sábado, 10 de junho de 2023



10 DE JUNHO DE 2023
GRÊMIO

AGORA EM CARNE E OSSO

suárez encontra pela primeira vez com a camisa do grêmio o maracanã, estádio histórico também para os uruguaios

Por uma daquelas incredulidades do destino, quando a família Suárez mudou-se de Salto, interior do Uruguai, para a capital Montevidéu, foi morar em uma casa humilde no beco "Pasaje de la Via", onde antigamente passava uma linha de trem. Na mesma residência, no bairro La Comercial, muitas décadas antes, viveu Obdulio Varela, capitão uruguaio na conquista da Copa do Mundo de 1950 e considerado um dos maiores jogadores da história do país.

O local fica muito perto do Estádio Centenário, onde ambos têm o nome marcado na história. Varela, porém, tem algo mais. No Maracanazo, a conquista de 1950 diante da Seleção Brasileira, Schiaffino e Ghiggia marcaram os gols do 2 a 1 para a Celeste, porém foi Obdulio Varela, o Chefe, quem ergueu a Jules Rimet e representou a Banda Oriental com seu futebol caracterizado por muito combate. Luis Suárez, no Maracanã, quer seguir os passos da referência e também deixar sua marca no estádio mais famoso do mundo. Uma dessas oportunidades será no Flamengo e Grêmio, domingo, às 18h30min.

É verdade que a história poderia ser outra se o Flamengo tivesse contratado Suárez no início do século. O jogador, que na época tinha 17 anos, confirmou que o interesse do clube carioca foi real, mas que ele não teve um bom desempenho diante dos olheiros e foi descartado. Porém, como não aconteceu, ele irá apenas para o seu terceiro jogo na carreira no Rio de Janeiro. Um foi no Estádio Nilton Santos, quando o Uruguai venceu o Paraguai por 1 a 0 na Copa América de 2021, e o outro foi no Maracanã, quando a seleção uruguaia encarou o Chile, na Copa América, em 2019.

É neste dia que ocorre uma das cenas mais engraçadas da carreira de Suárez. Ao receber um passe em profundidade, ele consegue driblar o goleiro Santiago Árias. No entanto, se desequilibra antes da finalização e permite que o chileno se recupere no lance.

Mão?

Suárez chuta, Árias ergue o braço esquerdo e desvia a bola para a linha de fundo. O uruguaio, sem perceber que se tratava do goleiro, imediatamente se vira para o árbitro Raphael Claus e pede pênalti, sinalizando um toque de mão.

O jogo era dramático. Valia a liderança do Grupo E, por consequência, uma fuga do Brasil nas quartas de final. Aos 36 minutos do segundo tempo, Suárez preparou a jogada que terminou com Jonathan Rodriguez cruzando e Edinson Cavani mandando para as redes, garantindo a vitória por 1 a 0 do Uruguai. O plano de estar na decisão e conquistar um título no Maracanã, palco de uma das maiores glórias uruguaias, acabou não acontecendo, já que o Pistolero perdeu um pênalti na decisão das quartas de final contra o Peru e a Celeste voltou para casa mais cedo.

- Jogar a final no Maracanã seria incrí­vel. Um sonho para todos os uruguaios - disse Suárez antes do início daquela Copa América.

Foi também no Templo do Futebol, entretanto, que Suárez sofreu as consequências de um dos dias mais tristes de sua carreira. Na Copa do Mundo de 2014, o estádio era a sede do Comitê Disciplinar da Fifa. E foi este comitê que baniu o uruguaio da competição e lhe aplicou uma pena pesada pela mordida no zagueiro Chiellini no confronto contra a Itália, na fase de grupos, que classificou o Uruguai para disputar as oitavas de final contra a Colômbia justamente no Maracanã.

Em campo, Diego Forlán foi seu substituto. Nas arquibancadas, milhares de uruguaios lhe representaram usando máscaras com seu rosto, em forma de apoio ao centroavante. Até mesmo os brasileiros brincaram com a situação. O "Olê, olê, olê, Suárez, Suárez!" ecoava no Rio de Janeiro, mas quem brilhou naquela noite foi James Rodriguez, que colocou os colombianos nas quartas de final.

Quase quatro anos depois da vitória sobre o Chile, Luis Suárez estará de volta ao Maracanã, dessa vez representando o Grêmio. Além de balançar as redes pela primeira vez no templo do futebol mundial, ele também quer marcar seu primeiro gol fora de casa pelo Tricolor em competições nacionais. Dos 14 gols marcados na temporada, apenas dois foram marcados longe da Arena - contra Caxias e Ypiranga, pelo Gauchão. 

PEDRO PETRUCCI

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