PERIGO À VISTA
O pacato e ordeiro dia a dia de cada um de nós no Brasil está sob ameaça de um esdrúxulo "exército privado", que tem em seu poder perto de 3 milhões de armas. Como se não bastasse o horror do crime organizado e do narcotráfico, nos últimos quatro anos, cresceu assustadoramente a quantidade de armas em poder de caçadores, atiradores e colecionadores, os chamados CACs, como adverte o Instituto Sou da Paz, baseado em dados oficiais.
Durante a gestão Bolsonaro, o governo facilitou o acesso a armas e munições, inclusive com isenção de taxas de importação, algo que não ocorreu sequer com medicamentos.
Em 2018, havia um total de 1,3 milhão de armas em mãos dos CACs. De 2019 a 2022, uma série de decretos, portarias e instruções normativas fez com que, em janeiro de 2023, houvesse 2 milhões e 950 mil armas em poder dos CACs.
As novas regras possibilitaram comprar ou importar armas potentes, como fuzis. Por sorte, não se permitiu comprar canhões?
Já na campanha eleitoral de 2018, Bolsonaro tornou público seu apego às armas. Era comum que, em comícios, imitasse um fuzil com o braço direito e os dedos. Ou pregasse armar a população para se defender de eventuais assaltos. A segurança de todos deixava de ser função do Estado para passar a algo pessoal. Até uma simples discussão no trânsito poderia redundar em morte, bastando que o "ofendido" tivesse um revólver.
Os números falam por si: em 2018, os CACs adquiriram 59 mil armas. As compras cresceram rápido com Bolsonaro - 78 mil em 2019 e 125 mil em 2020. O ápice foi em 2022, com 432 mil novas armas compradas pelos CACs.
Nesse período, a compra de fuzis cresceu mais de 50% no Estado de São Paulo e 16% no Rio de Janeiro. Não se revelaram dados do Rio Grande do Sul.
Nos Estados Unidos, onde comprar armas é tão fácil como comer um hambúrguer, acentuam-se os ataques a tiros em escolas e até hospitais, com mortos e feridos.
Permitiremos isso aqui?
Agora é Carnaval. Nenhuma folia, porém, se equipara ao carnaval do senador Hamilton Mourão nos gastos com o tal cartão corporativo quando vice-presidente da República. Gastou R$ 3,8 milhões em quatro anos, boa parte em alta gastronomia. Tão só no mercadinho gourmet La Palma, em Brasília, gastou R$ 311 mil.
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