09 DE FEVEREIRO DE 2023
ARTIGOS
AMERICANAS: CULPAS E OPORTUNIDADES DESENVOLVIMENTO E ACESSOS ASFÁLTICOS
As consequências da crise deflagrada pelas revelações sobre o rombo da Americanas terão desdobramentos, até agora invisíveis. Não se trata aqui de pessimismo ou de otimismo, mas dos efeitos naturais de um evento dessa magnitude. Depois do susto e dos impactos imediatos, surgirão novos riscos e oportunidades. Não será surpresa se, na abertura do ano legislativo, em Brasília, parlamentares fizerem fila para protocolar projetos recheados de promessas de moralização, transparência e controle, muitos bem-intencionados, mas de eficácia duvidosa.
A velocidade é importante. A pressa, não. Quando uma organização do tamanho da Americanas sofre um abalo gigantesco, vemos, logo, análises catastróficas, questionando e condenando os marcos legais existentes e as ferramentas de gestão utilizadas pelas empresas bem-sucedidas. Não foram a governança e as leis que falharam. Foi sua aplicação.
Como em quase todas as crises, essa nos oportunizará reflexões sobre melhorias e avanços, apesar da lastimável desagregação de valor. Um dos pontos a serem repensados é a atuação dos conselheiros e dos conselhos. A independência passará, com certeza, a ser mais valorizada e compreendida como um ativo e não como uma ameaça. Também a forma de atuar das empresas de auditoria, que cumprem um papel fundamental, será revista, com perspectivas de evolução inadiáveis.
Enquanto isso, as ondas de choque continuarão a espalhar seus efeitos. O mais nocivo deles é a degradação ainda maior de um ativo fundamental para o bom funcionamento da sociedade: a credibilidade. Trata-se de um fenômeno global na política, nas relações pessoais e de trabalho. Alcançou agora, aqui no Brasil, empresas e pessoas, até então, acima de qualquer suspeita. Mas também isso, se agirmos de forma enérgica e construtiva, passará. O saldo será, no fim, positivo, se soubermos, concreta e simbolicamente, lidar com o tombo bilionário.
A vida dos gaúchos moradores de municípios ainda sem acesso asfáltico não tem sido nada fácil há décadas. Antes de tudo, preciso deixar claro que é um verdadeiro absurdo, em pleno século 21, essa ser uma realidade para 47 cidades do Rio Grande do Sul.
Para se ter uma ideia da complexidade do desafio, somente o acesso a Garruchos deve custar cerca de R$ 130 milhões aos cofres do Estado. Para entrar ou sair do município, é necessário percorrer 58 quilômetros de estrada de chão na ERS-176. Por lá, a pavimentação é esperada há mais de 30 anos.
Diante desse cenário, somente com um amplo e rigoroso processo de gestão e, claro, articulação com as mais diferentes comunidades regionais conseguiremos alcançar os resultados de que tanto precisamos para virar o jogo.
Estrada sem pavimentação e segurança representa atraso econômico, freia o desenvolvimento e coloca em xeque nosso bem mais precioso: a vida. Em 2019, quando assumimos pela primeira vez a Secretaria de Logística e Transportes, tínhamos 62 municípios com acessos somente por trechos de chão batido.
Desse total, já concluímos 15 acessos asfálticos, mas há outros 17 em obras, 12 para começarem neste ano e outros 18 que estão em fase de atualização de projeto e aguardam definição de recursos para serem iniciados.
Na última gestão do governador Eduardo Leite, foram investidos mais de R$ 230 milhões com recursos do caixa do Estado nos acessos. A cifra é duas vezes maior do que a que foi investida nos últimos 10 anos.
Portanto, avançamos muito nessas entregas, mas é preciso acelerar para zerar essa lista o quanto antes. Nesse sentido, agora que reassumimos a pasta, o compromisso do governo do Estado é objetivo: até 2026, termos 100% dos acessos concluídos ou em fase de conclusão, com, no mínimo, 80% desses acessos finalizados, entregues à sociedade gaúcha.
E os outros 20%, se não estiverem totalmente concluídos, têm de estar em obras. Metas ambiciosas, é verdade, mas necessárias como nunca. Vamos seguir trabalhando muito para melhorar a vida das pessoas.
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