Talvez seja hora de "aposentar" a ponte pênsil Uma miss na Marquês de Sapucaí
Primeira mulher negra a conquistar a faixa de Miss Brasil, em 1986, a gaúcha Deise Nunes (foto) brilhou no Carnaval do Rio de Janeiro na madrugada do último domingo.
Rainha da bateria da União da Ilha do Governador por 16 anos, a diva voltou à Marquês de Sapucaí no carro abre-alas da escola, como a coluna já havia adiantado, com um traje especial, desenhado pelo carnavalesco Cahê Rodrigues.
- Foi um momento lindo e emocionante. E ainda fui homenageada pela atual rainha da bateria. Ela usou uma releitura da fantasia que vesti no primeiro ano em que saí na escola, em 1989 - conta Deise.
Integrante da Série Ouro (grupo de acesso), a União da Ilha tenta retornar ao Grupo Especial. O samba-enredo deste ano foi um tributo ao centenário da Portela.
Gaúchos e catarinenses acordaram em sobressalto, ontem, com a queda da ponte pênsil entre Torres, no RS, e Passo de Torres, em Santa Catarina. A estrutura sobre o Rio Mampituba cedeu, derrubando gente e deixando, até o fechamento da coluna, um jovem desaparecido. O acidente, em um cartão-postal do Estado, merece reflexão.
Segundo relatos de testemunhas, uma festa de Carnaval transcorria no lado catarinense, e os foliões deixavam o evento. Muitos atravessavam o pontilhão, inclusive pulando e balançando a passagem. Há a suspeita de que o número de transeuntes superasse o limite máximo permitido de 20 pessoas.
E a manutenção? Registros nos sites das duas prefeituras sugerem que o serviço era frequente. O último deles, com o restauro de cabos, foi noticiado pela administração catarinense em 14 de janeiro de 2023.
Tudo leva a crer que o rompimento pode ser resultado de excesso de peso. É possível que as pessoas não tenham dado atenção ou simplesmente não tenham visto os avisos nas placas alertando sobre a capacidade estrutural.
Mas será que a sinalização existente era suficiente? Os usuários tinham noção real do risco? A ponte era de fato segura? E a fiscalização?
Os prefeitos admitiram a ausência de controle no local, por um motivo óbvio: as pessoas deveriam obedecer as placas. Em um país civilizado, seria assim. Infelizmente, vivemos em um lugar onde nem os semáforos são respeitados. Agora, fala-se em suspender a circulação em dias festivos. Será o bastante?
Posso estar errada, mas, talvez, tenha chegado a hora "aposentar" a velha ponte, já que há uma passagem de concreto a cerca de 500 metros dali. Por fazer parte da memória afetiva de moradores e veranistas, a travessia poderia, quem sabe, ser preservada para fins históricos e de contemplação.
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