quinta-feira, 15 de junho de 2023


15 DE JUNHO DE 2023
INFORME ESPECIAL

A casa que não foi demolida Uma experiência de desenho livre

Como se esperassem por esse dia, as rosas de Maria Coussirat, eterna companheira de Iberê Camargo, voltaram a florescer. Os botões ressurgiram na semana em que a reforma do antigo ateliê do artista, em Porto Alegre, foi concluída. Eu estive lá, na última terça-feira, para ver o resultado.

Graças à Fundação Iberê, o local onde um dos nossos maiores pintores trabalhava não só está de pé, como está pronto para se tornar residência artística internacional. No pátio, além do roseiral, o velho pé de lima se destaca no quintal reabilitado. O prédio foi curado das infiltrações, teve a parte elétrica refeita e recebeu nova camada de tinta. O assoalho foi polido. Ainda estão lá a prensa que pertenceu ao gênio, a antiga mesa de pintura e seu cavalete de madeira.

- Eles mantiveram ideia original - constatou, aliviado, o arquiteto Emil Bered, que projetou a casa em 1986 e, aos 97 anos, fez questão de conferir o desfecho pessoalmente.

O espaço começou a ser restaurado em 2022 e, assim que setembro chegar, receberá o primeiro artista convidado, de origem francesa. O que a fundação fez no bairro Nonoai é um bálsamo em uma cidade que tem por hábito destruir seu patrimônio. O exemplo mais recente disso foi a demolição da casa que um dia abrigou o escritor Caio Fernando Abreu.

No caso de Iberê, ainda falta revitalizar a residência do casal (foto), que ficam em frente do ateliê reformado. Emilio Kalil, diretor da fundação, e Jorge Gerdau Johannpeter, presidente do conselho da entidade, seguem firmes no propósito de concluir a obra. Que assim seja.

Quantas vezes viajamos ao Exterior e, lá fora, visitamos com gosto os locais onde viveram homens e mulheres geniais? Na Alemanha, conheci a casa de Goethe. Por que não visitaria a casa de Iberê? É essa visão que parece faltar a Porto Alegre. Felizmente, não falta a quem aceitou a missão de preservar o legado desse grande artista brasileiro.

Depois do sucesso do lançamento, no início do mês, o projeto Rabiscos, do estúdio Vorbi, no bairro Bom Fim, em Porto Alegre, está de volta. A ideia é conectar design, música e arte em um antigo casarão da Rua Ramiro Barcelos, com atividades orientadas por artistas locais.

Quem participa, recebe folhas em branco, carvão e tinta para uma imersão no mundo do desenho livre, com modelos vivos. A inspiração, segundo Leonardo Dewes, idealizador do Vorbi, vem de Los Angeles.

- Conheci uma experiência do tipo nos EUA e pensei: como não temos algo assim aqui? A ideia é que as pessoas experimentem, mesmo que não entendam nada de desenho - explica Dewes.

A próxima imersão será no dia 24 de junho, com o artista Wagner Costa. Mais informações no site vorbiestudio.com.br ou no Instagram @vorbiestudio.

JULIANA BUBLITZ

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