Quando deixar de lado a rivalidade política faz bem
É preciso reconhecer: a união de forças estabelecida entre dois adversários na arena política - o presidente Lula e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas - em apoio às vítimas da chuva descomunal que devastou o litoral paulista é simbólica e exemplar. Mais do que isso, é um alívio, um desafogo.
Há quem veja mera "politicagem" ou mesmo oportunismo na aproximação entre o líder petista e o ex-ministro de Jair Bolsonaro.
Pode até ser, mas o gesto dos dois - incluindo o prefeito Felipe Augusto, que é do PSDB e governa São Sebastião, o epicentro da tragédia - retoma algo que andava em baixa na política nacional: a capacidade de deixar a rivalidade em segundo plano em nome de algo maior. Nesse caso, estamos falando de vidas.
Ao cancelar a folga de Carnaval e ir pessoalmente à região (outra coisa que andava em falta em casos como esse), Lula baixou o tom e disse que "o bem comum do povo é muito mais importante do que qualquer divergência". Tarcísio não só concordou como agradeceu, em público, a presença do rival.
Com essa atitude, o governador de São Paulo agiu como estadista, tanto quanto Lula, ainda que a postura tenha incomodado aliados.
Muitos não se conformam com a guinada e veem na estratégia de Tarcísio uma tentativa infame de se descolar da imagem do antigo chefe para, quem sabem, herdar de vez seu espólio. Tarcísio mesmo já disse que nunca foi "bolsonarista raiz".
Seja como for, e de que lado for, não dá para negar: o Brasil precisa, sim, de mais cooperação, de mais diálogo, de mais equilíbrio.
O salseiro do Parque da Redenção
Há 10 anos, um salseiro do Parque da Redenção, em Porto Alegre, foi atingido pelas rajadas inclementes de uma tempestade de verão. Com pelo menos 20 anos, a árvore tombou parcialmente, mas parte das raízes permaneceu agarrada à terra. O que fazer? À época, os servidores da Secretaria Municipal do Meio Ambiente decidiram tentar salvar a planta.
- Achamos que seria possível levantar a árvore e colocar escoras de madeira (foto ao lado) até ela criar novas raízes e se fortalecer. Não sabíamos se funcionaria, mas decidimos fazer a tentativa - recorda Paulo Jardim, então responsável pela administração do parque.
Uma década depois (foto maior), o salseiro segue dando sombra e embelezando a área perto da Avenida José Bonifácio. Sob a copa, ainda dá para ver, escondida, a última "muleta".
- A lição que fica é: se há uma chance, vale tentar. Ficamos na torcida para que essa árvore viva ainda por muitos e muitos anos - destaca Jardim.
Borboletas azuis
Uma revoada de borboletas azuis anda colorindo os caminhos de Morro Reuter, a cerca de 60 quilômetros de Porto Alegre. A foto acima, com o brilho do sol reluzindo nas asas dos insetos, foi captada pela jornalista Daniela Moraes na localidade de Walachai, no trajeto que leva ao rio Loch, onde há vegetação nativa abundante. Trata-se de uma espécie nativa da Mata Atlântica. É comum no Estado e, em especial, na subida da Serra, onde ainda há áreas verdes.
Cátedra Unesco
A Universidade de Caxias do Sul (UCS) lança hoje, às 19h, no UCS Teatro, a Cátedra Unesco, com o tema Educação para a Cidadania Global e Justiça Socioambiental. Na sequência, haverá conferência sobre o tema com Moacir Gadotti, diretor fundador do Instituto Paulo Freire e doutor em Ciências da Educação. Ele é presidente de honra da rede internacional que difunde o legado do patrono da educação brasileira.
É importante
As cátedras da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) têm a função de construir pontes entre a academia, a sociedade civil e as comunidades locais e de informar sobre políticas públicas relacionadas ao tema. Ao fazer parte desse time, a Universidade de Caxias do Sul se conecta a uma rede de mais de 850 instituições em 117 países, abrindo portas para intercâmbios e parcerias.
Limites da IA
Em experimento recente, o ChatGPT, sistema de inteligência artificial (IA) capaz de responder qualquer pergunta, "passou" na primeira fase do exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). O resultado motivou comentários irônicos nas redes. Já tem gente "desafiando" o tal programa a acompanhar clientes à delegacia. Ficou devendo...
Ainda o lixo
Segue o debate sobre o destino do nosso lixo, iniciado na coluna da última segunda-feira. Com a palavra, o leitor:
Como ex-ativista ambiental na década de 1990 e admirador de José Lutzenberger, estou aqui pensando no que posso fazer, ou provocar, que seja minimamente de impacto na nossa cultura descartável. Enfim, algo do que estamos observando talvez seja apenas um sintoma de como, coletivamente, estamos nos descuidando do nosso ambiente interior.
Marcello Lacroix - INFORME ESPECIAL
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