27 DE JUNHO DE 2023
+ ECONOMIA - marta sfredo
Semana tensa com ata e meta para BC
Como o comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) surpreendeu governo, empresários e até mercado financeiro, há grande expectativa sobre a ata (um relato mais detalhado sobre como a atual diretoria da instituição vê eventual ciclo de baixa do juro básico), que será publicada hoje.
Mas esse não é o único suspense ligado ao tema na semana: na quinta-feira, ocorre a esperada reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), que vai discutir a meta de inflação, ou seja, qual o limite de alta de preços que o BC tem de mirar ao definir a taxa Selic.
Como o Copom, desta vez, atuou para confundir, em vez de esclarecer, os ânimos estão exaltados, a ponto de o ex-presidente do BC Affonso Celso Pastore ter apontado "ataque à instituição" nas críticas dirigidas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seus ministros - como fez questão de acrescentar.
É que, desta vez, até Fernando Haddad, da Economia, que atuava como mediador de relações respeitosas entre governo e BC, saiu do discurso conciliador. Disse que o comunicado foi "muito ruim", e contratou "problema futuro", sob a forma de inflação ou aumento de carga tributária.
A semana no mercado financeiro promete emoções mais fortes - com risco maior de que sejam negativas - do que as da semana passada. Inclusive com novas dúvidas que surgiram sobre a reunião do CMN e a polêmica mudança no sistema de meta de inflação. Vai haver alguma, disso já se sabe. Do ponto de vista mais ortodoxo, a mais provável é a simples oficialização do que o BC já faz: não haveria mais exigência formal de cumprimento do objetivo dentro do ano.
Mas exatamente por representar apenas a confirmação formal de uma prática - admitida pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto, ao dizer que, se quisesse cumprir a meta no ano, a Selic teria ido a 26,5% -, não se sabe se vai parar por aí. Mesmo economistas ortodoxos consideram a meta para os próximos anos, de 3%, muito baixa para um país como o Brasil, que não pode cortar despesas de forma brusca por restrições legais.
Sem contar que esse patamar foi previsto - antes da pandemia e de seus efeitos sobre a cadeia global de suprimentos - e adotado nos anos que se seguiram a uma das mais desafiadoras situações de controle de preço para o mundo inteiro.
O problema é que, na lógica do regime do BC, se a meta é mais baixa, significa que o BC tem de manter o juro alto por mais tempo para alcançá-la.
enquanto todos batem cabeça na discussão da reforma tributária, o ministro da fazenda, fernando haddad, fez uma citação um tanto quanto inesperada. "Teve um economista que chegou a falar que pode ser o novo Plano Real do Brasil", afirmou, sobre os efeitos das mudanças no potencial de crescimento do país.
0,6%
foi a leve alta na cotação do petróleo ontem, depois do recuo do líder do Wagner, o grupo russo de mercenários que ensaiou um golpe contra Vladimir Putin. O barril do tipo brent, que chegou a encostar em US$ 140 quando ficou claro que a invasão à Ucrânia se prolongaria, fechou em módicos US$ 74,33. Menos mal.
Testes em condições extremas
Por trás de árvores, morros e até uma "tapadeira" de plástico, Caxias do Sul esconde um local estratégico no Estado: o Centro Tecnológico Randon (CTR), onde rodam veículos secretos e não tão confidenciais, que testam resistência, estabilidade, capacidade de frenagem e até a de sair inteiro de uma "típica" estrada de chão brasileira.
O segundo vídeo da série Feito no RS, iniciado com uma doce produção gaúcha, é para corações fortes. A jornalista que assina esta coluna ainda sente os solavancos da passagem sobre uma das pistas que desafiam pesos pesados do transporte. E lembra que, em outra, não foi possível passar, sob pena de o veículo não sair inteiro. Mas não é só no asfalto, nas pedras ou no chão que as montadoras submetem carros, utilitários, caminhões e ônibus a condições extremas. Sensores registram trepidação, desvios, aceleração ou desaceleração. Esses dados são levados a um sistema de computação que replica as experiências, permitindo antever problemas futuros.
O objetivo é não só simular o que ocorre no dia a dia, mas também projetar o que pode ocorrer ao longo de sua vida útil, se possível para eliminar o recall - o momento em que chama de volta o cliente para arrumar algum defeito de fábrica. Aliás, a equipe que visitou o CTR testemunhou um desses casos: um dos carros de apoio simplesmente não deu a partida. Vai entrar no relatório que será feito ao fabricante para evitar um defeito em série.
Risco Brasil está no menor patamar em quase dois anos
Além de estar com nota de crédito com possibilidade de melhora, o Brasil já mostra avanço em outra forma de medir o risco da negociação dos títulos públicos.
No indicador Credit Default Swaps (CDS), que mede o preço de uma espécie de seguro contra calote, o risco é o mais baixo em dois anos.
Quanto menor a pontuação, menor o risco. Os "pontos" são unidades básicas de uma escala que aponta o preço desse instrumento de proteção.
Quem compra títulos emitidos pelo governo de algum país - chamados de "soberanos" -, costuma fazer a operação com CDS para se proteger de eventual piora súbita nas condições de pagamento do devedor.
Conforme o site World Government Bonds, a pontuação atual atribui ao país probabilidade de calote muito pequena, de 2,91%. Apenas para comparar, os CDS da Argentina estão em 1.030,9 pontos, com risco de default em 17,2%.
Nenhum comentário:
Postar um comentário