GRIPE AVIÁRIA E DEFESA AGROPECUÁRIA
Como um dos maiores produtores e exportadores de alimentos do mundo, o Brasil tem de dar atenção especial à defesa agropecuária. Por ser a atividade responsável por proteger rebanhos e lavouras de doenças e pragas, é essencial para o país abrir novos mercados, prevenir ou responder rapidamente a problemas que possam causar interrupção de vendas externas e assegurar a qualidade do que é consumido internamente pelos brasileiros. O episódio atual de casos de gripe aviária em pássaros silvestres volta a demonstrar a importância dessa frente voltada à sanidade animal e vegetal.
O governo federal anunciou na semana passada que editou medida provisória para liberar R$ 200 milhões para ações voltadas essencialmente a evitar que o vírus chegue a criações comerciais de aves. Ainda não estão claros os critérios de divisão da verba e como essa será aplicada, mas deve-se esperar que os valores sejam repassados rapidamente para serem efetivamente aplicados em seu propósito.
O Brasil é o maior exportador mundial de carne de frango e, portanto, deve empenhar-se para minimizar os riscos de o vírus atingir as granjas. O Rio Grande do Sul é um dos principais produtores nacionais e, dessa forma, tem particular interesse em evitar que a doença se espalhe. De acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPT), o país embarcou no ano passado volume que gerou uma receita de US$ 9,76 bilhões. O Estado contribuiu com US$ 1,51 bilhão, alta de 28% sobre 2021, conforme a Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav).
No Rio Grande do Sul, o Departamento de Vigilância e Defesa Sanitária Animal da Secretaria da Agricultura concentra os trabalhos na Estação Ecológica do Taim, por ser ponto de passagem de espécies migratórias e onde foram encontrados principalmente cisnes-de-pescoço-preto mortos pela influenza aviária. A força-tarefa tem utilizado voos de helicópteros e drones para monitorar a área. Ao mesmo tempo, equipes fazem uma busca ativa em propriedades vizinhas que têm aves para subsistência. É uma tarefa meticulosa, exaustiva e que tem custos.
O país, agora em estado de emergência zoossanitária, tem status privilegiado de livre da doença e deve empreender todos os esforços possíveis para assim continuar. Até agora, a enfermidade foi confirmada no Estado, no Espírito Santo, no Rio de Janeiro, em São Paulo e na Bahia, mas apenas em aves silvestres, sem afetar os negócios ou trazer qualquer risco aos consumidores.
Junto ao poder público, o setor privado e os criadores estão redobrando os cuidados de biossegurança nos criatórios, mantendo uma parceria que, ao longo dos anos, vem se mostrando exitosa na agricultura e na pecuária. No Rio Grande do Sul, é modelar, por exemplo, a atuação do Fundesa, fundo das cadeias de proteína animal e lácteos voltado a apoiar e complementar as ações oficiais de vigilância e defesa sanitária.
A competitividade no agronegócio também faz o Brasil ser sempre um potencial alvo de protecionismo disfarçado de barreiras de outras naturezas, como as sanitárias. Um sistema de defesa agropecuário bem treinado, equipado e com financiamento adequado, por isso, é basilar. Trata-se de resguardar setores de grande importância e capilaridade econômica, como a avicultura, que apenas no Rio Grane do Sul conta com cerca de 30 frigoríficos, emprega diretamente mais de 30 mil gaúchos e garante renda a aproximadamente 7,5 mil famílias de produtores integrados.
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