terça-feira, 14 de fevereiro de 2023


14 DE FEVEREIRO DE 2023
OPINIÃO DA RBS

À ESPERA DE TRANSPARÊNCIA

Age de forma equivocada o governo gaúcho ao evitar informar a situação das escolas estaduais que teriam prioridade para passar por reformas. A transparência é um dos princípios norteadores da gestão pública e foi o próprio Executivo que prometeu apresentar à sociedade os dados agora cobrados. No início de janeiro, na cerimônia de recondução ao cargo, a secretária de Educação, Raquel Teixeira, anunciou a realização de obras em 28 colégios com problemas estruturais considerados graves, com a expectativa de finalização até 6 de fevereiro. O ano letivo começa na rede estadual na quinta-feira feira da próxima semana e não se sabem quais seriam estas escolas e qual o estágio das reformas, apesar dos questionamentos da reportagem de GZH ao Executivo.

Mais cedo ou mais tarde, com ou sem a colaboração espontânea do Estado, a realidade será conhecida. O esperado, portanto, é que o governo preste essas informações, mesmo que as projeções mostrem-se frustradas. Ontem, em resposta à colunista Rosane de Oliveira, que também tratou do tema, a Secretaria de Comunicação do Piratini disse que o plano de obras será anunciado "em tempo oportuno para que a sociedade gaúcha possa acompanhar".

Desde a campanha, após ser reeleito e depois de assumir o seu segundo mandato, o governador Eduardo Leite reitera que a prioridade do Piratini nos próximos anos será a educação. O compromisso passa também pela melhoria da infraestrutura de escolas. Muitas teriam de receber melhorias em quadras esportivas, espaços para atividades complementares e refeitórios, por exemplo, para receberem o ensino integral. Aumentar o número de instituições com turno e contraturno no Ensino Médio faz parte do pacote de promessas de Leite para a educação.

Ainda no primeiro mandato, o próprio governador reconheceu que o Estado, depois de longos anos em extrema penúria financeira, desaprendeu a tocar obras, amarrado pela burocracia. Mesmo com algum recurso para investir, prevaleceram os entraves da máquina pública até para pequenos reparos. Para tentar equacionar essa questão na área de ensino, foi anunciada uma reorganização interna das secretarias de Educação e Obras como forma de imprimir maior celeridade nas reformas nas escolas. Com a volta às aulas se aproximando, seria natural que o Estado informasse os primeiros resultados dessa iniciativa.

Acerta o governo ao priorizar a educação, área em que o Rio Grande do Sul tem muito terreno a recuperar. Foi positiva ainda a manutenção da secretária Raquel Teixeira, reconhecida nacionalmente como um quadro técnico qualificado e que se mostra empenhada em elevar o nível da aprendizagem no Estado. Estão em boas mãos questões pedagógicas e mecanismos de avaliação, por exemplo. Bons resultados, no entanto, não prescindem de salas de aulas e outros espaços físicos em boas condições para receber os alunos. Os problemas estruturais em escolas estaduais são notórios e conhecidos há um bom tempo.

Seria desejável o governo mudar a postura e prestar contas à sociedade gaúcha sobre o andamento das obras prometidas, eventuais entraves e medidas efetivas para contornar os gargalos. Como é um governo reeleito, não há o problema de descontinuidade administrativa, usualmente utilizado pelas novas gestões quando há alternância no poder. A transparência, é preciso reforçar, é dever dos gestores públicos.

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