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segunda-feira, 6 de junho de 2011
06 de junho de 2011 | N° 16722
L. F. VERISSIMO
Bananas
Li que a família de Jacobo Arbenz lançou uma campanha para recuperar o seu nome, na Guatemala. E nós com isso? Nada. Só que tive um assomo de nostalgia ao ler a notícia, por uma época em que a história era mais simples e seus vilões e vítimas mais facilmente identificáveis. Talvez só na Guerra Civil Espanhola se soubesse, com a mesma nitidez, qual era o lado “bom” de uma questão – antes, claro, dos nazistas surgirem como os bandidos indiscutíveis do século.
A Guatemala era o protótipo da “banana republic”. Sua dona era a americana United Fruit Company, que lá mantinha não só vastas plantações de bananas, mas grandes extensões de terra ociosa, como investimento e como garantia para futuras expansões.
O domínio da United Fruit sobre a política e a economia da Guatemala trazia escasso proveito social para o país. Jacobo Arbenz foi eleito livremente prometendo uma reforma agrária que fatalmente atingiria as propriedades americanas.
A United Fruit tinha notórias ligações políticas e um ativo lobby em Washington, e não foi difícil, com a Guerra Fria esquentando, convencer o presidente Eisenhower de que Arbenz significava um regime comunista no quintal dos Estados Unidos.
A CIA foi autorizada a intervir e derrubou Arbenz com menos pudor do que mostraria em intervenções futuras, na mesma zona – como em San Salvador – e no resto da América Latina e do mundo. O golpe ficou como um exemplo clássico, sem disfarces e sofismas, do neocolonialismo cru em ação. Os disfarces, os sofismas e a retórica geopolítica viriam depois. No caso da Guatemala, era um povo contra a prepotência dos bananeiros. Simples.
Uma das consequências do golpe pró-United Fruit e da instalação de um regime apoiado pelos americanos foi uma sangrenta guerra civil que durou mais de 30 anos, com diversos grupos lançando-se na clandestinidade, milhares de mortos e atrocidades de lado a lado.
O fato da família de Arbenz estar buscando sua reabilitação indica que na história oficial do país ele ficou como vilão, não como vítima. Já a United Fruit não teve nada a ver com a história. Aliás, nem existe mais. Seu simpático nome agora é “Chiquita Brands” e seu produto principal a “Chiquita Banana”.
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