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segunda-feira, 6 de junho de 2011
06 de junho de 2011 | N° 16722
PAULO SANT’ANA
Os que nos fazem falta
Só agora vejo, com a morte do colega Olyr Zavaschi e o fechamento da Lancheria Joe’s, o quanto se misturam em nosso arsenal afetivo as pessoas e os pontos comerciais.
O Olyr trabalhava aqui na minha sala da Redação, sentado defronte a mim.
Ele era uma referência cultural aqui no jornal. Qualquer dúvida histórica ou filosófica que se tivesse, qualquer confusão cronológica que se estabelecesse, o Olyr resolvia para a gente.
Interessante é que as enciclopédias e a internet por vezes não são suficientes para esclarecer nossas dúvidas, é necessário o saber humano para nos tirar da escuridão.
E o Olyr era o nosso farolete. Nós o usávamos para tudo, a sua presença aqui na sala era suficiente para que ficássemos tranquilos, se surgisse a dúvida, o Olyr paciente e atenciosamente nos solucionaria.
Eu fico olhando agora para a cadeira vazia do Olyr aqui na sala. Seria idiotice que eu fosse exigir que as pessoas ou eu não morrêssemos.
Mas é que eu tola e delirantemente preconizo que as pessoas que se amem deveriam morrer todas juntas, a fim de que não sofressem os que sobrevivessem.
É muito fortemente dolorida aquela cadeira vazia do Olyr aqui na sala. Eu penso que, quando morrem os nossos amigos, nós nunca mais seremos os mesmos, viveremos perpetuamente descontados.
Que saudade, Olyr, toda vez que nós chegarmos à Redação!
E que grande falta vamos sentir de ti toda vez, a toda hora, que precisarmos tirar alguma dúvida essencial.
Pois é, mas exatamente no dia da cremação do Olyr recebemos a notícia de que estava sendo fechada definitivamente a Lancheria Joe’s, na Rua Ramiro Barcelos.
Quase todos os dias eu ia lá, atrás do meu bauru com bacon e o meu milkshake de creme.
Foram dezenas de anos me deliciando com meu lanche, o mesmo acontecia com multidões de pessoas que para lá acorriam ansiosas por seus sanduíches, cachorros-quentes e sucos. Eles tinham uma garantia de qualidade.
E lancherias como o antigo Matheus da Rua da Praia e agora o Joe’s, quando se vão, tem-se a certeza de que nada igual a elas surgirá.
Elas são imbatíveis, insubstituíveis.
Mas o Joe’s tinha um carisma especial. Ficava junto ao Colégio Bom Conselho, ao Hospital Moinhos de Vento, as pessoas marcavam encontro no Joe’s.
Era um ponto humano da cidade.
Eu fiquei meio torto agora que fechou o Joe’s: quando voltar meu paladar, terei de eleger algum lugar que o substitua. É difícil.
Há pontos comerciais que são como as pessoas: quando morrem, resta-nos só a saudade da reminiscência para confortar-nos.
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