais. Os ocidentais acham que eternidade é ter filhos, fazer trabalhos que permaneçam, ganhar dinheiro, fazer coleções de tampinhas, automóveis, livros, filhos, cargos públicos, honrarias e acumular o quer der e o que não der.
Alguns poderosos das togas, das canetas, das religiões e das leis e alguns que têm bastante dinheiro para influir nos destinos de um país ou do mundo, os chamados king makers, pensam que são eternos, que não vão subir para o andar de cima daquele onde já estão. A eles recomendo a leitura, releitura e tresleitura do Eclesiastes, livro do Antigo Testamento que traz a sabedoria do Rei Salomão. Depois de uma vida cheia de tudo, poder, dinheiro, mulheres, soldados e cavalos, Salomão deixou suas mensagens para que, ao final da vida, as pessoas não se sintam infelizes e frustradas. "Vaidade das vaidades, tudo é vaidade" é apenas o início do livro.
Seriam bom que os que se julgam "eternos detentores do poder" - e que acham que nunca vão morrer - ou pegassem uma cana duríssima (ou entregassem toda a sua não suada grana para os advogados caríssimos), ou lessem o Eclesiastes. Aí, quem sabe, tomariam outros rumos e ofereceriam melhores caminhos para os simples eleitores e mortais contribuintes. Os eleitores seguem com duas certezas: quem vão pagar mais impostos e morrer.
Os que se acham poderosos acham que podem ser enterrados com a toga, a caneta, a farda cheia de medalhas tipo uma garrafa de Passport ou com as vestes religiosas e que partirão para mandar no céu. Ledo e ivo engano. Para que tanta banca, doutores, para que tanta pose? O enfarte lhes pega, já avisou Bily Blanco faz tempo naquela canção.
Sempre é bom lembrar que as pessoas só morrem mesmo depois que ninguém mais lembra delas. Tem uns e outros que morrendo vão preencher uma lacuna e logo serão esquecidos. Terão imortalidade curta como coice de porco ou voo de galinha.

A propósito

O poder corrompe, o poder absoluto corrompe absolutamente, disse Lord Acton. Todos sabem que o poder é afrodisíaco e que a loucura pelo poder é mais velha que andar a pé. Mas todo mundo sabe que, depois de algum tempo, exageros e exagerados de uma banda ou de outra dançam ao som da mesma marcha fúnebre e das canções, das palavras e dos gritos das ruas. 
Quem não leu os livros de história pode conferir que os políticos só têm medo do povo nas ruas. E isso nunca faltou, nem vai faltar. Corrupção é tão humana e antiga como outros vícios ou doenças. Tratamentos, vacinas e até curas andam pegando. Quem quer manter as boquinhas, que fique esperto e feche ao menos um pouco esses olhos maiores do que seus gordos barrigões.

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