Gaúcha fatura em um semestre o previsto para um ano
Fundada há 32 anos em São Leopoldo, a Meta tem sete escritórios em três países. A unidade criada em 2020 em Waterloo, no Canadá, já superou, neste primeiro semestre, o faturamento previsto para todo o ano. Em 2022, o braço canadense da operação já havia retornado todo o investimento, quando a projeção era obter esse resultado só em 2025.
A perspectiva é de que a unidade canadense represente, em 2025, 20% do faturamento total. Hoje, é 15%. A Meta levou ao Canadá 15 executivos e empresários de Banrisul, Randon e SLC, além de Sebrae, a convite do Instituto Caldeira e da Meta North America, para a Collision, conferência mundial de tecnologia que reúne 40 mil pessoas de 140 países.
A Meta foi uma das primeiras brasileiras a se instalar no corredor de inovação Toronto-Waterloo, que está entre os mais ativos polos de inovação. Entre os clientes, está a Maple Leaf Sports & Entertainment, dona do Toronto Raptors, único canadense na liga de basquete dos Estados Unidos (NBA).
Ata confirma que BC já não cumpre regime de meta
Além de transformar "frestinha" em "fresta" para o corte de juro em agosto e admitir divergências internas, a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) publicada ontem embutiu uma confissão: o Banco Central (BC) flexibilizou por conta o regime de meta, que define as regras do combate à inflação.
Não é pouca coisa: economistas muito ortodoxos - que consideram o freio aos preços mais importante do que o bem-estar da população - não toleram qualquer mudança na meta, alegando que vai comprometer a credibilidade do sistema. Ao detalhar a divergência no Copom - composto agora por sete diretores do BC, porque duas vagas ainda estão em processo de substituição -, a ata afirma que o grupo minoritário considera "necessário observar maior reancoragem das expectativas longas e acumular mais evidências de desinflação".
"Reancoragem das expectativas longas" significa que esse grupo quer ver as projeções de inflação apontando para baixo em 2024 e 2025. É bom lembrar que, conforme as regras atuais, a meta deve ser cumprida ao longo do ano, até dezembro. A visão de cumprimento da meta ao longo dos meses, sem precisar alcançá-la a cada dezembro, é exatamente a mudança que deve ser aprovada amanhã na reunião do Conselho Monetário Nacional (CNM).
Esse ponto de alteração é considerado certo pelo mercado há mais de um mês: em vez de "entregar" a inflação abaixo do teto da meta no ano-calendário, o limite seria considerado permanente, ou seja, sem data específica para alcançar o objetivo definido pelo CMN.
O presidente do BC, Roberto Campos Neto, já havia sinalizado a flexibilização em março, quando disse que, para entregar a inflação dentro da meta neste ano, a Selic deveria ter sido elevada para 26,5%.
As expectativas dominantes para este ano, conforme o boletim Focus do próprio BC, situam a inflação de 2023 em 5,06%. Está há apenas 0,31 ponto percentual acima do teto da meta e vem caindo há seis semanas seguidas.
Imaginemos como estaria se o juro tivesse sido fixado em 26,5%. Então, o BC acertou ao flexibilizar a regra nesse ponto. Então, seria erro crasso flexibilizar também a meta, a ponto de comprometer a credibilidade?
É verdade que, com críticas apressadas e personalizadas ao presidente do BC, o presidente Lula acabou por confirmar desconfianças de boa parte dos economistas e do mercado financeiro sobre sua capacidade de dar prioridade ao combate à inflação, aceitando crescimento econômico menor. Mas o ditado popular "dois erros não fazem um acerto" salta nesse debate.
ENTREVISTA ROBERT JUENEMANN Advogado e conselheiro de empresas
Advogado especializado em governança corporativa, o gaúcho Robert Juenemann assumiu em 2021 sua homossexualidade em um universo com pouca diversidade, o dos conselhos de administração de empresas. Diz não ver uma grande transformação nesses dois anos, mas aponta melhoras, em parte graças à pressão de investidores estrangeiros. Neste Dia Mundial do Orgulho LGBT+, é parte crucial das boas práticas sociais e ambientais no ESG.
Como foi a decisão para começar a falar sobre diversidade no mundo corporativo?
Tenho um companheiro há quase 34 anos e, em abril de 2020, nós dois tivemos covid, e ele passou muito mal em determinado dia. Aí, me dei conta que ninguém pode passar por uma pandemia sem revisar valores. No ano seguinte, fui entrevistado por representantes de investidores. Quando perguntei aos brasileiros sobre diversidade, ficou claro que não era prioridade. Com os investidores estrangeiros, foi o oposto, estavam mais preocupados com diversidade e inclusão do que outro tema. Saí pensando que algo estava errado, os estrangeiros viam situações que os brasileiros ainda não conseguiam ver.
Houve evolução?
Aos poucos, mas ainda estamos muito atrasados nessa pauta. Desde 2021, ainda sou o único conselheiro de grandes empresas abertamente gay que trata desse assunto, e eu pergunto em eventos, ?onde estão os outros conselheiros LGBT? Sei que vocês existem?, mas ninguém aparece. Sei que é por medo de demissão, medo de agressão, de serem ridicularizados. Os conselhos ainda são formados por maioria de homens brancos, heterossexuais, com mais de 50 anos, que muitas vezes não conseguem ver valor na diversidade.
Qual o valor da diversidade?
Há sinal de mudança nas empresas porque a sociedade tem exigido. Nesta semana, muitas empresas pintam o logotipo com as cores do arco-íris, mas assim como existe ?greenwashing?, tem ?pinkwashing?, simulação de interesse na pauta só para alcançar consumidores homossexuais. Para os conselhos das empresas, digo o seguinte: ?se quiserem ser mais inclusivos para um mundo melhor, ótimo, mas, se quiserem fazer isso só por lucro, ajuda também?. Pesquisas mostram que conselhos diversos decidem melhor, pois há pessoas com formações, experiências e visões de mundo diferentes. Assim, os assuntos são analisados por mais facetas, e as empresas erram menos em suas estratégias.
Nenhum comentário:
Postar um comentário