quarta-feira, 7 de setembro de 2011



07 de setembro de 2011 | N° 16818
PAULO SANT’ANA


Cem anos do Brasil!

Não me chateiem. Respeitem pelo menos a minha remota soberania.

Não me chateiem. Olhem bem para mim. Não sou o tipo do sujeito que foi mais chateado nestes últimos 40 anos?

Esses dias, passei por um homem e ele me disse que sua esposa me amava e queria porque queria que eu fosse até sua casa, onde ela se encontrava naquele momento e iria certamente adorar a minha presença, iria tirar uma foto comigo, iria me pedir um autógrafo.

Eu disse ao homem que um dia eu passaria na casa dele e encontraria sua mulher.

Ele respondeu: “Nada disso, vou levá-lo agora mesmo até minha casa. Eu pago o táxi. Vamos!”.

Quer dizer, eu fiz Sorbonne de gente insistente.

Não sei se já contei. Eu estava outra vez na frente do Hotel Conrad, em Punta del Este, só se pode fumar na rua, não se pode fumar dentro do hotel, eu estava, é lógico, fumando.

Desceram de um ônibus 30 casais que participavam de uma excursão saída de Pelotas.

O primeiro casal que desceu do ônibus me avistou e homem e mulher disseram que queriam tirar uma foto comigo.

O segundo casal viu aquilo e também queria tirar uma foto. É incrível, mas os 30 casais de Pelotas insistiram para tirar foto comigo.

Eles queriam tirar fotos individualizadas. Eu disse: “Quem sabe todos se reúnem e batemos uma só foto?”. Nada disso, disseram, terminou eu tendo de posar para 30 fotografias.

Se cada foto durasse apenas um minuto, seriam 30 minutos, já imaginaram?

Ou seja, eu sou um cara curtido, escalavrado já na ciência de ser importunado.

Não me chateiem, respeitem ao menos a minha remota soberania.

Hoje é 7 de setembro de 2011. Completa cem anos hoje o Brasil de Pelotas.

Uma paixão centenária. Hoje, o Jornal do Almoço vai prestar uma homenagem especial ao Brasil de Pelotas. E eu estarei lá, porque um dia fui atraído por essa paixão milagrosa e me tornei xavante.

Não há torcida mais entusiasmada no Rio Grande que a xavantada.

Só as torcidas da dupla Gre-Nal têm mais número que a torcida xavante.

Mas a maior e mais entusiástica torcida do Interior é a do Brasil de Pelotas.

Várias gerações de gaúchos já vibraram nestes cem anos do Brasil, correram atrás do time, lotaram de amor o Bento Freitas.

Não há paixão igual à do Brasil. Ela contém uma força estranha, um sopro no coração inexplicável.

No dia do centenário do Brasil de Pelotas, Porto Alegre e o Rio Grande se curvam diante do Xavante, quando esta coluna deseja a todos os seus torcedores e dirigentes muitas felicidades junto ao rubro-negro do nosso coração.

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